23 maio 2007

Nem GLOBO, nem Saramago


Ontem a Rede Globo, medíocre como sempre, não consegue interpretar as palavras de Saramago entrevistado por eles. Saramago disse que uma grande expectativa se colocou sobre os ombros de Lula em 2003 quando assumiu.
Nisso ele está correto. Não é um Presidente que vai corrigir tudo e todos, não vai conseguir alterar tradições e elementos culturais como é o “jeitinho” brasileiros ou mesmo a “Lei de Gerson” que é de levar vantagem em tudo.
Para esta idéia a Rede Globo não prestou atenção, apenas no que ele diz adiante, deslocado do contexto. Saramago diz:
- Eu esperava mais e melhor de Lula.
Esta frase deslocada foi repetida muitas vezes para desgastar o Presidente. Técnica antiga de descolar a parte do principal para fazer valer uma falsa verdade.
Até aí nenhuma novidade, esta é a GLOBO que todos nós conhecemos. A novidade é a frase de Saramago, um comunista, um gênio da literatura, cometer um equívoco deste tamanho é a novidade.
A distância dos mundos de quem se fala pode nos levar a erros como este.
Ora, esperar mais e melhor de Lula eu também esperava quando a presidência era uma possibilidade e de uma experiência não vivida. Enquanto utopia nossos sonhos não possuem limites. A experiência vivida e todas as circunstâncias da realidade de um Congresso que espelha a vontade popular convencem qualquer um que mais e melhor é impossível. A Utopia é algo a ser construído com passos reais.
Ao contrário do que afirmou Saramago, fizemos mais e melhor do que as condições reais permitiram, mas isso só percebe quem vive os limites e as condições adversas no cotidiano de um Governo.

21 maio 2007

Mutação ideológica.

Curitiba, 21 de maio de 2007.
Mãe, aqui vamos todos bem. A vida é que tem nos mostrado que a palavra e as convicções de muitos andam mudando muito. Hoje assisti, assim como tu aí em Porto Alegre, aquele festival de bobagens que o Programa do Partido Progressista, PP, anunciou em cadeia de televisão nacional.Nunca vi tanta coisa que desmente a prática política de homens e mulheres de vida pública. O tal PP, hoje defensor do Governo Lula, sempre foi anti PT, anti Lula e, pasme, no Paraná é a mais ferrenha oposição ao meu Governado Roberto Requião. Aqui eles foram fieis defensores de Osmar Dias para o Governo do Estado do Paraná e o tal PSDB para Presidente em 2006. Na época eleitoral disseram verdadeiras barbaridades contra o Governo Requião 2003 – 2006 e contra o PT e o Presidente Lula e o PT.Subitamente, da noite para o dia, mudaram suas posições, hoje são de apoio integral ao Governo Lula.Ideologia, palavra, compromisso eleitoral são coisas supérfluas para pessoas como o Deputado Federal Ricardo Barros e sua turma, Deputada Cida Barros e os seus. Agora todos são Lula desde criança. O que mudou? Teria havida mutação ideológica por conta do efeito estufa?Não entendo mais nada. Só posso acreditar que o Governo Lula é tão bom que conseguiu mudar os princípios de antigos inimigos que agora são os fieis escudeiros da esquerda.Mãe, tu me conheces já faz muito tempo. Quero te dizer que não tenho nenhuma relação com esta barbaridade e confusão de princípios.
Sim, apoio, como sempre, o Governo Lula e faço parte do Governo Requião no Paraná e disto me orgulho. Mas não tenho nada com a presença do PP como base do Governo Lula. Ao contrário, eLLes não tem nenhum compromisso com seus princípios, são de fato, comprovadamente, defensores da prática política mais desqualificada que conheço. Prefiro uma direita com princípios, que honram suas convicções e que não alteram suas ideologias por magia.

A GLOBO FELIZ!

A Globo está feliz, tem assunto para criticar políticos. Em todos os horários de notícias a medíocre televisão se entusiasma com a Operação Navalha. Começa assim:
- Mais um escândalo...
Continua...
- E os políticos envolvidos são Governadores, Ministro e funcionários públicos...
Poderia ser diferente? Claro, poderia.
Digamos que poderia ser elogiando o trabalho da Polícia Federal, da Justiça que permitiu as escutas telefônicas e por fim, o Presidente da República que garante o trabalho de investigação contra o crime organizado, seja de colarinho branco ou não.
Isso sim é notícia, afinal de contas é no Governo Lula do PT que o país vive a maior caça às quadrilhas que antes não eram tocadas.
Esta não é a versão de notícias que a Globo apresentaria, seria mais um golpe na oposição e o PT poderia se perpetuar por décadas... então ela deixa pra lá.
Globo, até quando!

08 maio 2007

Ação Negra por um novo mundo possível

I

É já um tempo demasiado longo este em que as diferenças são submetidas à opressão, à negação, à exclusão, à discriminação, à hipocrisia, ao descaso. Uma condição absolutamente injusta. Iníqua.
É hora, já, de lutarmos todos pela superação deste tempo.
É urgente a luta de homens e mulheres que emancipe de fato as diferenças, que instaure a igualdade de direitos, que inaugure as necessárias relações solidárias, fundamentos da construção de um mundo novo possível.
A sociedade que dá fim à exploração do trabalho e põe os frutos da produção coletiva à mesa de todos os produtores só pode ser finalmente conquistada com a destruição do capitalismo. E esta condição requer o reconhecimento, hoje, da igualdade de direitos entre todos os seres humanos.
É a luta pela conquista da igualdade de direitos e oportunidades que informa de maneira consistente e consciente o combate contra a sociedade de classes imposta pela dominação capitalista.
Em nosso país, o modo de produção escravista realizado por mais de três séculos deitou fundas as raízes da iniqüidade em toda as relações sociais formadoras da nacionalidade. Elas ainda hoje permeiam o conjunto da vida social brasileira como se revela no retrato trágico da exclusão pela discriminação racial.
A exploração do trabalho de milhões de seres humanos aprisionados em África [chamados escravos pelos traficantes e proprietários, de negros pela elite colonial e européia, de gentios pela ideologia dominante que lhes permitia a escravização do semelhante e a ele outorgava a condição de mercadoria ou mão-de-obra] ergueu fortunas, riquezas, países, impérios, na América e na Europa.
Aqui foi concedida alforria aos senhores, desobrigados da manutenção da posse e da indenização devida a trabalhadores e a todas as gerações escravizadas da etnia vilipendiada. A farsa colonialista da Abolição aprisionou nas faldas e sopés de morros, nas matas, nos grotões e beiras de estrada a multidão expulsa sem meios das lavouras e minas. Sem mais ferros, chicotes e senzala, agora à mercê do modo de exploração do trabalho no processo de industrialização ainda incipiente.
Ao imigrante branco, o império deu a terra. Produzida a subsistência, a renda restante começaria a alavancar aqui o processo mercantil necessário à produção fabril inglesa de matriz ou filial... [ou francesa, ou alemã, ou belga...]
O novo modo de reproduzir a existência submeteu de forma cruel homens e mulheres africanos ou afrodescendentes, crianças, jovens ou velhos.
Nenhuma reparação, sem qualquer indenização. Sem chão, sem casa, sem posto de trabalho [nem eira ou beira].
A modernidade só vai encontrar o Brasil tardiamente, já no limiar do século 20.
O novo milênio, inaugurado pelo século 21, é um tempo de necessárias e urgentes definições. Nos exige compromisso que somente pode ser Socialista.
Um tempo em que a barbárie é acelerada pela implementação da lógica da guerra pela nova potência imperial do planeta e pelo avanço da política neoliberal.
Nós, que estamos em luta pela liberdade, não acobertamos a injustiça e a opressão. São dobradas as nossas tarefas contra qualquer atentado à dignidade e à vida e de defesa da valorização do produto do trabalho da humanidade, de reparação efetiva da própria condição humana.
A hora exige radical defesa das liberdades públicas, do respeito à diferença e da igualdade de direitos.
Na teoria e na ação, no Brasil e no Mundo.
É por esta razão o nosso compromisso com o combate ao racismo, pelas reparações com ocupação democrática do território, pela extinção da sociedade de classes.
Em pouco mais de uma década, a grande burguesia financeira internacional produziu ao final do século recém findo uma reviravolta impressionante nas relações de produção, nas relações de domínio de classe. Onde apenas seu domínio, o domínio do grande capital financeiro imperialista, não diminuiu. Ao contrário, construiu novas e mais aparentes formas de dominação sobre os mercados e a força de produção de praticamente todo o planeta. Implementando uma nova divisão internacional do trabalho e da acumulação capitalista, com a transformação do papel dos estados nacionais, eliminação de barreiras alfandegárias entre países (particularmente dos mais pobres), desregulamentação do trabalho e o crescimento do poder do grande capital internacional. Os governos neoliberais, muitos deles dirigidos pela social-democracia, foram nestes anos a principal ferramenta desta política de rapina adotada pelos grandes monopólios internacionais.
A globalização constitui-se em uma estratégia de acumulação que, operada a partir destes governos "nacionais", impôs a eliminação de todos os meios de proteção do trabalho e do desenvolvimento das economias nacionais. Produziu a transformação dos valores culturais, ideológicos e econômicos a partir destes oligopólios.
A conseqüência é a dilapidação do mercado nacional e desestruturação do sistema produtivo de cada país, a aniquilação das culturas locais, a sonegação dos direitos, corroendo progressivamente as bases de um conceito de nação.
As respostas às crises capitalistas e confrontos sociais, via de regra, no Brasil, se deram pela constante renovação dos pactos de elite, sempre utilizando a violência e mecanismos autoritários. Mesmo para seus objetivos de transformação, de modificação do modelo econômico, poucas vezes na história brasileira percebemos fração da burguesia disposta a concluir todas as tarefas dela para modificação da estrutura econômica.
A estrutura política reflete este caráter antidemocrático das elites locais. Ainda que formalmente republicana, federativa e democrática, a organização política brasileira é extremamente patrimonialista, centralizada e autoritária.
Somente a unidade popular poderá quebrar esta história.
E só estaremos prontos para fazê-lo se atuarmos por esta unidade. Se constituirmos inegável movimento de massas através de uma ação radical de todos os lutadores anti-racistas em todas as instâncias, unificados por uma plataforma de lutas comum para a disputa na sociedade. Uma verdadeira ação negra. Uma ação de todos os explorados e discriminados, da maioria negra.
O modo de proceder do indivíduo antecede à existência da coletividade, eis que a coletividade resulta de indivíduos que se orientam pelos mesmos objetivos, idéias e práticas.
Nosso pressuposto é conquistar o regramento das ações do indivíduo para que este faça crescer a coletividade e não o individualismo, a arrogância, a prepotência, a intolerância, o centralismo e o personalismo.
O respeito ao conhecimento e à produção coletivas significam que o projeto não pertence a um indivíduo, mas sim à coletividade.
É fundamental a constituição de referências permanentes que articulem as lutas populares, partidárias, institucionais e culturais, que integrem a militância social e militâncias partidárias.
Nossa ação nos espaços que ocupamos deve realizar a conversão das teses para a vida, superando os limites burocráticos, implementando políticas que façam, de fato, avançarmos no nosso projeto, emancipando os trabalhadores, superando a discriminação, fortalecendo os movimentos, combinando tese e prática, discurso e fazer cotidiano e ação institucional.
Assim, nós, cada um, constituiremos os parâmetros que balizem ações permanentes, que prefigurem no presente a sociedade nova do mundo que queremos revolucionado pelas idéias de reparação, fim da iniqüidade, igualdade de oportunidade e direitos, as idéias socialistas para um mundo socialista.

07 maio 2007

Moral de Peúgas

O blog do Daniel Florêncio comenta a dupla moral da TV Globo nas relações com os ditos jogos de azar.
Azar de peixe pequeno, porque filho de peixe peixinho é, mas fica grandão tipo tubarão, quando escapando das balas perdidas ou com endereço cresce.
Clique no título para chegar lá.