21 dezembro 2009

O racismo brasileiro faz outra vítima

(www.irohin.org.br)



Por Silvany Euclênio*

A vítima: O senhor Geraldo Garcia, trabalhador negro de serviços gerais, 55 anos, pai de quatro filhos e avô de três crianças, saiu cedo para o trabalho no último dia 12/12/2009 (sábado). De bicicleta, seguia por uma das principais avenidas da cidade de Ribeirão Preto, a Francisco Junqueira, num horário ainda de pouco movimento, por volta das seis horas da manhã. Como fazia todos os dias, seguia tranqüilo, aproveitando o percurso para pensar na família e fazer planos para o futuro. De repente, sentiu um golpe nas costas, que o lançou ao chão, ao mesmo tempo em que ouvia “Ô, seu negro”, “toma, seu negro”. do, correndo o risco de ser atropelado, ferido nas costas, nas mãos e nas pernas, ouviu gargalhadas eufóricas. Ao levantar o olhar, percebeu o carro preto que arrancava a toda velocidade. Sentiu-se impotente.

As testemunhas: Trabalhadores da área da segurança, que terminavam mais uma jornada, presenciaram o ocorrido. Viram quando o carro preto diminuiu a velocidade e um dos ocupantes, com a metade do corpo para fora, atingiu o senhor Geraldo Garcia violentamente, utilizando como arma um tapete de borracha enrolado, lançando-o ao chão. Ouviram os jovens manifestarem a sua única motivação de ódio - “toma, seu negro”. Ouviram seus gritos de euforia, enquanto o carro arrancava a toda velocidade. Indignaram-se. Entraram em um carro e saíram em busca dos criminosos. Conseguiram abordá-los algumas quadras depois, na avenida Nove de Julho, a caminho de uma das áreas mais valorizadas da cidade. Seguraram os rapazes até a polícia chegar.

A Polícia: O delegado Mauro Coraucci, após ouvir as testemunhas e a vítima, lavrou o flagrante de racismo, crime inafiançável e imprescritível. Num ato até surpreendente, pela prática das autoridades brasileiras em negar a existência do racismo, confirmou o crime, inclusive em entrevista para os meios de comunicação.

A Justiça: O Juiz Ricardo Braga Montesserat preferiu ignorar os depoimentos da vítima e das testemunhas. Liberou os jovens no mesmo dia, aceitando a tese da defesa de que não teria ocorrido um ato de racismo. Tendo desqualificado o crime, o juiz estabeleceu a fiança e, poucas horas após serem presos, os criminosos estavam livres.

Isso apenas reforça as pesquisas que comprovam ser a justiça brasileira cega para o racismo. Confirma o que parece já ser uma prática do judiciário nacional: descaracterizar o crime de racismo através de malabarismos legais, para suavizar a interpretação das práticas de discriminação racial, garantindo assim a possibilidade de pagamento de fiança e o abrandamento das penas dos racistas. É o racismo institucional, fruto de quase 500 anos de desumanização dos afro-descendentes, e que permeia as instituições nacionais, relegando as pessoas negras à subcidadania, negando-lhes direitos e dignidade.

Tanto é assim que se ouviam da boca de estudantes que acorreram à delegacia em solidariedade aos jovens criminosos frases indignadas do tipo “não entendo por que eles foram presos, todo mundo faz isso e não é punido”; “foi apenas uma brincadeira de mau gosto”; “eles não fizeram nada demais, não roubaram, nem mataram”; entre outras pérolas.

Agredir uma pessoa negra, por sua origem étnico-racial, só não é “nada demais” nas cabeças racistas de pessoas que não reconhecem a humanidade no outro, no diferente; somente é algo de somenos importância para as instituições que estas mesmas cabeças comandam.

Mataram sim, roubaram sim. O racismo brasileiro rouba e mata diariamente a dignidade, a humanidade e a auto-estima do povo negro brasileiro. Rouba e mata a nossa história e a nossa cultura. Provoca a morte de talentos e capacidades. E está provocando o extermínio da juventude negra nas periferias dos centros urbanos.

OS CRIMINOSOS RACISTAS

São eles: o paraense Emílio Pechulo Ederson, de 20 anos; o paulista Felipe Grion Trevisani, de 21 anos; e o goiano Abrahão Afiune Júnior, de 19 anos. Os três são estudantes de medicina do Centro Universitário Barão de Mauá, renomada escola particular de ensino superior de Ribeirão Preto, onde a mensalidade do curso de medicina é de R$3.800,00.

Jovens privilegiados, frutos reconhecíveis de uma sociedade hipócrita, que nega o racismo que pratica cotidianamente; de uma escola que silencia e/ou estereotipa a história e a cultura africana e afro-brasileira; e de instituições educacionais de nível superior que se recusam a incluir em seus currículos, conteúdos e disciplinas que tratem da educação das relações étnico-raciais. Assim, continuam a despejar no mercado de trabalho profissionais que desconhecem, não respeitam e até desprezam a diversidade étnico-racial brasileira. Esse desprezo é tamanho, que pode ser sentido pela população negra ao procurar atendimento médico, ao necessitar do sistema judiciário, nas abordagens policiais, ao assistir televisão, ao frequentar as escolas brasileiras... Veja quem são eles acessando o link http://maisband.band.com.br/v_43894_universitarios_sao_presos_acusados_de_racismo.htm

A AÇÃO DO MOVIMENTO NEGRO

Encontramos o senhor Geraldo Garcia indignado com a impunidade e com o descaso da justiça para com a violência de que fora vítima. Estava também com receio de atender o telefone e de fornecer seu endereço. Dele ouvimos “pensei que fosse um tiro nas costas. Sempre sofri com o racismo, xingamentos, mau atendimento nos lugares, mas nunca esperei por violência física. Eu estou muito assustado”.

O senhor Geraldo descreveu exatamente o que é o racismo brasileiro: “um tiro nas costas”.

Imediatamente deflagramos as ações necessárias para garantir-lhe suporte jurídico e psicológico. O caso está nas mãos da Comissão do Negro e Assuntos Antidiscriminatórios da OAB de Ribeirão Preto. Também estamos realizando manifestações de protesto e denúncia do ocorrido, e do racismo nacional.

A primeira manifestação, organizada pelo Centro Cultural Orùnmilá no dia 16/12/2009 (quarta-feira), na porta do Centro Universitário Barão de Mauá, onde os rapazes estudam, contou com a participação de diversos segmentos organizados da sociedade civil. O reitor entregou um documento de desagravo ao sr. Geraldo e ao Movimento Negro. Anunciou a suspensão dos criminosos por dois meses. Dois meses? Dezembro e janeiro? Mas trata-se do período de férias escolares no Brasil... Em coro os manifestantes exigiram: “expulsa os racistas, expulsa os racistas...”. Paulo César Pereira de Oliveira, ativista do Movimento Negro fez uso da palavra e cobrou um compromisso maior da instituição com a educação das relações étnico-raciais e com a implementação da Lei 10.639/03. Propôs de imediato que a Barão de Mauá inicie o ano letivo de 2010 com um seminário amplo, incluindo toda a comunidade escolar e a sociedade na discussão do racismo e da promoção da igualdade racial. A proposta foi aceita e nós cobraremos a sua concretização.

A segunda manifestação, convocada também por outros setores do movimento social, por sindicatos e partidos de esquerda, ocorreu no dia 19/12/2009 (sábado), na UGT (Memorial da Classe Operária), contou com a presença de várias lideranças da cidade, que demonstraram a sua indignação e comprometeram-se com a luta anti-racista.

Há quem diga que a luta do povo negro contra o racismo, pela vida, pela dignidade e por cidadania, faz aumentar o racismo. Na verdade, esta luta está fazendo os racistas “saírem da toca”, e explicitarem o seu ódio. Enquanto seus privilégios estavam intactos, contentavam-se em reforçar cotidianamente a ideologia racista que permeia o sistema educacional, a mídia, os processos seletivos no mercado de trabalho, entre outros. Mas nós estamos avançando sobre a cota 100% branca de cidadania e direitos. E isso eles não podem aceitar. Que queiramos ser mais que suas domésticas, amas-de-leite e motoristas, eles não podem aceitar. De norte a sul do Brasil, os racistas estão explicitando sua verdadeira face e o seu ódio. Enquanto isso as bases do governo federal negociam os nossos direitos com a base ruralista e com as elites racistas no Congresso Nacional. Enquanto isso, capitães-do-mato contemporâneos, disfarçados de setores do Movimento Negro, vendem a nossa luta, a nossa história, por migalhas que caem da mesa dos seus senhores.

Salve Dandara, salve Zumbi, salve todos e todas que tombaram lutando contra a escravidão e contra o racismo, e que nos inspiram a continuar nesta luta sem tréguas.

“Orùnmilá ati gbogbo okankanlerinnywo Irunmole awa gbe o” (Orùnmilá e todas as 401 divindades nos protejam)

*professora, ativista do Movimento Negro / Centro Cultural Orùnmilá



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"Ou você está vivo e orgulhoso ou você está morto. E quando está morto não se incomoda com nada." Steve Biko

29 novembro 2009

A nova infâmia da “Folha”

Por Celso Lungaretti em 28/11/2009

A “Folha” já tentou envolver Dilma Rousseff com sequestro que não houve, publicando uma ficha falsa para a denegrir.



Como jornalista, aprendi que nada é impossível.



Então, depois de ler, estarrecido, o texto no qual o cientista político Cesar Benjamin acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de lhe haver relatado uma tentativa de estupro que teria cometido em 1980, resolvi esperar a evolução do caso antes de condenar inapelavelmente quem um dia já foi herói deste sofrido país.

Mas, a minha avaliação inicial foi das mais negativas. Dai haver afirmado claramente, em artigo escrito de batepronto, que o relato de Benjamin, da forma como foi apresentado, lhe valeria uma condenação como caluniador em qualquer tribunal.



Algo assim só seria aceitável com a corroboração da suposta vítima ou, pelo menos, das outras pessoas que ele afirmou estarem presente na conversa.



A edição de hoje (sábado, 28) da Folha de S. Paulo nada trouxe que verdadeiramente respaldasse a versão de Benjamin — o qual não se manifestou, sequer.



E as reações vieram em cascata:



o publicitário Paulo de Tarso da Cunha Santos, citado por Benjamin, afirmou que “o almoço a que se refere o artigo de fato ocorreu”, que “o publicitário americano mencionado se chamava Erick Ekwall”, e que não houve “qualquer menção sobre os temas tratados no artigo”;

o cineasta Sílvio Tendler, com melhor memória (a conversa aconteceu há 15 anos), diz ser o outro publicitário cujo nome Benjamin esqueceu e sugere que outorguem ao cientista político o “troféu de loira [burra] do ano” por não haver entendido “uma brincadeira, como outras 300″ que o Lula fazia todos os dias;

ex-companheiros de cela de Lula no Dops, José Maria de Almeida (PSTU), José Cicote (PT) e Rubens Teodoro negaram a tentativa de estupro, tendo Almeida acrescentado que não havia ninguém do Movimento pela Emancipação do Proletariado na cela e Cicote se lembrado vagamente de que um sindicalista de São José dos Campos seria apelidado de “MEP”;

Armando Panichi Filho, um dois dois delegados do Dops escalados para vigiar Lula na prisão, disse nunca ter ouvido falar disso e não acreditar que tenha acontecido, mesmo porque, segundo ele, nem sequer havia “possibilidade de acontecer”;

o então diretor do Dops Romeu Tuma também desmentiu “qualquer agressão entre os presos”;

o Frei Chico, um dos irmãos do presidente Lula, lembrou que a cela do Dops era coletiva e que nunca Lula ficou sozinho, pois estava preso com os outros diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (Rubão, Zé Cicote, Manoel Anísio e Djalma Bom);

Lula, de acordo com o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto de Carvalho, teria ficado triste e abatido, afirmando que isso era “uma loucura”;

o próprio Gilberto de Carvalho qualificou a acusação de “coisa de psicopata” e recriminou a Folha por tê-la publicado;

o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, afirmou que o artigo é “um lixo, um nojo, de quem escreveu e de quem publicou”;

o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, atribuiu “essa coisa nojenta” aos ressentimentos e mágoas de Benjamin, que algum tempo depois deixaria o PT, mas não por causa desse episódio;

o Frei Beto qualificou o artigo de “execrável” e disse que Lula, “ainda que não fosse presidente”, mereceria respeito.

Ou seja, a tentativa de estupro não é confirmada por ninguém. Talvez tenha estado preso mesmo um sindicalista alcunhado de MEP. E Lula parece haver feito uma piada de mau gosto, como tantas outras que marcam sua trajetória de falastrão contumaz.

O certo é que não havia sustentação para a Folha publicar, p. ex., uma reportagem a este respeito. Não se acusa um presidente de tentativa de estupro com tão pouco.



Concedeu, entretanto, uma página inteira para Benjamin colocar essa bobagem em circulação, municiando a propaganda direitista.



Jornalisticamente, sua atuação é indefensável, desprezível, manipuladora.



Desceu aos esgotos, repetindo o episódio em que usou outro bobo útil de esquerda para tentar envolver a ministra Dilma Rousseff com um plano para sequestrar Delfim Netto que nunca saiu do papel.



Cesar Benjamin deveria ter aprendido a lição.



Agora, ou vem a público provar sua acusação, ou estará definitivamente morto para a política.



Quanto à Folha, já morreu para o jornalismo faz tempo.

19 novembro 2009

17 novembro 2009

Por que Luiz Inácio desagrada Caetano Veloso

por Marta Peres, Professora da UFRJ


Grande artista, não faz falta a Caetano Veloso um diploma de nível superior. Seus recentes comentários injuriosos a respeito do presidente com a maior aprovação da História do Brasil são indiscutivelmente coerentes - com sua visão de mundo, com a visão da classe a que pertence, assim como dos meios de comunicação que as constroem incansavelmente, bloqueando qualquer ensaio de questionamento ao seu insistente pensamento único.



Ao se referir a Lula como ‘analfabeto’, o termo está sendo utilizado de forma equivocada, pois ‘analfabetismo’ significa ‘não saber ler nem escrever’. Imagino que ele esteja se remetendo, de maneira exagerada, ao fato de Lula não ter diploma de graduação, coisa que o compositor tampouco possui. Esse tipo de exigência não é nem mesmo cogitada ante outros artistas geniais como Milton, Chico, Cora Coralina... Gilberto Gil, ex-ministro do governo Lula, graduou-se, mas não em música... ‘Ah, mas eles são artistas...’. E não seria a Política uma arte? Um pouco de Platão e Aristóteles não faz mal a ninguém...



Quanto à suposta ‘cafonice’ de nosso presidente, situado na revista americana Newsweek em 18° lugar entre aspessoas mais poderosas do mundo, Pierre Bourdieu (1930-2002) nos traz uma contribuição preciosa. De origem campesina, como Lula, o sociólogo francês criou conceitos que desmoronam o velho chavão do ‘gosto não se discute’. Para Bourdieu, não só se deve discutir, como estudar, compreender, aquilo que se trata de, mais que uma questão de ‘classe’, uma questão de ‘classe social’. Além do enorme abismo do ponto de vista propriamente econômico, os ‘gostos diferenciadores’ , referentes ao ‘estilo de vida’, consistem na maior marca de violência simbólica e num fundamental instrumento de legitimação da dominação das classes dominadas pelas dominantes. Não somente é desigual a distribuição de renda numa sociedade dividida em classes, mas também o acesso à educação formal e informal - o hábito de freqüentar museus, espetáculos de teatro, música, dança - à sofisticação do vocabulário, às regras de etiqueta, à constituição da apresentação pessoal, dos ‘modos’ e atitudes corporais. Obviamente, alcançar maior poder aquisitivo não possibilita a aquisição desse ‘capital cultural’ adquirido ao longo de toda uma vida no convívio com ‘outras pessoas elegantes’, ou seja, com a ‘elite’. Uma expressão precisa para designá-las, utilizada corriqueiramente na Zona Sul do Rio, é ‘gente bonita’ - como sinônimo de portadores de determinadas marcas de classe evidentes pelo vestuário, linguajar, cabelos, corpos, modos, atitudes. Bourdieu demonstrou os aspectos, às vezes despercebidos, da ‘construção social’ do gosto, seja o gosto de Caetano, das elites, dos que gostariam de ser elite, pretendendo se distinguir da massa supostamente ‘inculta’. Em outras palavras, as classes às quais pertencemos determinam, em grande parte, nossos critérios aparentemente inatos do que vem a ser elegância, numa relação de constante imitação, pelos ‘cafonas’, dos considerados detentores dos critérios de julgamento estético.



Lula não segue a corrente dos imitadores: mantém-se fiel à cafonice que o identifica com suas origens populares. Ah, como isso incomoda...



Embora seja assistido desde tempos imemoriais, lembrando que Norbert Elias estudou como a nobreza francesa era imitada por suas congêneres do resto da Europa no Ancien Régime, aqui, no Brasil, o fenômeno da distinção alcança as fronteiras do ‘nojo’, das reações fisiológicas desagradáveis, diante de tudo que possa remeter a atributos das classes populares, tudo que venha do ‘povão’.



Não é à toa que o REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais que tem como objetivo "criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível da graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas Universidades Federais" – seja alvo de críticas ferrenhas, apesar de vir ao encontro de demandas por mais vagas já presentes nos protestos estudantis da França e do Brasil há quarenta anos, os quais, aqui, jamais sequer haviam sido objeto de atenção pelos governos. A demanda por cidadania e não por privilégios restritos é assunto que dá nojo, dá ‘gastura’, como se fala no interior do Brasil. Mas isso são outros quinhentos.. .



Embora o acesso universal à educação deva ser uma meta, podemos questionar – como muitos eminentes acadêmicos questionam – que a universidade seja a única fonte de conhecimento legítimo, sob o risco de repetirmos, em outros moldes, o papel de detentora do saber exercido pela Igreja Católica Medieval. O que seria de nós sem a contribuição inestimável de tantos notáveis que por ela não passaram?



Pode-se argumentar, contudo, que o referido compositor não tem preconceito de classe ou contra a falta de diploma, pois pretende votar em Marina Silva que, como Caetano, não possui graduação, e que, como Lula, tem origem humilde. (O curioso é que, sendo a candidata à sucessão de Lula uma economista, dessa vez, a mesma é cobrada por não possuir mestrado e acusada de ter lutado contra a ditadura militar: sempre inventarão motivos contrários a políticas públicas que ferem ideais de distinção de classe). Ao contrário do que parece, os atributos de Marina caem como uma luva para nossa conservadora classe média leitora do Globo e da Veja e que jamais se assumirá preconceituosa: portar a nobre e indignada bandeira da causa verde faz disparar sua pontuação no quesito ‘elegância’. Os que se preocupam ardentemente com a possibilidade de vida de seus netos e bisnetos são tocados em seu íntimo pelas questões ligadas à salvação das florestas.



Só que, mais uma vez, como a História sempre ajuda a enxergar, o buraco – na camada de ozônio – é mais embaixo: a destruição do planeta é a consequência inexorável de um sistema perverso que nele vem se instalando há alguns séculos. Ao longo de suas notáveis transformações, atingiu um ponto em que passou a se dar conta de seu próprio potencial de destruição e de identificar na preocupação com a natureza uma boa – e quem sabe, lucrativa - causa.



Do ponto de vista das chamadas ‘Gerações’ de Direitos Humanos, ao longo dos desdobramentos do capitalismo, a causa ecológica nasceu como a terceira filha. Enquanto a primeira, a segunda e a terceira gerações são identificadas com os ideais da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - a quarta, mais recente, relaciona-se a questões da Bioética e aos movimentos de segmentos minoritários ou discriminados da sociedade. A liberdade refere-se aos direitos civis e políticos, chamados de ‘direitos negativos’, pois limitam o poder exorbitante do Estado, que deve deixar o indivíduo viver e atuar politicamente. A igualdade consiste na luta pelos direitos sociais, culturais, econômicos, e demandam uma atuação ‘positiva’ do Estado no sentido de realizar ações que proporcionem condições de acesso de todos os indivíduos à educação, saúde, moradia, assistência social, dignidade no trabalho. Finalmente, a fraternidade esta ligada à ecologia, à preocupação com o destino da humanidade, irmanada por sua condição de habitante do planeta Terra.



Como se situaria o Brasil nessa História? Não vivemos mais no tempo de Marx, das jornadas de trabalho de 18 horas que não poupavam mulheres e crianças caindo mortas de fome ao redor das grandes máquinas sujas das fábricas. Hoje, longos tentáculos buscam mão de obra barata como a planta se dirige à luz do sol e os dejetos – da poluição e os seres humanos excluídos da participação em suas benesses - são escondidos do campo de visão dos que têm ‘bom gosto’. Depois de destruir suas próprias florestas, os países ricos se preocupam e ditam regras da etiqueta politicamente correta aos pobres, abraçando a ‘causa ecológica’ com a mesma eloqüência que ontem defenderam que a ‘mão invisível do mercado’ traria a felicidade geral. Hoje, uma mão visível segura imponente a bandeira do orgulho verde. Porém, o corpo do qual faz parte constitui-se de fome, miséria, doença, condições abaixo de qualquer noção de dignidade da pessoa humana. A bandeira parece ser de um médico, mas o sujeito que a segura é um ‘elegante’ monstro. Chega a ser apelativo falar em salvar o planeta tirando de contexto uma causa que ninguém ousará contestar. Mas que tal pesquisar casos concretos de vínculos incontestáveis entre partidos verdes de diferentes países com os setores mais conservadores das respectivas sociedades? Visualizando a imagem do monstro, de braços dados com uma chiquérrima Brigitte Bardot salvando animais, faz todo sentido. A Bela e a Fera...



De modo algum defendo qualquer teleologia e que tenhamos que passar por fases que os outros já passaram. Nem que os sete anos de Governo Lula tenham se proposto a enfrentar bravamente, contra tudo e contra todos, o capitalismo que domina quase toda a superfície do planeta. Ninguém falou em Revolução, aliás, não era esse o combinado. Apenas assisto a um esforço hercúleo de instaurar políticas que ferem o coração desses mecanismos de violência, real e simbólica, que o julgamento do que é ou não cafona só vem a perpetuar, no sentido de minimizar o enorme fosso que separa os que têm e os que não têm acesso a conquistas históricas impreteríveis do Ocidente, independentemente de obediência a qualquer cronologia, identificadas com os direitos humanos: combate à fome à miséria, acesso universal à educação, à energia elétrica, diminuição da desigualdade ímpar que nos assola. Fraternidade, também quero, mas junto com a Liberdade, e principalmente, o que mais nos falta, Igualdade! Não igualdade no sentido anatômico, igualdade de condições, junto com a quarta geração.



Não indignar-se com a miséria, agarrar-se ferrenhamente a seus privilégios, assim como espernear diante de sinais de mudança, faz parte do aprendizado de cegueira, inércia e arrogância por que passam nossas elites com seu gosto sofisticado. Mas ao contrário de um regime de concordância geral, o ideal de democracia é caracterizado justamente pela coexistência de opiniões diversas a respeito das políticas do governo. À insatisfação proveniente de certo campo ideológico correspondem, certamente, avanços jamais assistidos na História do Brasil. Com vínculos ideológicos resumidos na figura de ACM, nutridora de uma ordem social desigual desde 1500, existe uma indiscutivelmente sincera elite baiana à qual, desagradar, é sinal de que Lula está no caminho certo!

13 novembro 2009

Grátis, edição eletrônica da novela O Dia do descanso de Deus, de Adroaldo Bauer


Zé [Ex] Celso Martinez saca Caetano e Marina nas tumbadoras da selva selvagem

Zé Celso fala de Caetano, Lula e outras.


Por José Celso Martinez Corrêa

Hoje temos pela primeira vez na nossa história um corpo concreto de potencialização da cultura brazyleira: o Ministério da Cultura, e isso seu atual Ministro soube muito bem fazer, um CQD em seu texto.



Por outro lado, meu adorado Poeta Caetano, como sempre, me surpreendeu na sua interpretação de Lula como analfabeto, de fala cafajeste, abrindo seu voto para Marina Silva.



Nós temos muitas vezes interpretações até gêmeas, mas acho caetanamente bonito nestes tempos de invenção da democracia brazyleira, que surjam perspectivas opostas, mesmo dentro deste movimento que acredito que pulsa mais forte que nunca no mundo todo, a Tropicália.



Percebi isso ao prefaciar a tradução em português crioulo = brazyleiro do melhor livro, na minha perspectiva, claro, escrito sobre a Tropicália: Brutality Garden, Jardim Brutalidade, de Chris Dunn, professor de literatura Brazyleira, na Tulane University de New Orleans.



Acho, diferentemente de Caetano, que temos em Lula o primeiro presidente antropófago brazyleiro, aliás Lula é nascido em Caetés, nas regiões onde foi devorado por índios analfabetos o Bispo Sardinha que, segundo o poeta maior da Tropicália, Oswald de Andrade, é a gênese da história do Brazil. Não é o quadro de Pedro Américo com a 1ª Missa a imagem fundadora de nossa nação, mas a da devoração que ninguém ainda conseguiu pintar.



Lula começou por surpreender a todos quando, passando por cima das pressões da política cultural da esquerda ressentida, prometeica, nomeou o Antropófago Gilberto Gil para Ministro da Cultura e Celso Amorim, que era macaca de Emilinha Borba, para o Ministério das Relações Exteriores, Marina Silva para o Meio Ambiente e tanta gente que tem conquistado vitórias, avanços para o Brasil, pelo exercício de seu poder-phoder humano, mais que humano.



Phoderes que têm de sambar pra driblar a máquina perversa oligárquica, podre, do Estado brasileiro. Um estado oligárquico de fato, dentro de um Estado Republicano ainda não conquistado para a "res pública". Tudo dentro de um futebol democrático admirável de cintura. Lula não pára de carnavalizar, de antropofagiar, pro País não parar de sambar, usando as próprias oligarquias.



Lula tem phala e sabedoria carnavalesca nas artérias, tem dado entrevistas maravilhosas, onde inverte, carnavaliza totalmente o senso comum do rebanho. Por exemplo, quando convoca os jornalistas da Folha de S. Paulo a desobedecer seus editores e ouvir, transmitindo ao vivo a phala do povo. A interpretação da editoria é a do jornal e não a da liberdade do jornalista. Aí , quando liberta o jornalista da submissão ao dono do jornal, é acusado de ser contra a liberdade de expressão. Brilha Maquiavel, quando aceita aliança com Judas, como Dionísios que casa-se com a própria responsável por seu assassinato como Minotauro, Ariadne. É realmente um transformador do Tabu em Totem e de uma eloquência amor-humor tão bela quanto a do próprio Caetano.



Essa sabedoria filosófica reflete-se na revolução cultural internacional que Lula criou com Celso Amorim e Gil, para a política internacional. O Brasil inaugurou uma política de solidariedade internacional. Não aceita a lógica da vendetta, da ameaça, da retaliação. Propõe o diálogo com todos os diabos, santos, mortais, tendo certa ojeriza pelos filisteus como ele mesmo diz. Adoro ouvir Lula falar, principalmente em direto com o público como num teatro grego. É um de nossos maiores atores. Mais que alfabetizado na batucada da vida, lula é um intérprete dela: a vida, o que é muito mais importante que o letrismo. Quantos eruditos analfabetos não sabem ler os fenômenos da escrita viva do mundo diante de seus olhos?



Eu abro meu voto para a linha que vem de Getúlio, de Brizola, de Lula: Dilma, apesar de achar que está marcando em não enxergar, nisto se parece com Caetano, a importância do Ministério da Cultura no Governo Lula. Nos 5 dedos da mão em que aponta suas metas, precisa saber mais das coisas, e incluir o binômio Cultura & Educação.



Quanto a Marina Silva, quando eu soube que se diz criacionista, portanto contra a descriminalização do aborto e da pesquisa com células-tronco, pobre de mim, chumbado por um enfarte grave, sonhando com um coração novo, deixei de sequer imaginar votar nela. Fiz até uma cena na Estrela Brasyleira a Vagar - Cacilda!! para uma personagem, de uma atriz jovem contemporânea que quer encarnar Cacilda Becker hoje, defendendo este programa tétrico.



Gosto muito de Dilma, como de Caetano, onde vou além do amar, vou pra Adoração,a Santa adorada dos deuses. Acho a afetividade a categoria política mais importante desta era de mudanças. "Amor Ordem e Progresso." O amor guilhotinado de nossa bandeira virou um lema Carandiru: Ordem e Progresso, só.



Apreendi no livro de Chris Dunn que os americanos chamam esta categoria de laços homossociais, sem conotação direta com o homoerotismo, e sim com o amor a coisas comuns a todos, como a sagração da natureza, a liberdade e a paixão pelo amor energia, santíssima eletricidade. Sinto que nessas duas pessoas de que gosto muito, Caetano e Dilma, as fichas da importância cultural estratégica, concreta, da Arte e da Cultura, do governo Lula, ainda não caíram.



A própria pessoa de Lula é culta, apesar de não gostar, ainda, de ler. Acho que quando tiver férias da Presidência vai dedicar-se a estudar e apreender mais do que já sabe em muitas línguas. Até hoje ele não pisou no Oficina. Desejo muito ter este maravilhoso ator vendo nossos espetáculos. Lula chega à hierarquia máxima do teatro, a que corresponde ao papa no catolicismo: o palhaço. Tem a extrema sabedoria de saber rir de si mesmo. Lula é um escândalo permanente para a mente moralista do rebanho. Um cultivador da vida, muito sabido, esperto. Não é à toa que Obama o considera o político mais popular do mundo.



Caetano vai de Marina, eu vou de Dilma. Sei que como Lula ela também sente a poesia de Caetano, como todos nós, pois vem tocada pelo valor da criação divina dos brazyleiros. Essa "estasia", Amor-Humor, na Arte, que resulta em sabedoria de viver do brasileiro: Vida de Artista. Não há melhor coisa que exista!



Lula faz política culta e com arte. Sabe que a cultura de sobrevivência do povo brasileiro não é super, é infra estrutura. Caetano sabe disso, é uma imensa raiz antenada no rizoma da cultura atual brazyleira renascente de novo, dentro de nós todos mestiços brazyleiros. Fico grato a Caetano ter me proporcionado expor assim tudo que eu sinto do que estamos vivendo aqui agora no Brasil, que hoje é um país de poesia de exportação como sonhava Oswald de Andrade, que no Pau Brasil, o livro mais sofisticado, sem igual brazyleiro canta:



"Vício na fala

Pra dizerem milho dizem mio

Pra melhor, dizem mió

Para telha, dizem teia

Para telhado, dizem teiado

E vão fazendo telhado"



SamPã, 6 de novembro, sob o signo de escorpião, sexo da cabeça aos pés, minha Lua de Ariano, evoéros!

22 outubro 2009

Fracassomaníacos

por Emir Sader

A invenção se deve às ironias com que FHC tentava desqualificar o debate. Conhecedor que era, se dedicou a essa prática, alimentada pelo despeito, o rancor e a inveja de ver seu sucessor se dar muito melhor do que ele. E os tucanos se tornaram os arautos da fracassomania, porque o governo Lula não poderia dar certo. Senão, seria a prova da incompetência, dos que se julgavam o mais competentes.
....
A imprensa se encarregou de propagar o fracasso do governo Lula. Ricardo Noblat, apresentando o livro de uma jornalista global, afirmava expressamente, de forma coerente com o livreco de ocasião, que “o governo Lula acabou” (sic). A crise de 2005 do governo era seu funeral, os urubus da mídia privada salivavam na expectativa de voltarem a eleger um dos seus para se reapropriarem do Estado brasileiro.
FHC gritava, no ultimo comício do candidato do seu partido, que havia relegado seu governo, com a camisa para fora da calça, suado, desesperado, “Lula, você morreu”, refletindo seus desejos, em contraposição com a realidade, que viu Lula se reeleger, sob o cadáver político e moral de FHC.


leia á integra no Blog do Emir

12 outubro 2009

A defesa, o ataque e a economia política

José Luís Fiori

É possível conceber formas de acumulação de poder e riqueza que não passem pelos ataques territoriais, Mas com certeza, este não foi o caminho seguido pela Inglaterra e pelos Estados Unidos, as duas grandes potências ganhadoras que conseguiram transformar a sua “dívida pública” num instrumento do seu poder.
José Luís Fiori
“Entre 1650 e 1950, a Inglaterra participou de 110 guerras aproximadamente, dentro e fora da Europa, ou seja, em média, uma à cada três anos E entre 1783 e 1991, os Estados Unidos participaram de cerca de 80 guerras, dentro e fora da América, ou seja, em média, também, uma a cada três anos.”

J.L.F. , “ A Guerra”, O Valor Econômico, 09/09/2009

O economista inglês, Wiliam Petty (1623-1687), escreveu dois pequenos textos que revolucionaram o pensamento econômico do século XVII, e que estão na origem da economia política clássica: o “Tratado sobre Impostos e Contribuições”, publicado em 1662, e a “Aritmética Política”, publicado em 1690, depois da sua morte. Nestes dois textos, William Petty desenvolve uma teoria econômica que dá importância central ao papel do Estado e das guerras, no funcionamento das sociedades. A teoria de Petty, parte da definição dos principais “encargos públicos”, e depois propõe uma estratégia econômica de multiplicação dos recursos necessários para o cumprimento destas funções. Para Petty, a primeira obrigação do Estado é a “defesa por terra e mar, da sua paz interna e externa, como também a vindicação honrosa das ofensas de outros estados” , e a forma de obter os recursos indispensáveis é através dos tributos. Mas segundo Petty, o aumento da tributação depende do aumento da produtividade e do “excedente econômico” nacional.

No momento em que Petty publicou sua obra, a Inglaterra era uma potência de segunda ordem, e se sentia ameaçada pela França e pela Holanda. Petty estava voltando de um breve exílio em Paris e Amsterdam – onde foi secretário particular de Thomas Hobbes - e tinha uma grande preocupação que se transformou no ponto de partida de toda a sua teoria: a necessidade de defender o território inglês, aumentando sua produtividade e o seu produto nacional. Por isto, sua economia política introduz, pela primeira vez, o conceito de “excedente econômico” como principal instrumento do poder do Estado, e rompe definitivamente com a tradição do pensamento mercantilista.

Wiliam Petty foi um grande economista político, mas se pode dizer que foi também um profeta. Porque depois da sua morte, em 1687, a história da Inglaterra, seu país, deu seus primeiros passos para se transformar na principal potência do sistema mundial, até meados do século XX. Apesar do seu tamanho e de sua inferioridade inicial, a pequena ilha começou a expandir o seu poder, o seu território e a sua riqueza de forma contínua, durante os três séculos seguintes, em que construiu o Império Britânico, e consolidou a supremacia mundial do capitalismo inglês. Mas apensar de sua antecipação profética, William Petty não previu duas coisas fundamentais:

i) a transformação da Inglaterra numa potência agressiva:

ii) e a transformação da agressão e do “ataque” num mecanismo de acumulação de riqueza.

A preocupação política e a teoria de Petty visavam aumentar o poder defensivo da Inglaterra.
E, do ponto de vista estritamente militar, o objetivo da “defesa” será sempre a conservação de um determinado território. Mas é impossível acreditar que todas as 110 guerras que a Inglaterra fez, entre 1650 e 1950, tenham sido “guerras defensivas”, inclusiva porque a maioria delas foi travada fora do território europeu. Ou seja, depois da morte de Petty, a a Inglaterra acabou se transformando numa potência agressiva e conquistadora.

E o mesmo se pode dizer da sua colônia norte-americana, que seguiu os passos da Inglaterra, até se transformar na maior potência do sistema mundial, na segunda metade do século XX.
O território norte-americano nunca foi atacado, mas apesar disto, as “Treze Colônias” expandiram seu território de forma contínua, desde o momento da sua independência.
Nos dois casos, portanto, a proposta defensiva de Pettry, foi substituída por uma estratégia agressiva de acumulação de poder. Mas além disto, Petty não previu que o “ataque” pudesse se transformar numa forma de acumular a riqueza de maneira mais rápida do que através do aumento da produtividade.

A expansão da Inglaterra começou muito antes da sua “revolução industrial”, e foi financiada pelo aumento dos tributos e da sua “dívida pública”, que cresceu de forma exponencial durante o século XVIII, passando de 17 milhões de Libras esterlinas, em 1690, para 700 milhões de Libras, em 1800. Nesta trajetória ascendente, a expansão inglesa acabou se auto-financiando, graças ao aumento da sua tributação nacional e extra-territorial, e do surpreendente aumento da “credibilidade” da sua “dívida pública”, que cresceu apesar das guerras e do desequilíbrio fiscal de curto prazo. Da mesma forma como aconteceu nos Estados Unidos, onde a capacidade de tributação e de endividamento do Estado também cresceram de mãos dadas e de forma permanente.

Nos dois casos, portanto, foi o “ataque” e não a “defesa”, que permitiu aumentar permanentemente o endividamento público dos dois estados, junto com a acumulação rápida e exponencial da riqueza privada, fora dos circuitos produtivos e mercantis.
A teoria de Petty não previu esta “mágica anglo-saxônica”, apesar de que o seu segredo já tivesse sido revelado por Thomas Hobbes - o grande amigo e mentor intelectual de William Petty - no seu Leviatã, publicado em 1652: “os que se contentarem em manter-se tranqüilamente dentro de modestos limites e não aumentarem seu poder por meio de invasões, eles serão incapazes de subsistir durante muito tempo, por se limitarem apenas a uma atitude de defesa” (T. Hobbes, Leviatã, Victor Civita, 1983 [1652]. p:72)

Agora bem: esta "mágica" estará ao alcance de todos os estados e economias capitalistas? Sim e não, a um só tempo, porque neste jogo, se todos ganhassem ninguém ganharia, e os que já ganharam estreitam o caminho dos demais, reproduzindo dinamicamente, as condições da desigualdade.
Além disto, é possível conceber formas de acumulação de poder e riqueza que não passem pelos ataques territoriais. Mas, com certeza, este não foi o caminho seguido pela Inglaterra e pelos Estados Unidos, as duas grandes potências ganhadoras que conseguiram transformar a sua “dívida pública” num instrumento do seu poder, e ao mesmo tempo, num mecanismo de acumulação da sua riqueza nacional.

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José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Artigo publicado originalmente em Debate Aberto no jornal Valor Econômico.

09 outubro 2009

Juiz considera "trabalho escravo" concurso da RBS em Blumenau

O juiz da 6ª Vara do Trabalho Paulo André Cardoso Botto Jacon concedeu liminar ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina proibindo que a RBS utilize os serviços de um homem e de uma mulher como repórteres na Oktoberfest, em Blumenau, pois o casal não tem formação em jornalismo.
O mais grave ainda dessa situação é que a denúncia/ação do SJSC levou em conta a configuração de “trabalho escravo” já que os dois, o “Par da Oktoberfest”, não receberiam salários e teriam direito apenas a alimentação, devendo arcar com quaisquer outras despesas na festa por cerca de 60 dias.

Segundo o presidente Rubens Lunge, a ação envolveu diretamente colegas jornalistas que leram o anúncio sobre o fato e alertaram o Sindicato quanto às irregularidades trabalhistas.

Caso a RBS descumpra a decisão judicial será multada em R$ 10 mil por dia”.


Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul
Rua dos Andradas, 12/133 - 13 andar Porto Alegre/RS
Tel.: (51) 3228.8146 | 3226.0664 | 3226.1735
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08 outubro 2009

As laranjas e o show

Por Gilmar Mauro

Na região de Capivari, interior de São Paulo, quando alguém exagera, tem uma expressão que diz: "Pare de Show!"

É patético ver alguns senadores(as), deputados(as) e outros tantos "ilustres" se revezarem nos microfones em defesa das laranjas da Cutrale. Muitos destes, possivelmente, já foram beneficiados com os "sucos" da empresa para suas campanhas, ou estão de olho para obter "vitaminas" no próximo pleito. Mas nenhum deles levantou uma folha para denunciar o grande grilo do complexo Monções. As laranjas, e não poderia ser planta melhor, são a tentativa de justificar o grilo da Cutrale e de outras empresas daquela região. Passar por cima das laranjas é passar por cima do grilo e da corrupção que mantém esta situação há tanto tempo.

Não é a primeira vez que ocupamos este latifúndio. Eu mesmo ajudei a fazer a primeira ocupação na região, em 1995, para denunciar o grilo e pedir ao Estado providências na arrecadação das terras para a Reforma Agrária. Passados quase 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos, mas a maioria das terras continua sob o domínio de grandes grupos econômicos. E mais, a Cutrale instalou-se lá há 4 ou 5 anos, sabendo que as terras eram griladas e, portanto, com claro interesse na regularização das terras a seu favor. Para tanto, plantou laranjas! Aliás, parece ter plantado um laranjal em parte do Congresso Nacional e nos meios de comunicação. O que não é nenhuma novidade!

Durante a nossa marcha Campinas-São Paulo, realizada em agosto, um acidente provocou a morte da companheira Maria Cícera, uma senhora que estava acampada há 9 anos lutando para ter o seu pedaço de terra e morreu sem tê-lo. Esta senhora estava acampada na região do grilo, mas nenhum dos ilustres defensores das laranjas pediu a palavra para denunciar a situação. Nenhum dos ilustres fez críticas para denunciar a inoperância do Executivo ou Judiciário, em arrecadar as terras que são da União para resolver o problema da Dona Cícera e das centenas de famílias que lutam por um pedaço de terra naquela região, e das outras milhares de pessoas no país.

Poucos no Congresso Nacional levantam a voz para garantir que sejam aplicadas as leis da Constituição que falam da Função Social da Terra:

a) Produzir na terra;
b) Respeitar a legislação ambiental e
c) Respeitar a legislação trabalhista.

Não preciso delongas para dizer que a Constituição de 1988 não foi cumprida. E muitos falam de Estado Democrático de Direito! Para quem? Com certeza estes vêem o artigo que defende a propriedade a qualquer custo. Este Estado Democrático de Direito para alguns poucos é o Estado mantenedor da propriedade, da concentração de terras e riquezas, de repressão e criminalização para os movimentos sociais e para a maioria do povo.

Para aqueles que se sustentam na/da "pequena política", com microfones disponíveis em rede nacional, e acreditam que a história terminou, de fato, encontram nestes episódios a matéria prima para o gozo pessoal e, com isso, só explicitam a sua pobreza subjetiva. E para eles, é certo, a história terminou. Mas para a grande maioria, que acredita que a história continua, que o melhor da história sequer começou, fazem da sua luta cotidiana espaço de debate e construção de uma sociedade mais justa. Acreditam ser possível dar função social à terra e a todos os recursos produzidos pela sociedade. Lutam para termos uma agricultura que produza alimentos saudáveis em benefício dos seres humanos sem devastação ambiental. Querem e, com certeza terão, um mundo que planeje, sob outros paradigmas que não os do lucro e da mercadoria, a utilização das terras e dos recursos naturais para que as futuras gerações possam, melhor do que hoje, viver em harmonia com o meio ambiente e sem os graves problemas socias.

A grande política exige grandes homens e mulheres, não os diminutos políticos - não no sentido do porte físico - da atualidade; a grande política exige grandes projetos e uma subjetividade rica - não no sentido material - que permita planejar o futuro plantando as sementes aqui e agora. Por mais otimista que sejamos, é pouco provável visualizar que "laranjas" possam fazer isso. Aliás, é nas crises, é nos conflitos que se diferencia homens de ratos, ou, laranjas de homens.


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Gilmar Mauro é integrante da coordenação nacional do MST. Texto em 7 de outubro de 2009. [http://www.mst.org.br/node/8289]

05 outubro 2009

Folha de São Paulo questiona o voto popular

Temendo a derrota de seu candidato José Serra, que não decola nem nas pesquisas de seu instituto particular, Otavinho Frias partiu de vez para o tudo-ou-nada. Na edição deste domingo, a Folha de São Paulo estampa como manchete o resultado de uma pesquisa produzida por seu instituto questionando a legitimidade dos resultados das eleições no Brasil. Segundo a pesquisa, estaria provado que nada menos do que 17 milhões de brasileiros venderam seus votos, pelo menos uma vez. A consagração do presidente Lula pela conquista das Olimpíadas Rio 2016, pode ter sido a gota d’água para a operação tudo-ou-nada.

Fernando Carvalho, de Madri

Lendo a manchete principal do jornal Folha de São Paulo desse domingo, ficamos sabendo que o seu dono, Otavinho Frias, mandou que o seu instituto particular de pesquisas, o DataFolha, produzisse uma enquete que questionasse, pudesse anular ou que pelo menos, justificasse mais tarde, que os resultados das próximas eleições para presidente, governadores e parlamentares não poderiam ser aceitos.

Obediente, o instituto Datafolha teria cumprido a ordem do chefe e entrevistado dois ou três milhares de pessoas em várias cidades do país, fazendo a seguinte pergunta: “alguma vez você votou em alguém em troca de alguma coisa”?

Segundo o jornal do Otavinho, se considerarmos o resultado encontrado pelo instituto do Otavinho, em proporção com a população do Brasil, estaria provado pelos cálculos dos cientistas empregados pelo Otavinho, que nada menos do que 17 milhões de brasileiros venderam seus votos, pelo menos uma vez.

Isso bastou para que o Otavinho, mandasse seus jornalistas, colocarem na primeira página de seu jornal, hoje, algo inédito. E que vai engrossar o já extenso currículo de pioneirismo da Folha pois nunca antes neste país, um jornal, alegando possuir “pesquisas científicas”, havia questionado o regime democrático de realizar eleições.

Ou seja, para o Otavinho, sua “pesquisa científica” provaria que tudo aquilo que acontece no dia das eleições seria uma autentica palhaçada, algo sem valor. Não valeria nada o trabalho dos juízes eleitorais, dos procuradores da justiça eleitoral, dos mesários, dos policiais, dos tribunais regionais eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral.

Tudo seria uma tremenda bobagem, uma falcatrua, inclusive o acompanhamento de especialistas e de representantes dos parlamentos de todo o mundo, que reconhecem sempre o excelente grau de lisura das eleições no Brasil.

Para o Otavinho, isso tudo é bobagem. É mentira. É bobagem para o Otavinho, principalmente, essa história de “vontade do povo”, expressa não
só nas urnas, mas nos bilhões de horas de trabalho ou de descanso que foram gastas pelos milhões de brasileiros que, a cada dois anos, ficam nas filas das seções eleitorais, ou se deslocando até o local das urnas.

Para o herdeiro da Folha de São Paulo, tudo o que foi e será considerado
como “vontade popular”, não valeu nada.

Não valeriam nada portanto, por esse raciocínio e seriam apenas papel sem valor, os mandatos que a Justiça Eleitoral do Brasil forneceu ao presidente da república, ao vicepresidente, aos senadores, deputados,vereadores e aos prefeitos e seus vices.

E não valeríamos nada, nós brasileiros.

Pois, das duas uma: ou somos fraudadores de eleições, do tipo que compra ou vende votos, ou somos milhões de ingênuos que acreditamos num sistema assim e ficamos quietos. Quem duvidar ou reclamar das “pesquisas científicas” do Otavinho é porque rouba eleições.

Os demais, que seriam os honestos, mas ingênuos, que não vendem o seu voto, deveriam aderir à oposição e ao golpe midiático que a Folha e outros jornais pretendem dar no governo no presidente Lula desde o primeiro dia de seu mandato, sem medo de serem acusados de golpistas, porque, segundo as “pesquisas do Otavinho”, as eleições não valeriam nada mesmo.

A bem da verdade, o pioneirismo da Folha para contestar os resultados das eleições é bem mais antigo. E o Otavinho não seria assim, um pioneiro. Em 1964 , Otávio Frias, o pai do Otavinho, dono da Folha, também contestou o mandato legitimo do presidente da República e de centenas de governadores, senadores e deputados, com uma pesquisa desse tipo.

Mais eficiente que seu filho, ele conseguiu que milhares desses mandatos populares, obtidos nas urnas em todo o Brasil, fossem retirados à força de seus detentores, sem processo, sem julgamento, convencendo maus militares a trabalharem sob suas ordens e inspiração, instalando no país uma ditadura que durou mais de 20 anos. Muitos dos que se tornaram “sem-mandato”, foram presos, torturados e mortos.

A Folha também foi pioneira na colaboração com um regime de exceção, pois, ao invés de combater com suas idéias aos usurpadores do poder, que censuravam a própria imprensa, o falecido Otávio Frias, pai do Otavinho, colaborou ativamente com os ditadores, aprovando e apoiando todas as barbaridades cometidas contra a população, como o arrocho salarial, a hipoteca das pequenas propriedades rurais, a perda dos direitos trabalhistas e à liberdade sindical.

Para fazer esse trabalho sujo de manipulação da opinião pública, Otavio Frias ganhou, sem licitação, tal como o Globo, o Estadão e outros jornais, gigantescas verbas de publicidade dos governos federal, estaduais e municipais. Essas verbas formaram as imensas fortunas que usufruem agora o Otavinho e os herdeiros dos Marinho, dos Mesquita, dos Sirotsky, dos Sarney, dos Collor, dos Maia e várias outras famílias que dominam a mídia que colaborava com a Ditadura nos estados.

Mas o fato que mais marca com o pioneirismo o currículo da Folha de São Paulo a nível internacional, foi a colaboração que o jornal prestou à ditadura transportando presos políticos, muitos deles torturados, que depois apareceram mortos ou estão até hoje desaparecidos, em
caminhonetes de entrega de jornais. Uma operação chamada OBAN, Operação Bandeirantes, realizada pelo exército em colaboração com empresários, para despistar juízes e familiares que procuravam em vão pelas vítimas nos quartéis para onde haviam sido levados ilegalmente.
Essa, nem os jornais que apoiavam o governo de Adolf Hitler fizeram. Transportar presos políticos em carros de entrega de jornal.

É pioneirismo puro. Mas uma vergonha que manchou inapelavelmente o currículo da Folha e que ainda está impune.

"Comentários dos leitores"
Outro movimento dessa ofensiva "tudo-ou-nada" aparece nos “comentários dos leitores”que a Folha seleciona (ou será que ela mesma produz?) e coloca embaixo das matérias que está publicando nesse momento em sua versão on-line: todos eles vinculam a fraude nas provas do ENEM com a possível fraude nas próximas eleições... Mereceu pouco destaque o fato de que o Grupo Folha é parceiro da gráfica contratada para imprimir a prova (a Plural é uma parceria do Grupo Folha com a empresa americana Quad/Graphics).

Mais uma tentativa do Otavinho de desgastar o presidente Lula frente aos jovens, justamente o presidente que criou o ProUni, que dá bolsas aos alunos pobres e descendentes dos escravos que os antepassados de pessoas como Otavinho devem ter comprado e vendido aos montes, quando o Brasil era uma colônia e depois um império.

Um império onde mandavam não aqueles que fossem escolhidos em eleições que Otavinho contesta e seu pai já contestava e fez deixar de terem validade por 21 anos, mas aqueles que teriam o direito divino, dado por Deus, de mandar por serem de “melhor raça”, “melhor berço”, mais ricos e prósperos e portanto, mais inteligentes e capacitados para mandar.

Com a palavra, as autoridades.

Liberdade de imprensa é uma coisa. Manipular a realidade, corromper pessoas, transportar presos em caminhonetes, ganhar fortunas sem licitação é outra.

Os excelentes resultados dos seis anos e meio de governo do presidente Lula nos campos econômico, social e político já estavam fazendo nos últimos dias o herdeiro da Folha a radicalizar nos ataques e ofensas pessoais a Lula.

Mas agora, temendo a derrota de seu candidato José Serra, que não decola nem nas pesquisas de seu instituto particular, exatamente por que o povo brasileiro associa sua imagem aos anos de desemprego, miséria e corrupção de Fernando Henrique Cardoso, Otavinho Frias partiu de vez para o tudo-ou-nada.

A consagração do presidente Lula pela conquista das Olimpíadas Rio 2016, pode ter sido a gota d’água que precipitou essa nova crise de demência.
Com a palavra as entidades dos pesquisadores, dos sociólogos, dos cientistas políticos, dos estatísticos, matemáticos e outros afetos a esse ramo da ciência e da pesquisa de opinião. Com a palavra o Ministério Público Federal, a Justiça Eleitoral, os parlamentares, os governadores e prefeitos atingidos, cujos mandatos Otavinho colocou sob suspeita, com suas “pesquisas científicas”. Tanto os mandatos dos políticos do governo como os da oposição.

Com a palavra, principalmente, o presidente Lula, que sofre calado ataques e xingamentos dos jornalistas pagos pelo Otavinho, há mais de 30 anos.
E que depois de assumir a presidência, temendo ser acusado de atentar contra a liberdade de imprensa, tem permitido calado e de forma a meu ver equivocada, que gente como o Otavinho, continue ofendendo, não só a ele, mas o seu mandato popular, as instituições democráticas e próprio povo brasileiro.

Com a palavra, principalmente, nós os leitores de jornais do Brasil, mesmo aqueles que, sendo de oposição, teriam obrigação de nunca mais anunciarem ou comprarem um jornal com o currículo que Otavinho e seu pai fizeram injustamente a Folha e seus competentes profissionais ostentarem para o resto de suas vidas.

Daqui para frente, nem que eu leia outro jornal de oposição: mas a FOLHA, NÃO!

Texto atualizado em 05/10/2009

(*) Fernando Carvalho é jornalista.

O Brasil derrota os corvos

por Emir Sader
02/10/2009



“Corvo” foi o nome que ganhou Carlos Lacerda, como ave que busca rapina onde houver, senão, inventa. É o espírito udenista, golpista, que sucumbiu sucessivamente à liderança de Getúlio e das forças populares. Não ganhavam eleições, iam bater nas portas dos quartéis (“vivandeiras de quartel”, eram chamados), para tentar, pela força, o que não conseguiam pela persuasão. Até que, com o apoio decidido do governo dos EUA e da mídia – a mesma que agora: Globo, Folha, Estadão -, deram o golpe e instauraram a ditadura militar, que tantos males fez ao país.

Suas características são muito similares às dos corvos de hoje: são brancos, de classe média, odeiam o povo, tem seu núcleo básico em São Paulo, se agrupam em torno da imprensa, tem uma sólida convicção de que tem razão (mesmo contra todas as evidências e a grande maioria dos brasileiros), se refugiam em denuncias moralistas, detestam a América Latina e o sul do mundo (adorando os EUA e a Europa), crêem que São Paulo é a “locomotiva do país”, que arrasta os outros estados preguiçosos (o mesmo sentimento da sublevação de 1932, que eram separatistas). Também tem como característica ser sempre derrotados, tendo que apelar para suas armas preferidas – a força dos golpes e o monopólio da imprensa.

A campanha para trazer as Olimpíadas ao Brasil possibilitou distinguir os que amam o Brasil, mais além dos seus problemas e com todos os seus problemas, e os que têm suas almas corroídas pelo ódio, torceram e militaram contra o Brasil. (Um deles convenceu seus leitores a tal ponto que numa consulta que fez, ganhou Chicago contra o Brasil.) Agora se vestem de luto – a cor dos corvos – e já tem temas para amargurar o resto das suas vidas até 2016. Para os que têm alma pequena, segundo Fernando Pessoa, a vida não vale a pena.

Estão há anos incomodados que o Brasil dê certo governado por um operário, sindicalista de base, nordestino, sem diploma universitário, que perdeu um dedo na máquina, enquanto aquele do qual são viúvas - supostamente a pessoas melhor qualificada para dirigir o Brasil - fracassou estrepitosamente e é repudiado pelo povo. Tem a alma corroída pelo ódio, pelo despeito, pelo rancor.

Lula tinha que dar errado, como Evo tinha que dar errado, como Hugo Chávez tinha que dar errado. Um é de origem nordestina e operária, o outro é indígena, o terceiro é um mulato. Mas quem fracassou foram os tucanos, aqui, com FCH, na Bolívia, com Sanchez de Losada, na Venezuela, com Carlos Andrés Perez. Não por acaso o governo de FHC apoiava àqueles, Lula apóia aos que os sucederam e, estes, por sua vez, têm a Dilma como candidata.

Essa geração de lacerdistas, corvos do século XXI, precocemente envelhecidos, pela frustração e pelo rancor, vegetarão o que lhes resta viver, ruminando reclamações contra o Campeonato Mundial de 2014 e contra os Jogos Olímpicos de 2016. Enquanto a caravana do povo brasileiro passa.

Postado orginalmente no Blog do Emir

01 outubro 2009

O que é bom para o Lula, é ruim para o Brasil?

por Emir Sader

A mídia mercantil (melhor do que privada) tem um critério: o que for bom para o Lula, deve ser propagado como ruim para o Brasil. A reunião de mandatários sulamericanos em Bariloche – que o povo brasileiro não pôde ver, salvo pela Telesul, e teve que aceitar as versões da mídia – foi julgada não na perspectiva de um acordo de paz para a região, mas na ótica de se o Lula saiu fortalecido ou não.

O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho.

A mesma atitude têm essa mídia comercial e venal diante da possibilidade do Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiromundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão e um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil.

São pequenos, mesquinhos, só vêem pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores, de que fazem parte as 4 famílias – Frias, Marinho, Civitas, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro.

O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição.

O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norteamericano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem auto estima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão?

São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõem a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil.

O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula.

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publicado no Blog do Emir

30 setembro 2009

Governador Jaques Wagner cancelara visita a Porto Seguro

Wagner não quis aparecer ao lado do prefeito suspeito de mandar matar dois professores sindicalistas.

O governador Jaques Wagner cacdelou a visita que faria a Porto Seguro no sábado, 26. A assessoria de comunicação do governador não revelou o motivo do cancelamento da viagem.
Após a morte do líder sindical Álvaro Henrique, vítima do atentado que também matou o professor Elisney Pereira, o clima em Porto Seguro é de revolta e indignação contra o prefeito municipal, Gilberto Abade, acusado de ser o maior interessado na morte dos jovens sindicalistas.

O início da aividade política de Wagner, como do presidente Lula, foi a atividade sindical, assim como Álvaro também era.

“Existe algo podre em Porto Seguro”, diz um professor do município
Professores demonstraram indignação com o bárbaro assassinato de dois colegas, crime que precisa ser esclarecido.
PORTO SEGURO - Ao receberem o corpo do presidente da APLB, Álvaro Henrique Santos, no Colégio Municipal do bairro Baianão, em Porto Seguro, muitos professores não conseguiram conter sua revolta com o crime bárbaro.

O corpo do líder sindical assassinado chegou no aeroporto de Porto Seguro na manha desta quinta e seguiu em cortejo fúnebre pelas ruas e avenidas do município, até o colégio onde o professor lecionava, para ser prestada a última homenagem.

Álvaro Henrique e o professor Elisney Pereira foram assassinados numa emboscada na semana passada.

Bastante emocionados, amigos, familiares e professores expressaram revolta com a morte do líder sindical e do seu colega. “Perdemos dois grandes líderes injustamente e até agora não sabemos o porquê. Não temos apoio do poder constituído para dizer se a investigação está caminhando ou não. Não iremos nos calar diante de tamanha safadeza que foi feita com nossos colegas. Não iremos nos conformar, enquanto o crime não for resolvido. Quantos Álvaros e Erisney terão que morrer por uma causa nobre, que é a melhoria da educação?”, questionou o professor Edílson Brito de Oliveira.

“Existe alguma coisa podre em Porto Seguro e essa sujeira tem que ser arrancada, tem que ser extirpada. Quem tem o coração tão mau assim para mandar matar dois jovens como esses é um monstro e tem que desaparecer da nossa cidade”, declarou o professor Everal Silva.

29 setembro 2009

"MANIFESTO DE REPÚDIO AOS ASSASSINATOS DOS PROFESSORES SINDICALISTAS EM PORTO SEGURO


Mártires

Matar líderes sindicais atuantes, como Álvaro Henrique e Elisney Pereira, professores determinados que estavam dispostos a enfrentar pressões, é um tiro a queima-roupa na Democracia.
E não torna as coisas mais fáceis.
Trata-se de um banho de sangue na Constituição brasileira, que joga a reputação da cidade de Porto Seguro na lama.
E isso no Brasil de Lula e na Bahia de Wagner.
O Estado Democrático de Direito não pode tombar mortalmente nos braços da impunidade.
A sociedade impotente se entrega refém do medo.
Morre também com Álvaro e seu colega Elisney um pedaço de cada um de nós que tem sede de Justiça e de Paz.
Vai para debaixo da terra toda a esperança que eles plantaram em suas trajetórias de luta como educadores e dirigentes sindicais.
E cabe a nós sobreviventes a tarefa de regar os rebentos que porventura surjam dessas sementes, mesmo que alguns desistam, ainda assim é preciso regar de novo o sonho de um mundo justo e pacífico.
Mataram Álvaro e Elisney covardemente, numa emboscada, ato brutal e repugnante.
Mas a impunidade não pode prevalecer. Temos a obrigação moral de resistir e seguir em frente, em respeito a honra dos professores mártires dessa história.
Devemos e podemos reerguer o Estado Democrático de Direito, convocar a sociedade para saber quem está do lado de quem. As entidades constituídas precisam dar as mãos e formar uma corrente capaz de enfrentar a realidade.
Precisamos cobrar das autoridades que encontrem os verdadeiros culpados e que eles sejam punidos.
Que Álvaro e Elisney vivam para sempre em nossos corações e mentes.

Geraldinho Alves
REDE IMPRENSA LIVRE – BLOG E JORNAL

APLB - EUNÁPOLIS / PORTO SEGURO

CREA - BAHIA/ INSPETORIA DE EUNÁPOLIS

ASSOCIENGE - ASSOCIAÇÃO REGIONAL DOS ARQUITETOS E ENGENHEIROS DE EUNÁPOLIS

SINTERP (SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE RÁDIO E PUBLICIDADE)

CDL (CÂMARA DOS DIRIGENTES LOJISTAS) DE PORTO SEGURO

28 setembro 2009

Liberdade pra eles é sempre de empresa

Recebi do colega Jorge Correa a seguinte nota:

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), organização que se diz
preocupada com a liberdade de imprensa nas Américas, está praticamente
ignorando as medidas todas que o regime golpista de Roberto Michelleti está
tomando para censurar a mesmíssima liberdade de imprensa que a organização
diz defender.
Neste momento, no site da entidade, ao listar as notícias ali veiculadas
por ordem cronológica, aparecem notícias sobre supostas “ameaças” à
liberdade de imprensa no Equador, na Bolívia, na Venezuela e até no Brasil,
ao passo que a censura estabelecida pelo regime de facto de Honduras é
solenemente ignorada.
Detalhe: ao listar as notícias do site da SIP por país, a última notícia
que aparece sobre Honduras é de 2007.

23 setembro 2009

Adroaldo Bauer Corrêa para presidente do PT de Porto Alegre

A Chapa União, Diálogo e Renovação apresentará minha candidatura a presidente do PT de Porto Alegre. Registro será às 17h30min na sede municipal. Honra qualquer militante o reconhecimento dos companheiros de jornada e lutas. Fico feliz em poder ajudar a construir um partido dirigente, com estratégia socialista, ético e republicano nas relações com a sociedade.

16 setembro 2009

não perca de modo algum

Mesa-redonda sobre Jornalismo Internacional (17/09) com a presença de

Newton Carlos

Confirmado na última hora, Newton Carlos participa da mesa de Jornalismo Internacional da III Semana de Jornalismo da UFRJ - a Meio a Meios.

Durante 25 anos, Newton Carlos manteve uma coluna diária sobre política internacional no jornal Folha de S. Paulo, pelo qual se aposentou e no qual continua como colaborador. Trabalhou durante 35 anos na Rede Bandeirantes. Foi editor internacional do Jornal do Brasil e colunista do Correio da Manhã, entre outros.




Palestrantes:


Newton Carlos

Nelson Franco Jobim - TV Brasil

Samy Leal Adghirni - Folha de São Paulo
Claudia Antunes - Folha de São Paulo
Maria José Baldessar - UFSC
Mediadora: Cristina Rego Monteiro - UFRJ
Ao longo do século XXI a noção de “globalização” foi ganhando força e hoje é um conceito consolidado que traduz a integração e interdependência cada vez maior entre os Estados. Em um cenário de encurtamento das distâncias, diluição das fronteiras políticas e construção de um mercado financeiro mundial, fica cada vez mais evidente o papel fundamental do Jornalismo Internacional não só como ferramenta de difusão de informação, mas também como estrutura inerente à configuração transnacional que vemos atualmente.

Desempenha um papel essencial para a viabilização de um sistema de cooperação mútua entre os Estados, assim como tem poder suficiente para despertar atritos entre os mesmos. Além disso, com o surgimento de novas tecnologias de comunicação e a velocidade crescente com que as informações circulam, ratifica-se cada vez mais a noção do imediatismo na prática jornalística. A partir dessa nova característica o Jornalismo Internacional é potencializado a um nível jamais alcançado. Logo, torna-se crucial a análise desse campo da produção jornalística, levando-se em consideração não só sua importância enquanto peça-chave para o jogo de forças que rege as relações entre Estados e entre outra aglomerações internacionais (ONGs, empresas transnacionais e até organismos de caráter global), como também seu razoavelmente recente ganho de poder com o desenvolvimento dos meios de comunicação.

Tendo em vista a importância crescente do Jornalismo Internacional frente a um contexto de integração mundial, a Meio a Meios III buscará destacar as alterações que ele vem sofrendo ao longo do século e principalmente como é elaborado hoje. Será enfatizado como os meios de comunicação condicionaram a produção jornalística internacional por meio de um debate que colocará em evidencia a visão dos principais atores envolvidos no processo de circulação da informação em cenário global.

Confira o perfil de cada palestrante:

Newton Carlos
Durante 25 anos, manteve uma coluna diária sobre política internacional no jornal Folha de S. Paulo, pelo qual se aposentou e no qual continua como colaborador. Trabalhou durante 35 anos na Rede Bandeirantes. Foi editor internacional do Jornal do Brasil e colunista do Correio da Manhã, entre outros.
Maria José Baldessar (UFSC)
Professora do Programa de Pós-graduação em Design e Expressão Gráfica do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde ministra disciplinas de Jornalismo Online e Internacional. Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Integrante do Núcleo de Televisão Digital Interativa/UFSC e do projeto www.cotidiano.ufsc.br

Samy Leal Adghirni (Folha de S. Paulo)
Samy Adghirni, repórter da Folha de S.Paulo desde o final de 2007, especializado em política externa e Oriente Médio. Formado em Jornalismo pela Universidade Stendhal de Grenoble, França. Cobriu a Copa de 98 na França pela Rádio Guaíba de Porto Alegre e trabalhou em jornais regionais franceses.

Em Paris, foi repórter da rádio BFM e Radio France Internationale e da revisa Trax, especializada em música eletrônica. Em Brasília, foi setorista de Itamaraty e colunista de música eletrônica pelo Correio Braziliense e repórter free-lancer da Agence France Presse (AFP). Fez reportagens em Gaza, Cisjordânia, Síria, Israel, Marrocos, EUA, República Dominicana, Argentina e vários países europeus.

Nelson Franco Jobim (TV Brasil e Univ. Cândido Mendes)
Editor internacional da TV Brasil e pesquisador associado do Centro de Estudos das Américas da Universidade Cândido Mendes. Jornalista há 34 anos, especializado desde 1983 em política internacional, professor universitário e consultor de relações internacionais. Foi editor internacional do Jornal da Globo, correspondente do Jornal do Brasil em Londres, editor de inglês do Serviço de Notícias dos Jogos Pan e Parapan-Americanos Rio 2007, colaborador de O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Veja, Época, Playboy, Elle, SuperInteressante, TV Globo, GloboNews, SBT, Rádio Bandeirantes, BBC, London Radio Service, No.com e TVE-Rede Brasil. Colunista de política internacional do Baguete. Mais detalhes em http://nelsonfrancojobim.blogspot.com/

Claudia Antunes (Folha de S. Paulo)
Formada pela ECO/UFRJ (1982), é repórter especial da Folha de S. Paulo. Foi editora internacional do Jornal do Brasil (1995-1999), da Folha (2006-2009) e bolsista da Fundação Nieman para o Jornalismo, da Universidade Harvard (2005-2006).


Mediadora: Cristina Rego Monteiro da Luz (ECO-UFRJ)

Doutora em Comunicação e Cultura, com a tese “A pauta jornalística e suas mediações”, pela Escola de Comunicação da UFRJ, onde se graduou. Jornalista e professora universitária. Atualmente é professora adjunta e coordenadora do Ciclo Básico da ECO/UFRJ. Já trabalhou como repórter especial, apresentadora e produtora de telejornalismo na Rede Bandeirantes de Televisão e foi chefe de redação na Agência Publicitária “A to Z”. Atuou como repórter especial e apresentadora na Rede Manchete de Televisão, e CNT e como chefe da Assessoria de Comunicação Social da Secretaria Municipal de Turismo do Rio de Janeiro.

Ganhou em 1981 o Troféu “Melhor Repórter”, concedido pelo Programa Discoteca do Chacrinha. Já em 1982 foi vencedora do Prêmio “Wladimir Herzog”, com a matéria “Corredores da Justiça”, uma denúncia sobre as condições do sistema penitenciário brasileiro, transmitida em rede nacional pela Bandeirantes. Em 1983 foi considerada a melhor repórter do Carnaval do Rio de Janeiro, pela Rede Bandeirantes de Televisão, ganhando o prêmio cedido por essa emissora. Em 1984 e 1985 também pelas coberturas carnavalescas foi vencedora dos Prêmios Momo de Ouro.

Mais informações em www.meioameios.com e cobertura pelo twitter.com/petecoufrj

11 setembro 2009

Vaia de cabo a rabo pra governadora dos gaúchos

Dia 20 de setembro, data em que os gaúchos comemoram o aniversário da Revolução Farroupilha, como que uma segunda pátria, se não a primeira, para muitos, daqui, poder-se-á repetir a vaia recebedida pela senhora governadora sobre quem pesam indícios objetivos de prevaricação, caixa dois, corrupç~~ao da grossa denunciados por ex-parrceiros dela de campanha e govrno na polícia.

Isso já aconteceu no 7 de setembro, embora a amiga grande mídia não deu repercussão ao fato. O povo viu.

grandeNa manhã de 7 setembro em Porto Alegre, YEDA CRUSIUS recebeu grande vaia da população presente.
Foi extremamente constrangedor.
A principal envolvida em escândalos de improbridade administrativa e desvios de dinheiro público achou que a recente campanha do grupelho RBS tentando dar "um novo jeito de governar" à governadora, bastaria para ser recebida pela população de braços abertos.

Náo vimos da mídia dominante uma linha sobre este acontecimento.
Inofrma-se aqui a todos o que aconteceu em Porto Alegre. Yeda voi vaiada de cabo a rabo durnte a parte que participou do desfile.

02 setembro 2009

Fossem os tempos pós-modernos...

Se os tucanos tivessem ganho em 2002, hoje provavelmente a festa do pré-sal seria no Texas, ou em Cingapura - na sede da empresa que teria assumido o controle da Petrobrax.
Os tempos do "pensamento subalterno", os tempos de tirar os sapatos para os Estados Unidos, esses ficaram pra trás.
"Altas personalidades naqueles anos chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro – mais precisamente, o último dinossauro a ser desmantelado no país. E, se não fosse a forte reação da sociedade, teriam até trocado o nome da empresa", disse o presidente Lula no lançamento do pré-sal.(Rodrigo Vianna)

01 setembro 2009

Um papelão com assinatura e foto

Mônica Waldvogel reuniu no programa "Entre Aspas", da Globonews, o ex-secretário da Receita Federal do governo FHC Everardo Maciel, o presidente do SindiReceita, Paulo Antenor, e um advogado tributarista para discutir a "crise da Receita".
Após uma introdução onde denunciou o "aparelhamento" da Receita e apresentou Lina Vieira como "vítima" deste processo, ouviu dos convidados que o aparelhamento foi feito, na verdade, por Lina Vieira.
Para o jornalista Luis Nassif, o comentário inicial de Waldvogel foi "vergonhoso, antijornalístico e desonesto".

29 agosto 2009

Universal e Globo santas não são

Não há mocinhos em nenhum dos lados da recente briga entre a TV Globo e a Rede Record de Televisão. Também não há mentiras nos ataques de uma contra a outra: os Marinho sempre tiveram uma relação espúria com o poder e a Record, uma interação promíscua com a Igreja Universal do Reino de Deus. Mas o problema central nessa guerra é que estão guerreando com armas alheias. Estão guerreando com armas públicas.(Rodolfo Viana)

27 agosto 2009

A VERDADEIRA FACE DE LINA

Ex-secretário da Receita Federal no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, Everardo Maciel, disse quarta-feira (26) em entrevista à Folha Online que a fiscalização dentro do órgão foi "desarticulada" durante a gestão de Lina Maria Vieira, que deixou o cargo no mês passado pouco menos de um ano depois de substituir Jorge Rachid.

Segundo ele, as principais metas de fiscalização e planos de ação fiscal "não existem mais". Maciel ainda desmentiu a tese de que o foco sobre as grandes empresas foi uma marca na gestão de Lina, como defendem os funcionários da Receita que deixaram cargos de confiança. Segundo reportagem da Folha, cerca de 60 pessoas em postos de chefia, distribuídas em 5 das 10 superintendências regionais, avisaram seus superiores que deixarão suas funções. "! Isso é falso. Quem criou a delegacia de fiscalização dos bancos fui eu. O criador do programa de fiscalização de grandes contribuintes fui eu. Então isso não é verdade. Era preciso medir com precisão, e não como foi divulgado com os dados de São Paulo, quantos grandes contribuintes foram fiscalizados no primeiro semestre comparado com semestres anteriores. Aí vamos ter uma surpresa", disse. Maciel ainda rejeitou a tese de que o cargo de secretário da Receita deveria ter mandatos --como ocorre, por exemplo, com as agências reguladoras.

www.affonsoritter.com.br



MÍDIA PARTIDARIZADA

Em quarenta anos de profissão, nunca vi a mídia tão partidarizada. Jamais. Jamais testemunhei um fenômeno como o de Lina Vieira: a mídia martela uma tese e simplesmente descarta todas as outras que possam contradizer aquela tese.

Uma tese bancada por Agripino Maia. Uma tese que tem o objetivo de carimbar Dilma Rousseff como "mentirosa". Que faz parte da campanha para demonizar a candidata do governo. Que, em minha opinião, obedece a uma campanha milimetricamente traçada por marqueteiros de José Serra e executada por prepostos dos Civita, Marinho, Frias e Mesquita.

Do blog Eu vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha

26 agosto 2009

As torneiras abertas do Rio Grande do Sul

Eduardo Tessler*


Não bastasse a crise política em que se meteu a governadora gaúcha Yeda Crusius, agora a lista de desvio de dinheiro público ganha novos reforços a cada dia.

O escândalo mais recente não chama a atenção pela quantidade - R$ 15 mil - mas pela total falta de critérios que os governantes do Rio Grande tem para abrir as torneiras e despejar verbas públicas. O dinheiro em questão foi dado sob forma de "diárias" para que o cidadão gaúcho Clóvis Fernandes pudesse assistir aos jogos da Copa das Confederações, disputada em junho na África do Sul.

O conhecido "Gaúcho da Copa" ficou famoso por aparecer com seu generoso bigode e uma réplica da Copa do Mundo em mãos nas transmissões de jogos dos Mundiais. O locutor Galvão Bueno chama-o de "simpático".

Clóvis Fernandes tentou ser vereador em 2008. Não conseguiu mais que 2.300 votos e ficou de fora. Concorreu pelo PMDB, um dos partidos da base de Yeda Crusius. Hoje Fernandes é CC do governo gaúcho, lotado na secretaria de Relações Institucionais. E de quebra ainda leva algumas diárias para passear e ver futebol.

Ou seja, não bastasse Fernandes ter se ausentado do trabalho em uma secretaria de Estado por 19 dias, ainda recebeu um "extra" para isso.

Se Fernandes busca patrocínio para ir às competições internacionais, mérito dele e de seu grupo. O site do "Gaúcho" apresenta anúncios de uma agência de viagens, uma confecção de camisetas, uma empresa de comunicação visual, uma de TV por assinatura e de uma rede de lojas de música, de propriedade do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto. Até aí, nenhum problema.

Mas quando o governo do Estado abre a torneira e paga 19 diárias de viagem para que um CC vá se divertir na África do Sul, aí o furo aumenta.

Qual a vantagem para o Estado em ter um torcedor assistindo jogos da Seleção Brasileira?

Segundo o secretário da Casa Civil, José Alberto Wenzel, que autorizou a viagem, "o dinheiro foi muito bem investido".

Em que, secretário? Em cerveja? Em visita a tribos e reservas naturais, como aparece no site do "Gaúcho"? Fernandes divertiu-se vendo os jogos e distribuiu panfletos falando de Porto Alegre na Copa de 2014. E voltou com uma conclusão "fundamental": trânsito é um problema para a Copa. Ah, bom, ainda bem que o enviado especial revelou esse segredo.

Fernandes é um cara-dura que consegue abrir as torneiras do Estado. Mas o problema não é ele ou outros que se aproveitam do desgoverno. O problema está exatamente em quem assina o cheque. A governadora, os secretários, os que não cuidam do patrimônio e das finanças do Rio Grande.

O dinheiro gaúcho hoje escorre por todos os lados. A tal ponto que uma empresa terceirizada, que cuida dos depósitos de carros apreendidos pelo Detran-RS, cobra uma suposta dívida de R$ 16 milhões do governo. E se não fosse o Ministério Público impedir esse absurdo, a governadora já teria pago.

As torneiras gaúchas estão abertas.

Eduardo Tessler é jornalista - Porto Alegre (RS)

25 agosto 2009

O senado é o fim. Fim ao senado, já!

Porque Sarney virou vilão?


Agora, oposição "descobre" clientelismo de Sarney

A crise instaurada no Senado Federal tem circundado a figura do mandatário da casa José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República e detentor de monopólios nos estados do Maranhão e Amapá. Práticas clientelistas e oligárquicas, além do amplo trânsito nas esferas de poder, não são novidades no curriculum do maranhense – tal como a biografia de muitos de seus acusadores e apoiadores.
Pode se dizer que em nível nacional, Sarney nunca soube o que é ser oposição. Iniciou sua carreira pública discretamente, elegendo-se 4º suplente de senador em 1954, pelo getulista PSD.

Durante a ditadura militar, chegou a ser líder do diretório nacional da situacionista Arena. Às vésperas do colégio eleitoral, trocou de “lado” e foi para o PMDB disputar as eleições indiretas para presidência da República como vice de Tancredo Neves, que venceu o pleito, mas morreu antes de assumir. Sarney foi “obrigado” a abandonar sua discrição na carreira política e foi o primeiro civil a governar o país depois de 21 anos de domínio militar, entre 1985-1989.

Seus cinco anos de governo foram marcados pela inflação exorbitante e pelos planos econômicos fracassados, como o Bresser, Verão. Para aumentar seu mandato de 4 para 5 anos, distribuiu concessões de rádio e TV para parlamentares.

No governo Fernando Henrique Cardoso, foi um importante cabo-eleitoral e articulador político do tucano no norte-nordeste, sendo premiado com a presidência do Senado entre 1995-1997. Foi a primeira das três vezes que Sarney comandou a casa. As demais foram entre 2003-2005 e a que se iniciou em fevereiro deste ano e persiste em continuar – ao menos até o fechamento desta edição.

2010 é agora

Se já está há 55 anos na vida pública com os mesmos métodos, por que somente agora Sarney vira o inimigo público número 1? Uma análise recorrente dá conta de que os escândalos políticos só estampam as manchetes dos grandes jornais quando não há um acerto de bastidores, ou seja, quando as arestas não são aparadas, grupos poderosos revelam os “podres” de inimigos pontuais. A vociferação do PSDB e do DEM, por exemplo, contra o ex-presidente da República pode ser considerada efêmera, pois este comportou-se como aliado durante os 8 anos do mandato de FHC. Este, aliás, mandou sinais à bancada tucana para que apoiasse a eleição do atual presidente do Senado, em fevereiro de 2009. Para o cientista político José Antonio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconomicos (Inesc), o que está por trás da ofensiva contra o senador do Amapá é o início da corrida eleitoral de 2010.

De um lado, a base aliada sabe da importância de ter o apoio do PMDB para deslanchar a candidatura de Dilma Roussef, ministra-chefe da Casa Civil. Mesmo desmoralizado e com a pecha de fisiologista, o PMDB continua sendo o maior partido do país, com maior bancada legislativa e número de prefeituras. A oposição, por sua vez, busca minar esse apoio, tentando dividir ainda mais o partido.

“Sarney se construiu com base no poder criado através do uso do espaço público com interesse privado. Agora, o fato de a imprensa elegê-lo como inimigo, não pode ser desvinculado do processo eleitoral de 2010, pois tentam colar a imagem dele à do presidente Lula. É um contexto eleitoral que surge por conta desse passado do Sarney e esse presente de apoio a Lula”, analisa Moroni.

Segundo Moroni, os escândalos que movimentam a rotina de Brasília são frutos de desacordos nos bastidores, não de investigações aprofundadas. “Esses escândalos só surgem quando as elites não conseguem se acertar entre si. Quando se se acertam, essas coisas não aparecem. E é vergonhoso o papel da grande mídia. Ela não repercute apenas esses escândalos, ela faz parte da construção deles”, avalia.

Um símbolo

Na análise de Cláudio Weber Abramo, diretor executivo da Transparência Brasil, o foco excessivo sobre o senador maranhense deixa de revelar as irregularidades praticadas por seus pares. “Sarney é meramente um símbolo das evidentes irregularidades que ocorrem no Senado e são praticadas por muito mais gente. Mas é claro que isso não o torna inocente. O foco sobre Sarney tem a desvantagem de tirar atenção para o fato de dezenas de senadores terem se beneficiado ao longo dos anos”, opina Abramo.

A saída do presidente da casa de seu cargo, como clama opinião pública e oposição, não resolveria os problemas éticos da instituição de forma efetiva, de acordo com Abramo. “Achar que simplesmente a saída de Sarney do cargo resolveria tudo,é um absurdo. Existe um problema sistemático que não se resolve com a saída dele. Ele tem que ser responsabilizado, inclusive criminalmente. Numa situação em que agentes públicos se aproveitam do cargo para praticar corrupção, o Ministério Público tem que agir”, aponta.

O sociólogo Rudá Ricci, diretor geral do instituto Cultiva, a saída de Sarney responderia a um problema apenas conjuntural do Congresso. “[A saída] aliviaria a pressão sobre o governo federal e sobre a bancada do PT no Senado. Seria uma solução conjuntural, momentânea. Mesmo porque, a cassação de Sarney renderia uma forte reação da tropa de choque que o apoia no Senado e, talvez, de parte do PMDB, colocando em risco a coalizão presidencialista”, afirma.

A pauta do “Fora, Sarney” que ganhou as galerias do Senado, capitaneada por grupos heterogêneos, causaria uma alternância na casa sem muito efeito em termos nacionais. “A substituição teria mais efeito sobre o Maranhão que sobre o Senado ou a mudança da política nacional. Poderia dar fôlego à oposição ao governo Lula, principalmente PSDB e DEM, já que PSOL e PV aparecem como coadjuvantes”, conclui.


Fonte: Brasil de Fato / Renato Godoy de Toledo

22 agosto 2009

Indignação



Assassinato pela ordem

o soldado mira um alvo adiante
de um homem a roupa agora escarlate
o corpo inerte, jaz no chão inanimado
que honra haveria na batalha
se apenas um lado têm armas
o nome do massacre é assassinato
na iníqua e injusta ordem sustentado,
é a lei dos proprietários das vidas
de quem o servil miliciano é capacho

Adroaldo Bauer



É com profunda é múltipla indignação que recebemos esta infame notícia de um cidadão, agricultor sem terra, assassinado ontem, por episódio da desocupação da Fazenda Southall em São Gabriel.

Indignação com a ação da Brigada Militar, orientada de forma equivocada pelo seu comando. Esta morte deriva da política de enfrentamento da Governadora, levada a cabo pelos sucessivos comandos da BM neste Governo. Truculência ao invés do diálogo, “ideologismo” ao invés de profissionalismo, violência ao invés do bom senso.

Indignação com a manipulação ideológica que polui a cobertura dos veículos de comunicação do estado, como se os trabalhadores sem terra procurassem um mártir, desejando esta morte. Esta morte não é culpa dos trabalhadores, estes são vítimas do poder político que, ainda, beneficia os poderosos e ricos.

Indignação, por fim, com o Governo Yeda que, chafurdado na corrupção, esqueceu do Rio Grande do Sul. No Governo Olívio Dutra, o PT provou que um governo estadual pode e deve ser responsável com a distribuição de terra, com o crescimento econômico e com a justiça social.

É inaceitável a permanência deste comando-geral da Brigada Militar como é inaceitável a permanência desta Governadora à frente do poder executivo estadual.

Jorge Branco

12 agosto 2009

Aniz estrelado é base do Tamiflu


Sua árvore lembra o loureiro, pelo porte, e a magnólia por suas flores


O anis-estrelado é a base para o fármaco Tamiflu, atualmente utilizado para combater a gripe suína. Não é plantado comercialmente no Brasil.

É carminativo e muito útil nos casos de digestões difíceis, fermentação intestinal e flatulência. Alivia os espasmos das visceras ocas (estômago, vesícula biliar, intestino, útero).

O anis-estrelado (Illicium verum ), não deve ser confundido com o anis (pimpinella anisum L.) apesar de conter o mesmo princípio ativo (anetol) tendo propriedades semelhantes àquela planta.

É digestivo como o anis, porem é mais concentrado.

A essência do anis-estrelado, por conter anetol, tem efeitos tóxicos sobre o sistema nervoso, causando delírios e convulsões quando tomado em doses elevadas.




Seus frutos têm a forma de estrela de 8 a 12 pontas, de cor castanha.

Originário do Sul da China, é cultivado em zonas quentes e úmidas do continente americano.
É uma árvore da família das Magnoliáceas, que atinge de 2 a 5 metros de altura.
A sua casca é branca e as folhas perenes e lanceoladas. Tem aroma semelhante e mais intenso que o anis.
Foi introduzido na Europa no século XVII.
Ainda hoje a China é o seu maior produtor. Os chineses o utilizam para temperar carnes e frutos do mar.
O anis-estrelado é também conhecido como anis-da-China, anis-do-Japão, anis-da-Sibéria, funcho-da-China; em Portugual como badiana, anis-estrelado; na Espanha: anis estreliado, anis de estrella, anis de China; na França: como badiane, anis de la Chine; na Inglaterra: star anise, Chinese anis.

Postado por Edilza Nascimento em Saúde pelas Plantas.

07 agosto 2009

Que se acabe o Senado!



O Senado do Brasil já demonstrou até a náusea que é imprestável e desnecessário.
Na conservadora e retrógrada câmara revisora prevalecem os baixos interesses das minorias oligárquicas incrustradas ainda na conformação do estado brasileiro.
O país necessita se libertar desses corrosivos cancros para dar fim ao patrimonialismo e ao secular regime cartorial e começar a depósítá-los no lixo da história, o lugar adequado da corrupção, do nepotismo, do compadrio, das práticas de acomodação dos interesses dos grandes proprietários das corporações de comunicação, industriais, financeiras e comerciais, dos latifúndios, que submetem o país ao charco e à lama das pequenezes de que se constituem.
Dar fim ao Senado no Brasil é uma medida cívica saneadora urgente e impostergável.

Adroaldo Bauer Corrêa