29 dezembro 2007

Lula é o preferido dos últimos 20 anos e faz balanço da gestão*


O Instituto Brasmarket divulgou na última semana pesquisa que mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é considerado o melhor presidente do Brasil dos últimos 20 anos, desde a redemocratização. O levantamento, feito na capital paulista, revela que o presidente petista tem o apoio da população mesmo em temas espinhosos, como a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a transposição do Rio São Francisco.

Lula apareceu com 51,5% da preferência, superando com folga a soma de seus quatro últimos antecessores - que foi de 31,5%. O tucano Fernando Henrique Cardoso registrou 17,6%, o agora senador José Sarney (PMDB-AP) foi lembrado por 5,7%, seguido do também senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), com 4,1%, mesmo percentual do vice que assumiu após o impeachment do alagoano, Itamar Franco. O percentual dos pesquisados que se negaram a apontar um preferido foi de 17%.

O instituto perguntou aos entrevistados qual a real motivação que levou o Congresso a extinguir a CPMF. A maioria respondeu que o fim do "imposto do cheque" se deveu ao interesse da oposição em prejudicar o presidente Lula (30,8%) e em benefício de ricos e empresários (23,4%). Para 17,9% dos entrevistados o interesse no fim do tributo foi do povo em geral e para 11% o benefício é dos mais pobres. Outros 17% não quiseram opinar.

São Francisco - O Brasmarket quis saber dos paulistanos qual a opinião sobre o polêmico projeto de integração de bacias do Rio São Francisco. Questionados sobre quem tinha razão no imbróglio, mais uma vez Lula se saiu bem. Para 49,6% dos entrevistados o presidente está correto, enquanto que 19,5% preferem o posicionamento bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, que chegou a fazer greve de fome para impedir, sem sucesso, o início das obras. Outros 13,6% acham que nenhum tem razão, enquanto 3,3% dividem os méritos. Não quiseram responder ao questionamento 13,9% dos entrevistados.

A preferência por Lula, na avaliação do professor de Ciências Políticas do Centro Universitário do Distrito Federal (Unidf), Leonardo Barreto, é devido ao seu estilo carismático de liderar. "Ele é tão forte que é difícil ver um sucessor. Conseguimos enxergar candidatos a presidente, mas ninguém com a dimensão dele", afirma. Barreto adianta que o mito Lula vai criar grandes dificuldades para quem tiver a missão de substituí-lo a partir de 2011.

Com relação a discussão da CPMF, o professor acredita que o resultado se deve também ao fato de a maior parte da população não pagar o tributo de maneira direta, somado à constatação de que foram os próprios PSDB e DEM que criaram a CPMF. "A população não enxergou sinceridade no discurso da oposição. Eles não pareciam ser realmente contra, até porque o PSDB negociou até a última hora e foi o partido, junto com o DEM, que criou a CPMF".

Para o professor, o levantamento mostra que a tentativa da oposição de levantar a bandeira em favor de menos impostos foi fracassada. Barreto observa também que a impressão da população é que a disputa foi apenas partidária. "A pesquisa mostra que tudo foi visto como uma simples briga partidária e o discurso do governo de que o dinheiro era para a saúde e para os programas sociais ecoou na sociedade".


Presidente lamenta perda da CPMF, mas respeita decisão do Congresso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na última semana, em pronunciamento à nação, que lamenta a rejeição, pelo Senado, da emenda que prorrogava até 2011 a CPMF, mas que respeita a decisão do Congresso Nacional. "Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF, responsável em boa medida pelos investimentos na saúde. Como democrata, respeito a decisão tomada pelo Congresso. E estou convencido de que o governo, o Congresso e a sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema", afirmou.

O processo ao qual o presidente se refere inclui as ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) previstas para a área de saúde, mais conhecido como PAC da Saúde. O programa prevê, entre outras ações, o oferecimento de consultas médicas, inclusive com oftalmologistas, e dentárias a todas as crianças matriculadas em escolas da rede pública de ensino.

"Na saúde, no começo de dezembro, lançamos o PAC, que destinaria, até 2010, mais R$ 24 bilhões para o setor. Entre outras coisas, todas as crianças das escolas públicas passariam a ter consultas médicas regulares, inclusive com dentistas e oculistas", explicou.

Na área de educação, Lula destacou a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). De acordo com o presidente, até 2010, serão aplicados R$ 12 bilhões a mais nos ensinos médio e fundamental, reforçando os salários dos professores e equipando as escolas.

Energia - Durante o pronunciamento, o presidente destacou ainda que serão abertas mais dez universidades no interior do país, além de mais 48 extensões universitárias e 214 escolas técnicas. Lula também anunciou que, no próximo ano, o óleo diesel usado como combustível terá acréscimo de 2% de biodiesel. "A partir do dia 1º de janeiro, daremos um novo passo, adicionando 2% de biodiesel a todo o óleo diesel consumido no País. Nossa matriz energética é, e continuará sendo, uma das mais limpas do mundo", disse ele.

Ainda sobre o PAC, Lula destacou que o investimento previsto para os próximos anos é de R$ 504 bilhões em rodovias, ferrovias, hidrovias, energia, portos e aeroportos, habitação, água potável e saneamento básico. Lula voltou a falar sobre a ascensão de cerca de 20 milhões de brasileiros das classes D e E para a classe C nos últimos cinco anos e disse que isso é uma grande notícia para o país.

No final do pronunciamento, Lula afirmou que se sente o mais satisfeito e, ao mesmo tempo, o mais insatisfeito dos brasileiros, porque, apesar de o governo já ter feito muito, "ainda é pouco diante da nossa dívida social". O presidente desejou ainda um feliz 2008 para todos os brasileiros.


Brasil fecha 2007 com menor endividamento em 9 anos
A economia feita pelo setor público brasileiro para o pagamento de juros em novembro ficou abaixo do estimado por analistas, mas o resultado acumulado no ano é recorde e já supera a meta do governo para o ano em mais de R$ 17 bilhões, informou o Banco Central na última sexta-feira (28).

O superávit primário elevado, aliado ao crescimento da economia e à inflação, contribuiu para reduzir o endividamento do país a 42,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado, menor patamar desde dezembro de 1998, quando a relação dívida/PIB estava em 38,9%.

A expectativa do BC é que, em dezembro, o endividamento fique em, no mínimo, 43,5% do PIB, também menor valor anual desde 1998.O superávit primário foi de R$ 6,817 bilhões em novembro, ante superávit de R$ 5,605 bilhões em igual mês do ano passado.

Analistas consultados pela Reuters esperavam um superávit de R$ 8,2 bilhões, de acordo com as projeções de dez economistas.Segundo o chefe de Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o que surpreendeu foi o resultado das estatais, que registraram no mês um superávit de apenas R$ 26 milhões.

O governo central, em compensação, fez um superávit fiscal de R$ 4,784 bilhões, o maior para novembro da série do BC, iniciada em 1991. Estados e municípios registraram um superávit de R$ 2 bilhões.No acumulado do ano, o resultado primário soma R$ 113,387 bilhões, frente a uma meta de R$ 95,9 bilhões.

Em outubro, o endividamento havia fechado em 43,2% do PIB. Lopes afirmou que, em novembro, contribuiu para a redução da dívida a depreciação cambial de 2,28%, uma vez que o país é ativo em câmbio.

Nos últimos meses, a queda do endividamento tem sido reflexo do resultado primário e do crescimento do PIB. A inflação relativamente elevada medida pelo IGP-DI também tem contribuído para reduzir a relação. É que o indicador é usado para trazer os valores do PIB a preços correntes para efeitos de cálculo da relação dívida/PIB.

"A tendência de queda mostra a sustentabilidade da dívida. Isso reduz o risco e a percepção dos investidores e isso pode se refletir em um custo mais baixo da dívida", afirmou Lopes a jornalistas. Em 12 meses encerrados em novembro, o superávit primário ficou em patamar equivalente a 4,22% do Produto Interno Bruto (PIB).
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* Publicado por Informes PT, ded 28.12.2007

26 dezembro 2007

Um 2008 mais feliz do que queiras, apesar dos pesares

Leio pouco, mas leio mais.

E percebo que além das tormentas de verão, outras sobrevirão, ainda que a vênus platinada insista em esconder de você e os desgraçados continuem se matando bêbados nas estradas e matando outros que nem chegaram a ficar bêbados antes de morrerem sem se dar conta de porque.
Então, passeie-se por outras notícias do dia.
Saia da estrada antes que um avião caia na sua cabeça.

Dois dos maiores fabricantes automóveis chineses anunciam fusão
Diário Económico • 26/12/2007
A SAIC, a maior fabricante de automóveis da China, anunciou hoje que firmou um acordo para comprar o negócio de componentes para automóveis a uma das suas principais rivais, a NAC, que dará lugar a uma empresa com fortes aspirações para competir com os grandes produtores internacionais.

Exportações de armamento russo atingem novo recorde em 2007
Diário Económico • 25/12/2007
As exportações de armamento da Rússia conseguiram este ano um novo recorde para o país, ao superarem os 7 mil milhões de dólares (4,85 mil milhões de euros), o que representa um aumento de 7,7% face ao anterior recorde estabelecido no ano passado.

Barril de petróleo na Europa supera os 93,35 dólares
Do mesmo Diário Económico de Portugal, que ainda nos adiantou expectativa de que o movimento do comércio de bye bye noel nos estados unidos poderá ter sido o pior desde 2002.

Some-se dois mais dois e veremos que cinco vem depois.

(se alguém que ainda não o fez quiser ler minha novela O dia do descanso de Deus tem que se apressar, que restam apenas 120 exemplares. Não corra, não mate e não morra por isso: http://coisaegente.blogspot.com)

Adroaldo Bauer Corrêa

18 dezembro 2007

E só!

Paulo Henrique Amorim – O senhor não gosta do Bush?


Oscar Niemayer – Eu acho que ele é um merda, sabe.




Niemeyer 100 anos



Paulo Henrique Amorim – Devo chamá-lo como?

Oscar Niemayer – Oscar.


Paulo Henrique Amorim – Oscar, a nossa conversa tem como propósito celebrar, no dia 15 de dezembro, os seus cem anos.


Oscar Niemayer – Você sabe que eu fiz um artigo na IstoÉ em que eu contava uma conversa que eu tive comigo mesmo, com esse ser misterioso que tem dentro de nós. Então eu dizia para mim mesmo: "Oscar, não vai nessa conversa de cem anos, isso é ridículo, não tem interesse nenhum, não cai nessa..." e eu sou obrigado, às vezes, a participar da conversa.


Paulo Henrique Amorim – Mas o senhor tem uma frase muito bonita que diz que "a vida é um sopro". Mas o seu sopro já dura, pelo menos, cem anos.


Oscar Niemayer – É o destino... não sei. Eu olho para trás, não sou como os outros que dizem que fariam tudo igual, eu faria muita coisa diferente. A vida é difícil, a vida nos leva nas coisas que às vezes a gente não quer. Eu me lembro do Jorge Saldanha que vinha aqui quase todos os sábados e dizia, se queixava, "a gente não pode fazer plano nenhum que o destino muda, não é? A vida é cheia de surpresas". A própria situação internacional depende do inesperado, acontece qualquer coisa e muda tudo. De modo como vive assim uma posição muito precária e que vindo de baixo do universo e achando que é importante, na realidade pouca coisa é importante. A vida é um sopro, a gente vem, conta uma história e todo mundo esquece depois.


Paulo Henrique Amorim – Mas não no seu caso. As suas histórias são de concreto, ficam para sempre.


Oscar Niemayer – É, enfim. Trabalhei, não posso me queixar. O primeiro trabalho que eu fiz em Pampulha foi tendo sucesso, eu trabalhei para JK naquela ocasião, eu me lembro que Pampulha foi o início de Brasília, não é? A mesma correria, a mesma angústia, a mesma preocupação com prazo, e tudo correu bem, Pampulha com a Igreja assim diferente, coberta de curvas, ele ficou satisfeito. Tudo isso eu acredito, deu ao JK um ânimo assim para tocar para Brasília. Eu me lembro que ele me procurou e disse, "Oscar, fizemos Pampulha, agora vamos fazer a nova capital". E começou essa aventura que durou alguns anos e que deu, pelo menos, ao povo brasileiro a sensação de um pouco de otimismo diante do futuro que agora a gente vê com um certo prazer. A gente sentindo que o Brasil está bem conduzido, que o presidente é operário e está, pela própria origem, ligado ao povo, que o Brasil está crescendo para ser um país importante, a América Latina está se unindo contra essa aventura do império do Bush.


Paulo Henrique Amorim – O senhor não gosta do Bush?


Oscar Niemayer – Eu acho que ele é um merda, sabe.


Paulo Henrique Amorim – (risos) é muito simples. Mas deixa eu voltar um pouquinho aos cem anos. Os cem anos, a gente pode enumerar uma série de defeitos dos cem anos, mas tem vantagens nos cem anos também, não tem?


Oscar Niemayer – O pessoal fica mais condescendente, tratando a gente melhor.


Paulo Henrique Amorim – Mais generoso... não é?


Oscar Niemayer - ...com pena. Cem anos dá pena não dá prazer. Eu ia passar os cem anos sem muita alegria. A vida passou, eu procurei ser correto, trabalhar, mas não estou contente, na verdade não traz nenhum prazer.


Paulo Henrique Amorim – Nada?


Oscar Niemayer – Não. Só se o sujeito pensar que é importante, e eu acho isso tão ridículo, se ele pensar que é importante ele está fora do mundo.


Paulo Henrique Amorim – Mas nem o Oscar Niemayer é importante?


Oscar Niemayer – A nossa política agora é um pouco diferente, é ligada à arquitetura, mas sempre procurando resolver o problema do jovem. Nós estamos pensando no Brasil, no sujeito que entra para a escola sem ler um livro e depois é formado, sai da escola como um especialista só falando da sua profissão e o mundo pede gente diferente, que se interesse, que converse, saiba alguma coisa. Nós, por exemplo, aqui no escritório nós temos um professor de filosofia há cinco anos. Ninguém quer ser um intelectual...


Paulo Henrique Amorim – O senhor estuda filosofia?


Oscar Niemayer – Há cinco anos. Mas ninguém tem esse interesse agora.


Paulo Henrique Amorim – Mas, qual é esse seu interesse por filosofia agora?


Oscar Niemayer – A gente quer se informar melhor sobre tudo, aprender outras coisas. O importante é a pessoa ser curiosa. Não é um interesse de um intelectual, é um interesse de um sujeito normal que sente a vida, que é solidário, que acha que o mundo pode ser melhor, que um dia o homem possa ter prazer em ajudar o outro, é isso que é a generosidade num certo sentido. E o ser - humano, é verdade, a perspectiva dele é muito pouco.


Paulo Henrique Amorim – É muito pouco?


Oscar Niemayer – A própria natureza está começando a evoluir, já falam que o sol pode crescer, pode queimar tudo, essas teorias todas, a gente tem que querer, ter vontade de participar, ter uma idéia também, para onde nós vamos... não é? De modo que o que eu acho importante é o jovem ler, se informar, ter uma base patriótica, saber que o Brasil é importante. Antigamente não era preciso falar muito em pátria não, mas hoje tem que falar. A América Latina está ameaçada, nós temos que nos unir, o que eu acho que é importante é ter uma visão geral do mundo.


Paulo Henrique Amorim – Você se considera um patriota?


Oscar Niemayer – Entre nós, geralmente os nossos irmãos militares, a gente traz a idéia da pátria no peito, porque a própria profissão obriga. Quando precisamos dessas autoridades, eles são indispensáveis. É lógico que eu penso o Brasil, penso o povo brasileiro, satisfeito, porque eu estou sentindo que o Brasil está caminhando melhor, vai ser um grande país. A juventude começa a compreender que a vida não é um passeio, que tem que se informar, o jovem tem que ler, participar da vida, se informar, não pode se transformar num especialista que só fala em arquitetura, que só fala em teoria, em medicina...


Paulo Henrique Amorim – O senhor não gosta de falar muito em arquitetura, não é?


Oscar Niemayer – Quando vêm estrangeiros aqui, repórteres estrangeiros, eles realmente querem que eu fale o que eu fiz, os projetos, me dá uma preguiça de falar. A Arquitetura é importante, é a minha profissão, passei a vida debruçado na prancheta. Mas o importante é a vida, fazer a vida mais justa, isso é o que é importante e eles ficam assim e logo para eles sentirem bem o meu ponto de vista eu digo: "vocês sabem, quando eu vejo os estudantes na rua protestando, acho que o trabalho deles é mais importante do que o meu".


Paulo Henrique Amorim – Você soube que foi feita uma enquete agora para localizar os cem maiores gênios vivos.


Oscar Niemayer – Eles se enganaram, eu não tenho que estar nisso não...


Paulo Henrique Amorim – E você está entre os dez maiores dos cem. Isso não é uma coisa que te dá alegria?


Oscar Niemayer – Não... quem é que julgou? Quem é que procedeu? Tem tanta gente mais importante.


Paulo Henrique Amorim – Por exemplo?


Oscar Niemayer – Ah... tem tanta gente... são tão importante. A vida é ingrata, é injusta. Eu acho que a gente tem é que... não devemos manter uma posição assim, de falar das coisas, mas por agir. Por exemplo, tem um colega meu aí, ele queria ser arquiteto, mas era muito humilde, ele não podia ser. Então eu estou pagando a escola dele, no fim do ano ele vai ser arquiteto. Mas ele tem um compromisso comigo, ele tem que ler. Então ele já sabe, tem que ler Machado de Assis, tem que ler Graciliano Ramos, tem que ter uma idéia da vida. É preciso, a leitura é indispensável. Eu me lembro que teve um período que eu já muito li muito o Simenon, escritor francês de contos policiais. O pessoal do escritório falava, "para quem ler isso, esse negócio não tem conteúdo nenhum". Mas, um dia eu li um livro do Sartre, onde ele dizia, "hoje li três livros de Simenon". Então, se Sartre leu três livros de Simenon, a leitura é necessária, qualquer leitura é necessária.


Paulo Henrique Amorim – Mas Oscar, por mais que você tenha resistência em falar de arquitetura, um grande amigo seu, que é meu amigo também, o Ítalo Campofiorito deu uma entrevista dizendo assim, "Que o Oscar, ele faz obras tão grandes que acabam se tornando a marca, a cara, a personalidade de uma cidade".


Oscar Niemayer – É um amigo que está falando, não é? Mas é bom, é verdade, eu procuro fazer uma arquitetura diferente. Acho que a arquitetura tem que criar espanto, criar surpresa, é feito a obra de arte, a obra de arte se caracteriza quando ela provoca emoção e surpresa. Então, a arquitetura, ter uma arquitetura diferente, é importante, é a prova da criação. De modo que eu trabalho nisso, eu tenho um projeto para fazer, eu estou nesse caminho, eu tiro metade dos apoios, a arquitetura se faz mais audaciosa, não é, com espaços mais generosos, aí eu posso atuar de uma forma diferente, o que ocorre sem nenhum preconceito antes. Um dia perguntaram ao André Malraux uma pergunta semelhante e ele disse, "eu tenho dentro de mim tudo o que eu amei na vida", isso às vezes me ocorre, de modo que a coisa é espontânea, eu acho que a arquitetura está na cabeça, eu posso, sentado aqui, pensar dois dias num projeto levantar e desenhar. Agora, o desenho é importante também porque surge uma idéia... mas a arquitetura não tem nada de especial. Hoje o concreto permite tudo, no período da renascença, por exemplo, sujeito queria fazer uma cúpula, não passava de quarenta metros de vão. Eu fiz agora o museu de Brasília, tem 80 metros de vão, eu podia ter feito de 150 metros de vão. O arquiteto hoje tem à disposição dele uma técnica fantástica. Ele pode usar como bem entender. Agora, alguns arquitetos procuram fazer alguma coisa mais simples, como se fosse estrutura metálica, outros, como eu, procuram uma forma diferente, a surpresa, e faz parte da arquitetura.


Paulo Henrique Amorim – Por que é que os brasileiros, por exemplo, não se dão conta de que um dos prédios mais lindos de Nova York é de sua autoria, o prédio da ONU?


Oscar Niemayer – Foi da minha autoria. Um dia houve um concurso e escolheram o meu projeto. Nesse projeto eu criava a Praça das Nações Unidas. Tinha um prédio alto no centro, uma grande Assembléia de um lado, outro prédio do outro, então era muito bonito. E foi por unanimidade que escolheram esse projeto. Mas depois, eu mesmo permiti mudar a posição da Assembléia e o projeto mudou, o projeto com a Assembléia grudada em um prédio alto, não é de boa arquitetura.


Paulo Henrique Amorim – Você próprio não gosta muito.


Oscar Niemayer – Eu me arrependo de ter aceitado mudar a posição da assembléia.


Paulo Henrique Amorim – Foi um pedido do Corbusier, não foi?


Oscar Niemayer – Eu era jovem e ele era um mestre e eu atendi, mas foi péssimo, o projeto original era muito melhor.


Paulo Henrique Amorim – A sua memória é perfeita, não é isso? Com cem anos a sua memória está ótima.


Oscar Niemayer – Para algumas coisas sim, para outras não. As coisas ruins eu procuro esquecer.


Paulo Henrique Amorim – Mas, uma vez você estava com um amigo, num restaurante aqui da Avenida Atlântica, o Lucas, e eu estava com a minha filha, que tinha acabado de chegar de Brasília, eu fui mostrar a ela a capital do Brasil. Eu disse para ela, "minha filha, quem está ali é o Oscar Niemayer", e ela, "Ah, aquele da catedral, do Palácio da Alvorada", eu digo, "pois é, vamos lá conhecê-lo?", e eu levei a minha filha para conhecê-lo. Você foi muito gentil, muito simpático e ela perguntou, "como veio à sua cabeça a idéia de fazer aquelas duas bolas do Congresso?". Aí você pegou uma laranja... lembra disso?


Oscar Niemayer – Não.


Paulo Henrique Amorim – Pegou uma laranja, cortou ao meio e disse, "assim ó".


Oscar Niemayer – Realmente, o projeto do Congresso é o que eu gosto mais. Fui um pouco corajoso fazer aquilo, aquilo deu mais trabalho do que parece, não era feito cortar uma laranja. Eu me lembro que tempos depois o engenheiro que calculou, o Joaquim Cardoso, me telefonou e disse, "Oscar, encontrei a tangente que vai permitir que a cúpula da Câmara pareça apenas posada." De modo que fazer uma forma assim, já conhecida, tem problemas de estrutura, enfim, não é fácil de fazer. Eu gosto, o espaço entre elas é bom, o espaço faz parte da arquitetura.


Paulo Henrique Amorim – Mas e aquelas curvas do Palácio da Alvorada, o mundo inteiro copia as suas curvas.


Oscar Niemayer – Você vê que nós estamos com a idéia do prazo na cabeça, tinha que correr. Mas isso não me levou, felizmente, a procurar a solução mais simples, repetida. Em cada caso eu queria uma solução nova. Então eu cheguei àquela solução, dos apoios em curva que eu vi publicado pelo mundo e sem mágoa nenhuma. Quando o sujeito copia uma coisa minha eu acho que ele é gentil, ele gostou daquilo. Há pouco tempo saiu nos Estados Unidos uma nota dizendo que um arquiteto lá tinha copiado um arco que eu fiz ali num projeto. Eu disse logo que não, que não estava zangado não, ele gostou do arco, ele foi gentil.


Paulo Henrique Amorim – É um elogio, o plágio é uma forma de elogio.


Oscar Niemayer – O difícil no mundo, é uma prática que eu faço e realmente é útil, é sempre procurar viver tranqüilo, aceitar as coisas, aceitar a burrice, até a burrice ativa que incomoda.


Paulo Henrique Amorim – A burrice ativa? E tem muito burro ativo, não é? Tem burros dinâmicos.


Oscar Niemayer – Pois é, é respeitar os amigos. Eu sou incapaz de criticar algum arquiteto. Eu acho que ele teve trabalho, procurou fazer, a solução que ele pensou é aquela. Mas o importante na arquitetura é o arquiteto fazer o que ele gosta e não o que os outros gostariam que ele fizesse, esse é o ponto de partida.


Paulo Henrique Amorim – O JK foi o homem público que você mais admira?


Oscar Niemeyer – Não, tem tantos homens públicos... Eu admiro ele, eu admiro a coragem dele, o espírito de empreendedor, de fazer Brasília. tem tanto brasileiro importante. Importante como ele. Por exemplo, uma pessoa que eu admiro muito é o Capanema, que eu lhe dei durante muito tempo.


Paulo Henrique Amorim – Gustavo Capanema, o ministro da Educação.


Oscar Niemeyer – Ministro da Educação, chamou Drummond, foi Capanema que me chamou para Brasília.


Paulo Henrique Amorim – E foi para fazer o prédio do MEC, o primeiro prédio do Ministério da Educação.


Oscar Niemeyer – Não, o prédio é do Corbusier, nós melhoramos. Agora, o trabalho que ele me chamou para fazer Brasília. O Juscelino apareceu e ele me indicou. Essa história mostra que as coisas surgem naturalmente. Eu trabalhava numa universidade e não gostei da universidade, pedi demissão, Capanema não aceitou a minha demissão e deixou para mim um bilhete. Eu fiquei um ano lá, ajudando, uma coisa e outra ligada a arte, com o Drummond, aquela turma do gabinete dele e ficamos muito amigos. Então, quando veio o Juscelino, ele me indicou. Quer dizer, se eu não tivesse brigado na universidade e saído e o Capanema me chamado para o gabinete, não aceitando a minha demissão, eu não tinha ficado amigo dele, e ele não me indicaria. Capanema foi fundamental na minha vida de arquiteto.


Paulo Henrique Amorim – Como está a encomenda que o Chávez fez, de fazer um Memorial para o Bolívar?


Oscar Niemeyer – Não, não tem encomenda. Ele esteve aqui, muito simpático, falou muito em Bolívar. Eu tinha idéia de um monumento e mandei para ele como presente. E admiro, é um sujeito patriota, ele quer melhorar o país, ele acha que um bom governo pode continuar mais tempo...


Paulo Henrique Amorim – Isso para você não é uma coisa grave?


Oscar Niemeyer – Não, acho que ele tem o direito, ele está no clima de revolução, ele tem que defender a revolução e lutar contra tudo. Me lembro, por exemplo, uma vez eu fiz uma mesquita em Argel. E o presidente da República, (Houari) Boumedienne, foi um grande general lá. Eu levei a mesquita para ele e eu me lembro que ele disse assim: "Mas essa é uma mesquita revolucionária". Eu disse: "A revolução não deve parar". Eu estava tão certo. A revolução não deve parar. A revolução tem que continuar brigando, senão ela acaba, se as forças contrárias fossem crescendo. De modo que a Revolução Cubana ainda existe. Qualquer revolução dessas – o Chávez também –, os inimigos da revolução estão lá. A revolução está em curso, não sumiu ainda. E quando sumir tem que continuar testando a continuidade.


Paulo Henrique Amorim – Você diria que hoje você é politicamente mais radical do que 50 anos atrás?


Oscar Niemeyer – Não. Eu desculpo muito as pessoas. Eu custo muito a ter raiva de uma pessoa. Acho que toda pessoa tem um lado bom. Eu sou incapaz de criticar o trabalho de um arquiteto, mesmo que eu não esteja de acordo. A gente tem que procurar o equilíbrio, isso é que faz bem inclusive para a saúde.


Paulo Henrique Amorim – Como é que está a saúde?


Oscar Niemeyer – Eu nunca tive doente.


Paulo Henrique Amorim – Nada?


Oscar Niemeyer – Nada.


Paulo Henrique Amorim – Como é que é a sua dieta?


Oscar Niemeyer – Vida normal, como de tudo.


Paulo Henrique Amorim – Come de tudo?


Oscar Niemeyer – Como muito pouco, não gosto de comer muito. Tomo meu vinho de tarde.


Paulo Henrique Amorim – Vinho tinto?


Oscar Niemeyer – É. Os amigos que batem papo, isso ajuda.


Paulo Henrique Amorim – Fuma?


Oscar Niemeyer – Fumo. Agora estou fumando mais.


Paulo Henrique Amorim – Mais?


Oscar Niemeyer – É, porque eu fico meio sozinho, aí sou obrigado a fumar.


Paulo Henrique Amorim – Mas o médico não reclama? O coração, essas coisas.


Oscar Niemeyer – O médico vem aqui de vez em quando, eu chamo ele para bater papo, para dizer que está tudo bem, me sinto à vontade.


Paulo Henrique Amorim – E fuma na frente dele?


Oscar Niemeyer – Ele diz que posso fumar.


Paulo Henrique Amorim – E qual é a sua rotina de trabalho?


Oscar Niemeyer – Eu chego aqui, tenho que atender a imprensa. Tem gente de fora, gente do Brasil, gente que tem vontade de me conhecer. Então, meus dias são ocupados. Às vezes tem um dia mais folgado e eu chamo os amigos e começamos a trabalhar. Aí trabalho o que for preciso.


Paulo Henrique Amorim – Noite a dentro, se for preciso?


Oscar Niemeyer – Não, não tenho trabalhado de noite.


Paulo Henrique Amorim – Mas nesse momento você faz o que, por exemplo?


Oscar Niemeyer – O último trabalho – estou com ele na prancheta – é um museu para a Espanha. É um museu que me agrada muito, que é uma praça grande e tem um auditório para mil pessoas e o museu do outro lado. Então, é feito um monumento para ser criado na Espanha. O museu é uma coisa nova, diferente e o auditório também, o teatro. De modo que interessa muito. Mas tem esse trabalho que eu estou fazendo para o governador de Brasília que é importante. Eu inventei uma cúpula que é uma placa solta no ar com cem metros por oitenta. Essa placa podia abrigar um campo de futebol.


Paulo Henrique Amorim – E isso vai ser o que?


Oscar Niemayer – Isso vai ser para as grandes festas populares. Embaixo dessa placa ele vai poder convocar de trinta a quarenta mil pessoas. De modo é um trabalho assim que me anima mais. E, além disso tem um circo e um auditório. Então, uma obra para Brasília é muito importante.


Paulo Henrique Amorim – É uma praça do povo.


Oscar Niemayer – Também estou fazendo para Minas um projeto que está dando trabalho. Eu quero substituir aqueles prédios antigos, como é que chamava aquilo? No lugar daquelas construções antigas vou fazer um novo centro administrativo.


Paulo Henrique Amorim – Ah, o novo centro administrativo do Governo de Minas, em Belo Horizonte. É você que vai fazer?


Oscar Niemayer – Já está entregue tudo...


Paulo Henrique Amorim – Já está andando? Já está entregue?


Oscar Niemayer – Então, com isso, adotei nesse caso uma arquitetura mais em altura, invés de fazer quarenta secretarias, ou trinta e tantas, eu fiz só duas.


Paulo Henrique Amorim – Duas?!


Oscar Niemayer – Dois prédios de duzentos metros com vinte andares. Então, com essa solução, o terreno pareceu que tinha crescido. Os planos ficaram mais generosos. É engraçado que o prédio do Palácio (do Governador), que eu projetei também, é direta. Então, é uma solução tão esclarecida, sob o ponto de vista da arquitetura, que eu rejeitei e nunca fiz isso, projetei uma ruazinha defronte para depois de construir o conjunto o pessoal passar e sentir que foi uma obra bem pensada. A arquitetura deve ser usada com coragem, assim, sem medo de espantar as pessoas.


Paulo Henrique Amorim – Você está construindo uma nova cidade em Belo Horizonte. Eu pergunto, olhando para trás, 50 anos para trás, você acha que Brasília deu certo?


Oscar Niemayer – Eu acho, Brasília deu certo, é isso que ele (JK) queria, levar o progresso para o interior e eu acho que ele levou. Tem problemas em Brasília, por exemplo, tem as cidades satélites que tem mais gente que em Brasília.


Paulo Henrique Amorim – Do que em Brasília propriamente dito.


Oscar Niemayer – Brasília é aquilo. Eu gosto mesmo é do Rio. Do Rio da praia, dos amigos, de olhar para o mar, de sentir que a natureza é fantástica.


Paulo Henrique Amorim – E São Paulo?


Oscar Niemayer – São Paulo é isso, as ruas eram estreitas, os prédios subiram, as ruas continuaram da mesma largura, ficou um prédio contra o outro. O único lugar do mundo que eu conheço que arquitetura e altura são tão bem aplicadas é na França, na Île-de-France. Île-de-France, os prédios grandes, mas os espaços horizontais acompanham os prédios também, são mais generosos, mostram essa relação de volume e espaço livre tão bem cuidada. Então é muito bonita, a Île-de-France. Agora, usar arquitetura e altura sem esse sentimento de compreensão dos espaços, como Nova York por exemplo, é uma merda.


Paulo Henrique Amorim – Mas São Paulo é Nova York multiplicada por dez.


Oscar Niemayer – Pois é, eu estou dizendo. Estou dizendo que São Paulo é ruim também porque é o mesmo espírito. Não há essa relação de volume e espaço livre que a boa arquitetura exige.


Paulo Henrique Amorim – Você conhece essa frase do Chico Buarque, "a música do Tom é uma casa desenhada pelo Niemayer".


Oscar Niemayer – Nós estamos fazendo uma revista de arquitetura, (como a que) tivemos uma há tempos atrás.


Paulo Henrique Amorim – A Modulo?


Oscar Niemayer – Agora é outra. O nome da revista é Nosso Caminho. A idéia que dá é o nosso caminho para frente. Então, nessa revista, a arquitetura tem uma terça parte, o resto artigos variados, filosofia, história, letras. Mas essa revista, nós já estamos pensando no meio da revista uma página com um retrato do Chico e um textozinho. É uma homenagem da revista, desse primeiro número para o Chico.


Paulo Henrique Amorim – E quem é que dirige a revista, é você?


Oscar Niemayer – Não, quem dirige é a minha mulher. Eu cuido assim das coisas de organização das páginas.


Paulo Henrique Amorim – Da paginação, a parte gráfica.


Oscar Niemayer – É.


Paulo Henrique Amorim – Que legal, quando sai essa revista?


Oscar Niemayer – Está pronta, estamos acertando os textos e tudo. É uma revista assim, aberta para o conhecimento. São artigos, tem artigos do Ferreira Gullar, tem artigo do...


Paulo Henrique Amorim – Do Gullar deve ser sobre artes plásticas.


Oscar Niemayer – Artes plásticas, tem artigo do Fiori.


Paulo Henrique Amorim – José Luiz Fiori.


Oscar Niemayer – São cinco artigos, os mais variados.


Paulo Henrique Amorim – E seu não tem nenhum?


Oscar Niemayer – Tem meu também.


Paulo Henrique Amorim – Sobre o que?


Oscar Niemayer – Eu estou querendo usar um artigo que eu falei sobre arquitetura também. Mas sem fugir do assunto da vida.


Paulo Henrique Amorim – Mas você roda, roda, roda e volta para a arquitetura.


Oscar Niemeyer – Se você concordar que nós fazemos arquitetura para o poder, a arquitetura não chega aos barracos. Então, a arquitetura que deve crescer em função da técnica e da sociedade, está faltando essa parte. Ela evoluiu, a arquitetura hoje é mais rica, imensamente mais rica, como solução técnica do que antigamente. Mas continua voltada para os que têm direitos à arquitetura, às classes mais favorecidas. O pobre está na favela olhando os palácios.


Paulo Henrique Amorim – Você diria que seria, em resumo, o seguinte: eis o que lhes devia dizer sobre a minha arquitetura, feita com coragem e idealismo, mas consciente de que o importante é a vida. Os amigos e esse mundo injusto que precisamos melhorar.


Oscar Niemeyer – Exatamente.


Paulo Henrique Amorim – Mas isso é seu.


Oscar Niemeyer – É, é o que eu penso.

10 dezembro 2007

O ranking da corrupção eleitoral

por Marco Aurélio Weissheimer

O dossiê "Políticos cassados por corrupção eleitoral", produzido pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, apontou o DEM, o PMDB e o PSDB liderando o ranking de partidos que mais tiveram políticos cassados desde o ano de 2000.
Neste período, a Justiça Eleitoral brasileira cassou o mandato de 623 políticos.
O DEM lidera o ranking com 69 cassações (20,4%), sendo seguido pelo PMDB com 66 (19,5%) e pelo PSDB com 58 (17,1%). Em quarto, aparece o PP com 26 casos (7,7%), seguido pelo PTB com 24 (7,1%) e pelo PDT com 23 (6,8%). O PT aparece em nono no ranking das cassações com dez casos (2,9%).
A pesquisa foi feita com base nas informações disponíveis nos sites dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O levantamento não inclui políticos que perderam cargos em virtude de condenações criminais.


A pesquisa, divulgada no dia 4 de outubro, foi realizada pelo juiz Márlon Reis, que desenvolve atualmente tese de doutorado sobre o tema na Universidade de Zaragoza, Espanha.
Ele também é presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abramppe ) e integrante do Comitê Nacional do MCCE. Na divisão por estados, Minas Gerais lidera o ranking com 71 cassações, sendo seguido pelo Rio Grande do Norte, com 60 casos, São Paulo, com 55, e Bahia, com 54.
O Rio Grande do Sul aparece em quinto lugar, com 49 casos.
Entre os cinco estados com mais políticos cassados desde 2000, três são das regiões Sul e Sudeste, supostamente as mais politizadas do país.
Segundo dados da Corregedoria Geral Eleitoral, ainda tramitam 1,1 mil processos relativos às eleições de 2006. Todos eles podem levar à cassação de mandatos