21 junho 2010

Mídia e Copa: o mundo reduzido ao futebol

Um amigo chama minha atenção para a cobertura “enviesada” que a grande mídia está fazendo, nestes dias de Copa do Mundo, do gigantesco vazamento de óleo provocado pela empresa “inglesa” Bristish Petroleum, no golfo do México.

por Venício Lima



Não existe melhor exemplo para expressar aquilo que o professor canadense Marshall McLuhan (1911-1980) denominou “aldeia global”, há mais de quatro décadas. A tecnologia tornou possível que as imagens da Copa do Mundo de Futebol estejam disponíveis em todo o planeta, ao vivo, simultaneamente.

Haverá outro evento midiático capaz de interessar e mobilizar tanta gente? No Brasil, quando está envolvida a “seleção canarinho”, já dizia com propriedade Nelson Rodrigues: é a pátria que está de chuteiras.

São trinta dias corridos, cerimônias de abertura e encerramento, 64 jogos ao vivo (124 horas), treinos, entrevistas, reportagens especiais, etc. etc. Duas redes abertas – a Globo e a Band –, os canais de esporte da TV paga e as demais emissoras (que não estão transmitindo os jogos), com programação especial. Só a Globo tem 300 pessoas na Copa: 220 profissionais que foram do Brasil e mais 80 terceirizados contratados na África do Sul. E, por óbvio, não é só a televisão, nem o rádio. Jornais e revistas também “entram no clima” da Copa.

Ademais, é neste dias que a predominância da lógica comercial da grande mídia se revela em sua dimensão plena. Além da “Jabulani” que rola, há muito dinheiro em jogo. E claro, o mundo da grande mídia parece reduzido ao futebol.


A British Petroleum

Um amigo chama minha atenção para a cobertura “enviesada” que a grande mídia está fazendo, nestes dias de Copa do Mundo, do gigantesco vazamento de óleo provocado pela empresa “inglesa” Bristish Petroleum, no golfo do México. Segundo ele, este pode ter sido o maior desastre ecológico do mundo. Todo o golfo poderá ter sua fauna e flora marinha comprometida de forma irreversível. E, no entanto, a grande mídia, não dá ao desastre a dimensão que ele deveria ter.

Primeiro, na maioria das vezes, a grande mídia se refere à British Petroleum apenas como “BP”. Estaria em andamento uma estratégia de RP para, escamotear de qual país é a empresa responsável pelo desastre ecológico?

Segundo, onde está o Greenpeace? Onde estão O Globo, a Rede Globo, a Folha, o Estadão, a CBN e seus “analistas políticos”, os "econômicos", os "apresentadores", as "ONGs", ambientalistas, verdes, igrejas, atores hollywoodianos? Onde estão todos que se manifestaram ruidosamente por ocasião do leilão da hidrelétrica de Belo Monte?

Terceiro, a grande mídia faz o jogo da Casa Branca, anunciando que o presidente Barack Obama “quer saber em quem ele tem que dar um chute no traseiro”, como se um acidente que é devastador para a humanidade pudesse ser resolvido dessa forma.

E por último, há comentaristas que tentam até mesmo trazer a questão para o Brasil insinuando que o desastre no Golfo do México “deve alertar os brasileiros para a exploração e prospecção da Petrobrás no pré-sal”.

Interesse público

Por óbvio, os problemas da cobertura do desastre ecológico provocado pela British Petroleum no golfo do México não ocorrem apenas em períodos quando a agenda midiática está inteiramente submetida à lógica comercial de eventos da proporção de uma Copa do Mundo. Nestes períodos eles apenas se acentuam.

Por isso – e apesar de todo o envolvimento histórico cultural que os brasileiros temos com o esporte bretão – nunca é demais lembrar que, mesmo em época de Copa, o interesse público vai muito além do entretenimento e o mundo não se reduz ao futebol.
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Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

15 junho 2010

Adroaldo Bauer lança segunda novela

O tráfico de drogas entranhado no poder de estado constitui O Império Bandido. A trama tem lances imprevistos e a vida comum de pessoas que quase conhecemos. A alegoria da ficção só perde em brilho pra vida real. Drama policial, a segunda novela de Adroaldo Bauer tem também personagens que amam de modo desprendido, ainda que a perfídia da vida bandida dispute página a página as relações da história.

O Império Bandido, 42 capítulos, 230 páginas, edição do autor com apoio da Proletra Editora e do Movimento Fala Brasil, será lançado em 15 de junho de 2010, às 19 horas, na Palavraria Livraria-Café, rua Vasco da Gama, 165, Bairro Bom Fim, Porto Alegre.

Escritor em prosa e verso, Adroaldo Bauer Spíndola Corrêa é técnico em comunicação social da Prefeitura de Porto Alegre, cidade em que vive há 57 anos. Jornalista, atuou na imprensa da capital em rádio, jornal e revista desde 1975. Colabora com o Jornal Fala Brasil, diversos sítios de cultura na Internet, onde edita o blog Retorno Imperfeito:
( http://retornoimperfeito.com.br )
Lançamento do livro de Adroaldo Bauer - O império Bandido
Edição do Autor, 42 capítulos, 230 páginas.
R$ 35,00
Dia 15/06/2010
Das 19 às 21 horas
Palavraria Livraria-Café
Rua Vasco da Gama, 165 - Bom Fim, Porto Alegre.

14 junho 2010

Eu, José qualquer digo: “Ninguém é tudo isso só. Mas algum pode ser tudo isso se é equipe.”

Artigo da atriz Fernanda Torres – “Eleições: o dom de iludir” Ver aqui!

Eu, José qualquer digo: “Ninguém é tudo isso só. Mas algum pode ser tudo isso se é equipe.”

Fernanda Torres escreve sobre eleições em 29 de Maio de 2010 via Folha de S. Paulo e perdeu a chance de se calar. Como comediante é muito boa, mas na política não passa do palco.

Ela afirma: “Hoje, o político ideal deve reunir o carisma de Sílvio Santos, a classe de Paulo Autran, a astúcia de Alexandre, o Grande, a retórica de Ruy Barbosa, o empreendedorismo de Antônio Ermírio, a responsabilidade do doutor Paulo Niemeyer, o desapego de Buda, a razão de Confúcio, a bondade de Cristo e ainda sair vivo da arena quando soltarem os leões famintos atrás da sua carne. Essa pessoa não existe. O político, portanto, tem que ter o dom de iludir”.

Boçal seria dizer que um ser humano seria tão completo. Nem mesmo alguém forjado na vida do nordeste e na surra diária do nordeste é candidato a político perfeito, mesmo com 84% de aprovação depois de 7 anos.

Ele é muito, de fato. É muito porque foi capaz de montar na diversidade um grupo que deu resultado a partir do básico: escolher o que somos e sair do lugar pela fora do grupo.

É evidente, Fernanda, que não há nenhum ser humano capaz de suprir todos os anseios de mortais de um país pobre. Mas, ainda que completamente imperfeitos, é possível definir uma equipe capaz de produzir políticas, fatos, resultados e instrumentos a partir da inteligência coletiva e não a partir do academicismo comprometido com a elite.

Lula não é Deus, não é candidato a Papa, é um brasileiro que usou sua sensibilidade para construir grupos que, a partir de compromissos populares assumidos ao longo de duas décadas e herdeiros de uma esquerda latina, distribuiu renda, descentralizou o poder via política pública, alimentou a população e disse, na prática, que só a população é capaz de salvar-se.

Então, dona Fernanda Torres, seja brilhantes entre os Normais, mas não queira ser mais do que normal na política.

Político é ser capaz de mostrar que os que estão ao seu lado sabem como fazer, que são inteligentes coletivamente. Fernanda, não SE ILUDA, admita que 8 anos mostraram de vivemos 500 anos na desgraça por absoluta incapacidade da elite lusa, britânica, norte-americana e da pretensiosa elite nacional, respectivamente.

02 junho 2010

Senhores que me envergonham:

Judeu identificado com as melhores tradições humanistas de nossa cultura, sinto-me profundamente envergonhado com o que sucessivos governos israelenses vêm fazendo
com a paz no Oriente Médio.
As iniciativas contra a paz tomadas pelo governo de Israel vêm tornando cotidianamente a sobrevivência em Israel e na Palestina, cada vez mais insuportável.
Já faz tempo que sinto vergonha das ocupações indecentes praticadas por colonos judeus em território palestino.
Que dizer agora do bombardeio do
navio com bandeira Turca que levava alimentos para nossos irmãos.

Vergonha, três vezes vergonha!

Proponho que Simon Peres devolva seu prêmio Nobel da Paz,
e peça desculpas por tê-lo aceito mesmo depois de ter armado a África do Sul do Apartheid.
Considero o atual governo de Israel e todos seus membros, sem exceção, merecedores por consenso universal do Prêmio Jim Jones por estarem conduzindo todo um país para o suicídio coletivo.
A continuar com essa política genocida nem os bons sobreviverão;
e Israel perecerá sob o desprezo de todo o mundo..
O Sr. Lieberman
[Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel]
que trouxe da sua Moldávia natal vasta experiência com pogroms,
está firmemente empenhado em aplicá-la contra nossos irmãos palestinos.
Este merece só para ele um tribunal de Nuremberg.
Digo tudo isso porque um judeu humanista não pode assistir calado e indiferente ao que está acontecendo no Oriente Médio. Precisamos de força e coragem para, unidos aos bons, lutar pela convivência fraterna entre dois povos irmãos.
Abaixo o fascismo!
Paz já!

Silvio Tendler
Cineasta