30 outubro 2007

CARTA AOS COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS DE LUTA


Por Dannyel Lopes de Assis

A tradição de esquerda preconiza que toda decisão política que interfira nos caminhos percorridos pela militância, individual ou coletiva, seja registrada como forma de fomentar o debate e delimitar os parâmetros da avaliação futura. Neste caso, minha decisão de filiar-me ao Partido dos Trabalhadores merece o registro dos motivos.


Com certeza minha decisão surpreenderá pessoas próximas a mim, mas desde já alerto: enganam-se àqueles que acreditam ser esta uma decisão irrefletida e casuística. Meu relacionamento com o Partido dos Trabalhadores, em especial com os companheiros do diretório de Maringá, dá-se a pelo menos cinco anos. Neste período, marcado por um forte questionamento de minhas posições, foi ficando cada vez mais evidente as identidades (e diferenças) de minhas convicções para com a dos companheiros e companheiras do PT quanto a método e estratégia. Hoje, após esse processo muitas vezes doloroso, posso afirmar que existem mais identidades do que diferenças frente as posições do partido. Logo a decisão que anuncio não é nenhuma brusca ruptura, mas uma consumação.

MINHA HISTÓRIA

Comecei minha vida política no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU no ano de 1995 e permaneci até o ano de 2001 enquanto militante. Atuei no setor de juventude, primeiramente, ajudando a organizar o grêmio estudantil do Colégio Juscelino Kubitschek de Oliveira e, posteriormente, no DCE-UEM.


Construí neste período minha opção pela classe trabalhadora; minha confiança na infinita capacidade do ser humano em superar suas limitações; a convicção na necessidade da construção de um partido classista, democrático e de massas; que seja um instrumento de transformação social, capaz de organizar os oprimidos contra seus opressores a fim de construir uma sociedade mais justa e igualitária, em que homens e mulheres alcancem a mais plena liberdade, em todos os sentidos que este termo possa significar.


Durante a execução das atividades do PSTU conheci pessoas maravilhosas que muito contribuíram em meu caráter. Sem sombra de dúvida, ter conhecido minha companheira, Francieli Bonato, foi a mais grata contribuição. No entanto, não poderia deixar de citar a influência de Sergio e Edmilson quanto à disciplina e construção partidária; Diego e Inês quanto formação teórica e as deliciosas discussões sobre os escritos de Marx, Lênin e Trotski; assim como Laura e Rosangela quanto a difícil relação indivíduo e organização partidária.


Através do PSTU conheci companheiros valorosos que deram, neste período, significativa contribuição para o movimento estudantil de Maringá, e do Paraná, companheiros como Marcela, Rogério, Ana, Pierre, Junior, Diego, Fernando, Rodrigo, Luciana, Fabiana, Jaqueline, Marcelo, Ottacilio, Cleber, Cleiton e Bianco. Ao lado deles tive experiências que sobrepujaram em grandeza meus anos de academia. Vencemos as eleições do DCE de 1999/2000 e nos reelegemos em 2000/2001, colocando para fora uma corja de gangsteres que controlavam o movimento estudantil da UEM. Participamos decisivamente na construção das greves nas universidades estaduais do Paraná, nos anos de 2000 e 2001/02, onde pude verificar a viabilidade da ação direta por parte dos trabalhadores na ocupação da reitoria, no cancelamento do vestibular e na ocupação da radio universitária. Auxiliamos na reconstrução sindical do Sintemmar. Lutamos bravamente contra a privatização da Copel, chegando a ocupar a Assembléia Legislativa do Paraná, impedindo temporariamente a vergonhosa votação que autorizaria o executivo a vender o patrimônio do Estado. Sofremos juntos com o acidente do microônibus da UEM, sobre o rio Ivaí, ao qual levou a morte nosso querido “Cantagalo”. Marchamos justo sobre Brasília na famigerada “Marcha dos 100 mil”.


Enfim, tenho um apreço inestimável por este período, considero-o um patrimônio de minha vida ao qual credito minha formação enquanto militante político e enquanto pessoa.

PORQUE SAIR?

Apesar da história que tenho no PSTU, ao qual me orgulho sobremaneira, minha saída vem sendo refletida a algum tempo, objetivamente desde minha experiência no governo do saudoso José Cláudio. Atuar no governo municipal permitiu-me identificar as contradições de classe inerentes ao Estado, as relações de poder e hegemonia, as vicissitudes existentes na relação entre os poderes, mas principalmente permitiu-me identificar uma importante contradição na prática política do PSTU, qual seja, a negação da possibilidade de obtermos avanços importantes para os trabalhadores dentro dos marcos institucionais do capitalismo.


Grosso modo, a minha militância no PSTU orientou-se principalmente por alguns princípios: o centralismo democrático, como forma de organização partidária; o programa de transição e a frente classista de esquerda, como pressuposto tático para a atuação política e sindical, e por fim, a revolução (socialista) permanente, como marco estratégico. O intuito final é transformar o partido em uma organização de massas que possa incidir sobre os rumos do movimento social. A combinação desses pressupostos leva o militante a constantemente buscar a mobilização das massas para a ação direta. Tendo o partido a tarefa de encontrar palavras de ordem que permitam mobilizar os trabalhadores a partir das contradições da realidade cotidiana.


Observei que esse processo tornara-se circular, a cada nova palavra de ordem construída faz-se necessário outra, levando a que muitas análises tornassem-se simplistas e formatadas dentro de um modelo pré-concebido de crítica. Particularmente, isso me incomodou quando do início do governo Lula as críticas oriundas do partido eram por demais duras ao um governo recém empossado! Com o tempo, minhas diferenças com o partido foram ficando mais nítidas principalmente a partir das críticas feitas por este ao Programa Fome Zero, ao Bolsa Família, ao PROUNI, aos argumentos para a ruptura com a CUT e UNE, e, por fim, no comportamento assumido no processo eleitoral de 2006, nem tanto pelo PSTU, mas pela frente classista formada juntamente com o PSOL e PCB, ao qual, na minha avaliação, assumiu uma postura, no mínimo, infantil frente à Lula, concentrando-lhe todos os ataques e arrefecendo a crítica ao inimigo comum expresso na candidatura Alckmin. Uma crítica moralista ao PT, muito bem utilizada pela mídia, em que me lembrou muito o debate entre Bakunin e Marx sobre a atuação parlamentar dos partidos da 1ª Internacional. Definitivamente a crise de 2005 e as eleições de 2006 foram marcos importantes na minha decisão, pois não encontrava mais ressonância entre minhas opiniões e as posições do PSTU.


Considero que a base dessa contradição está no método de como o PSTU opera a tríade centralismo democrático – programa de transição – revolução permanente dentro de uma concepção ortodoxa de militante/partido, classe trabalhadora, frente classista e revolução socialista. Não querendo exaurir este tema, (que é o debate deste século para a esquerda), mas a ortodoxia do partido leva a uma lógica dicotômica em que somente com a ruptura do sistema capitalista, pelos trabalhadores, poder-se-ia ter avanços sociais consistentes. Qualquer avanço fora desses marcos seria fugaz. Há uma desconsideração, de importantes avanços obtidos dentro dos marcos da institucionalidade tais como o próprio Plano Real! Não admitir concretamente a possibilidade de avanços, sem necessariamente por meio da ruptura, leva o partido a se distanciar dos trabalhadores e explica, em parte, o fato de em 10 anos o PSTU não conseguir ampliar seus quadros dirigentes e não conseguir ter bom desempenho eleitoral.

PORQUE ENTRAR?

Como disse anteriormente minha decisão de ingressar no PT se consolidou no biênio 2005/2006. Na época, muitos companheiros, inclusive do PT, avaliavam que era tático impor uma derrota no 1º turno ao grupo hegemônico do governo, com o intuito de mudar os rumos e aprofundar avanços para a classe trabalhadora. Concordei com o princípio da tática, mas rapidamente percebi que seria extremamente arriscado: a reorganização dos setores mais reacionários do país junto à candidatura Alckmin, auxiliados por uma imprensa tendenciosa, poderia por em risco todos os avanços obtidos até aquele momento.


Além disso, pareceu-me bastante claro que a campanha de Heloisa Helena não visava à construção de uma alternativa ao PT, um novo partido com características de massas que recuperasse o melhor da tradição de esquerda construída pela classe trabalhadora brasileira, ainda muito expressa no PT, mas antes, tendia a ser uma campanha de diferenciação tendo como um dos objetivos principais a manutenção política de algumas personalidades públicas nacionais. Sinceramente fiquei extremamente decepcionado com a concepção do PSOL. Sempre tive a avaliação de que só valeria a pena sair do PT, no meu caso do PSTU, caso fosse possível fundir as organizações não petistas em uma única grande organização. Uma organização que se tornasse símbolo e referência aos trabalhadores, expondo métodos e concepções políticas diferentes sobre a estratégia comum de construir o socialismo.


Estava, portanto, numa situação em que não me identificava com o PSTU, nem cofiava no formato de construção do PSOL, meus olhos voltaram-se então para o PT. Este foi um momento difícil, estava na memória recente a crise de 2005, do “mensalão”, do caso “Waldomiro Diniz”, do dinheiro na cueca e de toda odisséia “hollywodiana” que marcou a 2ª metade do governo Lula. No entanto, percebi que toda a crítica ao PT, inclusive a feita pelos companheiros que construíram o PSOL, fundamentava-se basicamente na análise do comportamento individual das lideranças do PT. Nos erros de conduta desses dirigentes, mas não tinham uma crítica de fundo sobre o processo ao qual o Partido dos Trabalhadores passava. Uma crítica pautada pelos humores dos editoriais da grande imprensa.


Iniciei minha reflexão sobre aquela crise com a proposta de não cair na armadilha moralista do bem contra o mal, buscando entender toda aquela efervescência como um processo único. Compartilho da avaliação de muitos que parte da crise foi um efeito midiático. Produzido pelos meios de comunicação para desgastar o governo e o PT. Objetivamente, os ataques orquestrados pela mídia não tinham o intuito apenas de desgastar o governo Lula, mas antes de desmoralizar o PT enquanto organização. Caso obtivesse sucesso em sua empreita, a burguesia brasileira não teria apenas acabado com o governo Lula, mas com um importante marco da classe trabalhadora.


Contudo essa explicação não é completa. Cabe levar em conta o processo político brasileiro, a relação incestuosa entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, em que a formação de maiorias no parlamento se dá, muitas vezes, a partir do atendimento de favores privados. Esse viés clientelista de nossa política é muito forte e historicamente construído, no entanto deve ser relativizado. Democracias mais maduras, como a estadunidense, institucionalizaram a figura do “mensalão” na forma de atuação dos lobistas e dos fundos de campanha. Para tanto basta ver como atuam as indústrias armamentista, do tabaco, da bebida, nos EUA na defesa de seus interesses junto aos “congressistas americanos”, financiando suas campanhas com generosas contribuições aos seus fundos em troca de contratos não menos generosos.


Neste sentido, minha conclusão fundamental foi: o PT foi julgado por jogar o jogo, o jogo da institucionalidade. Não estou eximindo o PT de uma avaliação criteriosa de seus erros, nem inocentando condutas individuais duvidosas. Nem tão pouco defendo a prática do realpolitik na ação institucional de um partido operário. Apenas estou contextualizando a atuação do PT, evitando uma crítica moralista e hipócrita cujo único objetivo é responsabilizar o partido por uma crise estrutural da política brasileira. Posso dizer que este processo de entendimento da crise me fez sentir vontade de defendê-lo dentro de suas fileiras, ironicamente, enquanto muitos companheiros faziam o movimento de saída do PT e iniciava meu processo de entrada: definitivamente foi um processo de amadurecimento.

Avaliando os motivos que me levaram a tomar a decisão final de ingressar no PT, considerei principalmente o fato deste ainda ser um instrumento para a melhoria da condição de vida da classe trabalhadora. Essa concepção está referendada pelos trabalhadores nas eleições que, mesmo com uma campanha de desmoralização nunca vista, Lula venceu Alckmin. Caso ocorresse o contrário, não seria apenas Lula que teria sido derrotado, mas toda a classe trabalhadora. Logo o PT representa um elemento civilizatório de nosso capitalismo desigual e dependente. Um partido de massas que apesar de suas contradições concentra os melhores quadros políticos e intelectuais de nossa sociedade. Atualmente, não é possível pensar a (infante) democracia brasileira sem pensar no Partido dos Trabalhadores e sua relevante contribuição tanto para a democratização do país, quanto para a democratização da América Latina. Um partido que agora tenho orgulho de dizer que faço parte e, talvez, o mais importante patrimônio construído pela classe trabalhadora brasileira desde a consolidação do capitalismo em fins do século XIX.

QUAIS AS PERSPECTIVAS?

Ao ingressar no PT assumo a responsabilidade de buscar construí-lo como partido de massas, trazendo para suas fileiras os principais quadros dos movimentos sociais. Essa responsabilidade perpassa a buscar entender as contradições que hoje aflige o partido, seus dilemas, agindo sempre no intuito de mantê-lo na direção do referencial estratégico que é a construção do socialismo. Compreendo este marco estratégico como sendo a luta contínua pelo fim imediato da pobreza absoluta, a consolidação da mais ampla democracia popular no Brasil, a defesa pela autodeterminação dos povos, a contínua politização dos trabalhadores com a organização do partido em todas as camadas populares, a reorganização da militância e o combate à burocratização. Hoje, tenho dúvidas quanto a capacidade de efetivação da revolução socialista clássica nos moldes soviéticos, mas não tenho dúvidas sobre a possibilidade da revolução social, é preciso que partido esteja preparado para este momento definindo melhor seus parâmetros.

A princípio considero que a construção dessa revolução social passa necessariamente pela melhoria da condição de vida de nosso povo, com redução das desigualdades sociais. Passa por uma intransigente defesa da democracia com participação popular como instrumento de transição para a construção da democracia direta. Passa pela construção da organização dos trabalhadores assim como pela construção de governos populares que garantam a redistribuição de renda e redução da miséria (não se discute política com famintos, com famintos se mata a fome). Passa, enfim, pela construção de uma organização partidária sólida com clareza de seus princípios e estratégias. Nesta perspectiva, companheiros e companheiras petistas, tem-se muito trabalho por fazer.

28 outubro 2007

A arte revela a face conhecida para ser desvelada



Viu o filme Tropa de Elite? (1)

Um filme pode ser a reprodução do real, simplesmente. É ai que entra a genialidade – mostrar aquilo que um modelo de sociedade avestruz não quer ver e assumir.

Sei, o BOPE é a violência do Estado em seu estado absoluto. Sei, mas o que acontece no Rio não é o resultado da ausência do Estado via saúde, escola, serviços e até segurança? O Estado esteve presente por mais de 500 anos neste país para proteger os proprietários de algo. Isto resultou em quê? Em milhões sem nada ou quase nada. Sobreviver eles precisavam.

A ironia é que os mesmos que gozavam da segurança do Estado – A elite - passaram a consumir a matéria-prima que passou a sustentar a miséria que o Estado não retirou da miséria, ou o Estado não é pra isto? (3)

Assim é a Guerra: o resultado inevitável da acumulação de uns contra os outros. Quando o resultado esta posto e atrapalhando aí o jeito é enfrentar a guerra do jeito que ela é: violenta.
Lamento, mas Freira na Zona não converterá a totalidade.

Sei. Dirão muitos que a forma de reverter tudo isto é educar e viabilizar social e economicamente. Esta é a boa notícia, já estamos fazendo isto com mais de 15% da população que estava abaixo da linha da miséria saíram, só em 2006.

E o lado ruim? É que 500 anos de destruição de um povo não se muda em 8 anos. Enquanto isso o BOPE é uma outra frente para minimizar a ausência do Estado ou o Estado que se acostumou a lucrar com os dois lados – a corrupção.

Fico pensando na Lei da oferta e procura – tem produção de droga porque há consumo de droga. Lei bem antiga que inclusive foi aprimorada pelos Ingleses. Dizia Marx:
“Quaisquer que sejam as causas que têm determinado as revoltas crônicas destes últimos dez anos na China, revoltas que hoje estão confluindo para uma gigantesca convulsão, qualquer que seja a forma que esta venha a revestir - religiosa, dinástica ou nacional - ninguém duvida que o seu motor são os canhões ingleses, que impõem à China a droga suporífera chamada ópio”. Artigo publicado no New York Daily Tribune de 14 de Julho de 1853. (Ver 2)

Exatamente, quando o mundo capitalista não conseguia equilibrar a balança comercial com a China, a Inglaterra procurou popularizar uma droga usada em cerimônias religiosas na China onde apenas o sacerdote usava o ópio (como os Padres com o Vinho) e passou a realizar sua comercialização plantando em países vizinhos. A assim obtiveram lucro já que para a China no século XVI e XVII, não tinha nenhum interesse econômico nos bárbaros europeus.
Conclusões antigas: os ingleses são os primeiros grandes traficantes; quando não há mercado por não haver necessidade do consumo de algo, se cria mercado e necessidade; o que importa é o consumo ainda que isto represente a destruição de pessoas.


Novas conclusões: quando o Estado se ausenta da função melhoria das condições da população e de enfrentamento dos desvios e atalhos da burocracia o crime organizado assume a dianteira seja dentro ou fora do aparelho de Estado.
Então, enquanto não houver solução pacífica imediata e de curto prazo – as que conhecemos são de longo prazo – o BOPE será uma realidade tão dura e cruel quanto o crime sustentado pela própria sociedade.

(1) “Viu o filme Tropa de Elite? A repercussão sobre ele está violenta, tanto quanto o filme. Mas o que me deixa triste, é ver que invariavelmente as pessoas correm para tomar posições mais fáceis. "A Culpa é do Traficante", "A culpa é do Playboy consumidor", "A culpa é do sistema". Todos têm sua parcela de responsabilidade e interesse. Tem gente usando as teorias de comunicação massiva da escola de Frankfurt, pra justificar se o filme é o não é fascista. Olha pra que caminhos essa gente vai? Ao invés de pensar na construção de uma obra de ficção que chama o debate para o real...” Autor conhecido e querido!



(2) “Em meados do século XIX a Inglaterra era a potência européia mais desenvolvida. Por isso exigia, para a colocação de seus produtos, mercados cada vez maiores. A China e a Índia, extremamente populosas, exerciam forte atração sobre os mercadores ingleses. Mas enquanto a Índia comerciava abertamente, a China não demonstrava interesse algum pelas mercadorias européias. Os produtos chineses, tais como a seda, o chá e a porcelana alcançavam bons preços na Europa, mas os produtos europeus não conseguiam entrar no mercado chinês. Esse comércio era pouco rendoso para a Inglaterra. Apenas um produto interessava particularmente aos chineses: o ópio, narcótico extraído da papoula, que produz efeito adormecedor sobre cérebro. Os ingleses cultivavam o ópio na Índia e vendia-o em grandes quantidades na China. Entre 1811 e 1821, o volume anual de importação de ópio na China girava em torno de 4.500 pacotes de 15 quilos cada um. Esta quantidade quadruplicou até 1835 e, quatro anos mais tarde, chegou a ponto de o país importar 450 toneladas, ou seja, um grama para cada um dos 450 milhões de habitantes da China na época”.



(3) Uma pesquisa divulgada na tarde desta terça-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que 62% dos consumidores declarados de drogas no País pertencem à classe A.Este segmento representa apenas 5,8% da população brasileira. O estudo mostra ainda que 85% dos usuários são brancos, grupo que compõe 53% da população total no Brasil. Os dados levantados indicam que 86% dos consumidores declarados de drogas têm entre 10 anos e 29 anos. Entre os pesquisados que se declararam usuários de drogas, 99% pertencem ao sexo masculino. O estudo mostra ainda que 30% dos usuários freqüentam a universidade, contra apenas 4% da população brasileira. A maioria dos usuários declarados de drogas, no entanto, freqüentam o Ensino Médio (54%). A pesquisa "O Estado da Juventude: drogas, prisões e acidentes" utilizou como instrumento a pesquisa mais atualizada de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o dado de quem se declara consumidor declarado de drogas deve ser interpretado como resultado da interação entre as despesas com drogas e a propensão a declará-la. O estudo da Fundação Getulio Vargas levou em conta quatro tipos de droga: maconha, cigarros de maconha, lança-perfume e cocaína.

23 outubro 2007

Notícia do dia. Requentada como o diabo que a cria

Consumir-se em consumado fato
Entregar-se ao malfadado no ato
Deixar-se perder por aflição
Faria o que de si não fosse a provisória ilusão?

Vertendo um sangue de outra classe na veia
Fina enfastiada deixo-a inda mais paupérrima
Famigerada e açulada sanha subindo
Ruelas trocadas por elevadores e sacadas

Dão cobertura às coberturas
Aos flats engordurados de pó
Empoeirados de fumaça
Enfumaçados de brilho

Em brilhantes bizarrices desatinadas chafurdam
Ao vulgo as pechas da violência emprestam
Não julgo que se pejem, que nada prestam...
Nem justiça alguma os julga – que ainda a comandam

São quem fazem a cegueira dela
E não se ferem com a própria espada
Balança aferindo e conferindo fardos
Esparramados em pó por becos e ruelas

As burras tantas cheias e fartas
A falta do que ter revolta e assalta
A fome besta não matará
Que tem a canga por sobre a cabeça

Outros cantos de outubro ainda virão


Adroaldo Bauer


----
Terra – 23.10.2007
Uma pesquisa divulgada na tarde desta terça-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que 62% dos consumidores declarados de drogas no País pertencem à classe A.
Este segmento representa apenas 5,8% da população brasileira.
O estudo mostra ainda que 85% dos usuários são brancos, grupo que compõe 53% da população total no Brasil. Os dados levantados indicam que 86% dos consumidores declarados de drogas têm entre 10 anos e 29 anos. Entre os pesquisados que se declararam usuários de drogas, 99% pertencem ao sexo masculino. O estudo mostra ainda que 30% dos usuários freqüentam a universidade, contra apenas 4% da população brasileira. A maioria dos usuários declarados de drogas, no entanto, freqüentam o Ensino Médio (54%). A pesquisa "O Estado da Juventude: drogas, prisões e acidentes", utilizou como instrumento a pesquisa mais atualizada de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o dado de quem se declara consumidor declarado de drogas deve ser interpretado como resultado da interação entre as despesas com drogas e a propensão a declará-la. O estudo da Fundação Getulio Vargas levou em conta quatro tipos de droga: maconha, cigarros de maconha, lança-perfume e cocaína.

17 outubro 2007

Yeda mentiu

Sinuca de bico.
A candidata a governadora do Rio Grande do Sul mentiu em campanha para se eleger.
A governadora do Rio Grande mente agora para escapar de promessas que a elegeram.
A governadora Yeda mentiu antes e mente agora, dizendo o contrário do que pensa para enganar.

Escolha quando, você mesmo:

Rosane de Oliveira: Ela disse e eu não esqueci
Aumento de impostos não estava nos planos da governadora na época de campanha

Fiquei impressionada com o que ouvi há pouco no Gaúcha Hoje: a governadora Yeda Crusius, que veio ao estúdio para responder perguntas de ouvintes, negou peremptoriamente que na campanha eleitoral tenha prometido não aumentar impostos.
— O que eu disse, foi que era possível aumentar a arrecadação sem aumentar impostos. E isso nós fizemos. Cobrimos aqueles R$ 700 milhões que o Estado perdeu com a mudança das alíquotas a partir de 1º de janeiro, mas tudo tem um limite. Eu nunca disse que não aumentaria impostos.
Com todo o respeito à governadora, disse sim. Disse em resposta a esta que vos escreve. E em mais de uma ocasião.
Na campanha eleitoral de 2006 entrevistei todos os candidatos no Polêmica especial da Rádio Gaúcha, no Conversas cruzadas da TVCOM e aqui na Zero Hora. Com todos abordei a crise das finanças públicas e as idéias que tinham para resolver o problema do déficit. Eu até me sentia repetitiva, mas considerava a pergunta fundamental. A todos lembrei que o tarifaço de Rigotto perdia a validade no final daquele ano e que isso significaria uma queda de R$ 500 milhões a R$ 700 milhões na arrecadação de ICMS.
Não vou me ater ao que disseram os derrotados, mas a economista Yeda Crusius se comprometeu, sim, a não aumentar o ICMS. Veio com a história do novo modelo de gestão, da nota eletrônica, de buscar o imposto onde o imposto está. Disse e repetiu que era preciso criatividade, que era economista e sabia como fazer. Que aumentar impostos era "o jeito velho de governar".
Antes mesmo de tomar posse Yeda tentou não apenas renovar o tarifaço de Rigotto, como aumentar outras alíquotas de ICMS. Cobrada por descumprir uma promessa de campanha, justificou-se dizendo que a situação das finanças tinha se agravado e apresentando o fim do tarifaço como uma surpresa, o que definitivamente não era.
A perda desses recursos estava expressa no seu plano de governo, aquele onde diz que a sociedade não tolera mais aumento da carga tributária.

02 outubro 2007

Roberta Sá, o país não é mais o mesmo.

Aqui vamos todos bem, Mãe. Nós estamos bem, mas nem todos neste país estão bem. Mãe, reconheço que alguns estão muito mal. Agora que venho para casa ao meio-dia almoçar com Vinicius, às vezes vejo um programa de esporte no canal 39 coordenado pelo tal Galvão Bueno.

Hoje, por exemplo, ele entrevistou o Técnico Dunga, que aliás, aproveitou para mostrar como se dirige uma seleção de futebol. Mas não é sobre isso que quero escrever.

No tal programa apareceu uma cantora, ou cantante como dizem nossos “hermanos” latinos: Roberta Sá. A mulher é até bonitinha, canta bem, mas é absolutamente analfabeta de Pai e Mãe.

A moça veio apresentar seu CD novo chamado “que belo estranho dia pra ter alegria” e lá pelas tantas disse:

- Notícia boa no Brasil é só na cultura ou esporte.

É burra ou analfabeta, não dá outra.

Minha impressão sobre a tal moça é que ela viajou para o centro da África em 2002 e ficou lá isolado do universo e voltou agora, saiu do avião e caiu lá no programinha do Galvão Bueno. Não leu nada, não ouviu nada, não falou com ninguém.

Eu acho que ela ainda acredita que o Presidente é o tal FHC ou pior. Coitada, enganou-se.

Depois que ela viajou na maionese ou para África Central, tanto faz, o Brasil mudou. Em 2003 a inflação era de 17% ao ano, hoje é 4,24%; os juro era 26% hoje é 11%; o risco Brasil era 2400 pontos, hoje é 162 pontos, o dólar agora é R$ 1,82; 15% da população que estava abaixo da linha da miséria saiu de lá e mais, pasme, 1 de cada 4 pessoas do Paraná que estavam abaixo da linha da miséria, saíram de lá.

Pior, Mãe, o Mundo viveu uma crise imobiliária, bolsas despencando e o Brasil passou batido, nada de problema ainda que a Rede Globo tivesse torcido para que os efeitos da tal crise afetassem a economia do país. E nada…

Assim não dá, fica difícil para a oposição, né, Mãe…

Nós vamos bem, mas os analfabetos políticos e desinformados vão mal, muito mal…

Digo mais, quando se lê na imprensa de que políticos são processados e colarinhos brancos são presos não são notícias ruins, ao contrária, agora tem polícia, tem vontade política em fazer justiça e imprensa interessada em divulgar.

Lembro que quando eu passava mais de 24 horas preso na Av. Paraná - na Polícia Federal de Porto Alegre - não havia nenhum repórter para divulgar se eu sairia vivo ou morto. Onde estava a imprensa naquela época? Escondida, com medo e nada dizia.

Beijos e Saudades.

Augusto