29 setembro 2010

imprensa atacou Getúlio, JK, Jango, Brizola e Lula. E apoiou golpe e ditadura.

Eric Nepomuceno
28 de setembro de 2010


Em um contundente artigo publicado no jornal argentino Página/12, o jornalista e escritor Eric Nepomuceno põe o dedo na moleira da imprensa brasileira:

Considerado o fundador do Estado moderno no Brasil, Getúlio Vargas foi alvo de uma contundente campanha encabeçada pelo jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro. Terminou se suicidando com um tiro no coração em agosto de 1954. Criador de Brasília e um dos presidentes mais populares do Brasil, Juscelino Kubitschek enfrentou a resistência feroz do conservador O Estado de São Paulo. Acusado de corrupção irremediável, jamais se comprovou nada contra ele. Histórico dirigente da esquerda, o trabalhista Leonel Brizola foi governador do Rio de Janeiro em 1982, no início do processo da democratização, e passou seus dois governos sob uma campanha implacável (e freqüentemente mentirosa) do mais poderoso grupo de comunicações da América Latina, que controla a TV Globo e o jornal O Globo.

Nunca antes, porém, um presidente foi tão perseguido pelos meios de comunicação como ocorre com Luiz Inácio Lula da Silva. Com freqüência assombrosa foram abandonadas as regras básicas do mínimo respeito cidadão. Um bom exemplo disso é a revista Veja, semanário de maior circulação no país, que sem resquícios de pudor público denuncia escândalos em seqüência que acabam não sendo comprovados. Em sua página na internet abriga comentaristas que tratam o presidente da Nação de “essa pessoa”. O mesmo grupo que controla a TV Globo, cujo noticiário tem a maioria da audiência, o matutino O Globo, principal jornal do Rio e segundo em circulação no Brasil, e a principal cadeia de rádio, CBN, não perde a oportunidade de destroçar Lula e seu governo, sem preocupar-se nem um pouco com a veracidade de seus ataques. O jornal Folha de São Paulo, de maior circulação no país, divulga qualquer denúncia como se fosse verdadeira e não se priva de aceitar que um ex-condenado por receptação de mercadorias roubadas e circulação de dinheiro falso se transforme em “consultor de negócios” e lance acusações sem apresentar nenhuma prova. Até o conservador O Estado de São Paulo, que até agora era o mais equilibrado na oposição ao governo, optou por ingressar neste jogo sem regras nem norte.

Frente à inércia dos principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM, os meios de comunicação ocupam organicamente esse espaço. Isso foi admitido, há alguns meses, pela própria presidente da Associação nacional de Jornais (ANJ), Judith Brito, da Folha de São Paulo. Mais grave, porém, é o que nenhum destes grupos admite: mesmo antes de iniciar a campanha sucessória de Lula, esse enorme partido informal (mas muito eficaz) de oposição optou por um candidato, José Serra, que não respondeu às suas expectativas. E frente à incapacidade de sua campanha eleitoral, os meios de comunicação brasileiros decidiram atacar a candidatura de Dilma Rousseff, ignorando os limites éticos.

Essa politização absoluta e essa tomada de posição pela imprensa terminaram por provocar a reação de Lula. Suas críticas, por sua vez, provocaram uma irada onda de novas denúncias, indicando que o presidente pretendia impedir a liberdade de expressão e de opinião. No entanto, em seus quase oito anos como presidente, Lula em nenhum momento representou uma ameaça à grande imprensa, por mais remota que fosse. Alguns movimentos para impor algumas regras e impedir a permanência de um esquema de quase monopólio foram neutralizados pelo próprio Lula que optou pelo não enfrentamento com as oito famílias que concentram o controle dos meios de comunicação no maior país latinoamericano.

A liberdade de imprensa é absoluta no Brasil, ao ponto de ter se transformado em liberdade de caluniar. Os grosseiros ataques, freqüentemente baseados em nada, contra Lula e seus governo aparecem todos os dias, sem que ninguém trate de impedi-los. E, ainda assim, os grandes meios não deixam de denunciar ameaças à liberdade de expressão. Talvez a razão de tudo isso repouse no que ocorreu quando o Brasil voltou á democracia, há 25 anos. Ao contrário do que ocorreu em outros países que reencontraram a democracia – penso especificamente nos casos da Espanha e da Argentina -, no Brasil a imprensa não se democratizou. Não surgiram alternativas que respondessem aos diferentes segmentos políticos e ideológicos. Prevaleceu o cenário em que cada meio apresenta o eco de uma mesma voz, a do sistema dominante.

Para esse sistema, Lula era um risco suportável. Já a sua sucessão é outra coisa. E se o candidato da oposição se mostra um incapaz, o verdadeiro partido oposicionista revela sua cara mais feroz. Ao exercer a liberdade do denuncismo barato, mostra seu inconformismo com a manifestação do desejo dessa massa de ignaros que é chamada de povo. Essa gente que não era nada e passou a se considerar cidadã. Isso sim é inadmissível.

Resposta no ato contra boato!

http://www.dilma13.com.br/video/lula-faz-alerta-contra-boatos/

28 setembro 2010

Defensores da democracia pisoteiam a democracia

Um rebate à falácia de que Lula sempre quis a CENSURA da imprensa e irá impô-la através de Dilma:

http://s.conjur.com.br/dl/manifesto-juristas-apoio-presidente.pdf


Carta ao Povo Brasileiro

Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo. Em uma democracia, a manifestação do pensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, as organizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.

Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.
Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato. Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que
estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.

Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.
Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.
Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.
Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos – imprensa, oposição, e qualquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui
o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições. Como disse Goffredo em sua célebre Carta: “Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver”. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros.

ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio

AIRTON SEELAENDER - Professor da UFSC

ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP

ALEXANDRE DA MAIA - Professor da UFPE

ALYSSON LEANDRO MASCARO - Professor da USP

ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE

CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO - Professor Emérito da PUC-SP

CEZAR BRITTO - Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB

CELSO SANCHEZ VILARDI - Advogado

CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF

DALMO DE ABREU DALLARI - Professor Emérito da USP

DAVI DE PAIVA COSTA TANGERINO - Professor da UFRJ

DIOGO R. COUTINHO - Professor da USP

ENZO BELLO - Professor da UFF

FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio

FELIPE SANTA CRUZ - Advogado e Presidente da CAARJ

FERNANDO FACURY SCAFF - Professor da UFPA e da USP

FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP

FRANCISCO GUIMARAENS - Professor da PUC-Rio

GILBERTO BERCOVICI - Professor Titular da USP

GISELE CITTADINO - Professora da PUC-Rio

GUSTAVO FERREIRA SANTOS - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco

GUSTAVO JUST - Professor da UFPE

HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB

HOMERO JUNGER MAFRA - Advogado e Presidente da OAB-ES

IGOR TAMASAUSKAS - Advogado

JARBAS VASCONCELOS - Advogado e Presidente da OAB-PA

JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Católica de Pernambuco

JOÃO MAURÍCIO ADEODATO - Professor Titular da UFPE

JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de
Pernambuco

JOSÉ DIOGO BASTOS NETO - Advogado e ex-Presidente da Associação dos Advogados de São Paulo

JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO - Professor Titular do Mackenzie

LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS

LUCIANA GRASSANO - Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE

LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP

LUÍS GUILHERME VIEIRA - Advogado

LUIZ ARMANDO BADIN - Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça

LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR

MARCELLO OLIVEIRA - Professor da PUC-Rio

MARCELO CATTONI - Professor da UFMG

MARCELO LABANCA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco

MÁRCIA NINA BERNARDES - Professora da PUC-Rio

MARCIO THOMAZ BASTOS - Advogado

MARCIO VASCONCELLOS DINIZ - Professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito da UFC

MARCOS CHIAPARINI - Advogado

MARIO DE ANDRADE MACIEIRA - Advogado e Presidente da OAB-MA

MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário

MARTONIO MONT'ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de Fortaleza e Professor da UNIFOR

MILTON JORDÃO - Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR

PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR

PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP

RAYMUNDO JULIANO FEITOSA - Professor da UFPE

REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio

RICARDO MARCELO FONSECA - Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR

RICARDO PEREIRA LIRA - Professor Emérito da UERJ

ROBERTO CALDAS - Advogado

ROGÉRIO FAVRETO - ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça

RONALDO CRAMER - Professor da PUC-Rio

SERGIO RENAULT - Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça

SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP

THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio

WADIH NEMER DAMOUS FILHO - Advogado e Presidente da OAB-RJ

WALBER MOURA AGRA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco

26 setembro 2010

Do Tijolaço.
http://www.tijolaco.com/


Ectoplasma de Serra faz comício em Tocantins

Essa foi o Marco, um dos nossos comentaristas, que enviou.

...No último dia 20, antes de declarar publicamente seu apoio a Serra, a Agência Estado, uma das empresas do Estadão, publicou que a passagem de Serra por um comício no Tocantins reuniu 20 mil pessoas.

O tucano reunir tanta gente já é estranho, mas a matéria tropeçou num “pequeno” erro: Serra nem tinha viajado ao Tocantins devido ao mau tempo em São Paulo.


Errei: comício em Tocantins foi em 2002

Quero pedir, sinceramente, desculpas aos leitores, pelo post que levava este título. Nessa tarde modorrenta de domingo, não checamos uma informação passada por um comentarista com o devido cuidado e publicamos um fato ocorrido em 2002 como se fosse atual, relatando um erro da Agência Estado sobre um comício de José Serra onde ele não esteve, embora a notícia o afirmasse. Erramos feio, porque vimos a nota no site Comunique-se e não checamos a data.

Por isso, retiro o post, a crítica e coloco, sem meias palavras, esta confissão humana de erro.

Postado por Brizola Neto

24 setembro 2010

Viva o Brasil e o povo!

À NAÇÃO

Em uma democracia nenhum poder é soberano.
Soberano é o povo.
É esse povo – o povo brasileiro – que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias
Legislativas e dois terços do Senado Federal.
Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por
Dilma Rousseff.
Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964. Não faltam críticas ao “populismo”, aos movimentos sociais, que apresentam como “aparelhados pelo Estado”, ou à ameaça de uma “República Sindicalista”, tantas vezes repetidas em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias.
O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira. Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como
“ignorante”, “anestesiado” ou “comprado pelas esmolas” dos programas sociais.
Desacostumados com uma sociedade de direitos, confunde-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas.
O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos. A velha e reacionária UDN reaparece
“sob nova direção”.
Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão. A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada.
É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar
qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa.
Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua
atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo.
Mesmo quando acusaram sem provas.
Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta.
Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos.
Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade. Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante.
O Brasil passou por uma grande transformação.
Retomou o crescimento. Distribuiu renda. Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa.
E – o que é mais importante – fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo.
Ninguém nos afastará desse caminho.
Viva o povo brasileiro.

23 setembro 2010

A cara da Folha de S.Paulo


A cara da Folha de S.Paulo
Não acredito, sem conferir, em absolutamente nada do que diz ou escreve a antiga imprensa (com a possível exceção dos resultados esportivos, e olhe lá). Além de cometer muitos erros, o que é compreensível numa produção diária de notícias, eles mentem sem o mínimo pudor, com bastante frequência, a respeito de quase tudo, quase sempre para beneficiar a candidatura de José Serra, mas isso deve ser coincidência. O senhor Rubnei Quícoli (foto) - preso por receptação e venda de roubo, intimidação de testemunha e ameaça de morte - é a nova cara da antiga imprensa, que o Brasil passa agora a conhecer um pouco melhor. O artigo é de Jorge Furtado.
Artigo publicado originalmente no blog de Jorge Furtado
Esta semana todos os jornais repetiram as “informações” da Veja de que o filho de Erenice Guerra “obteve R$ 5 milhões” na intermediação de uma empresa de transporte aéreo com os Correios. No dia seguinte, ninguém mais tocava no assunto, esqueceram rapidinho os tais 5 milhões, aposto que nunca mais falarão nisso.

O assunto hoje é outro, a demissão de Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil, decorrente das graves denúncias do jornal Folha de S. Paulo, repercutidas pelos jornais Estado de São Paulo e O Globo, denúncias estas que são inteiramente baseadas na palavra do senhor Rubnei Quícoli, a nova cara da antiga imprensa, que o Brasil passa agora a conhecer um pouco melhor.

No dia 7 de maio de 2003, Adauto Luis Trematore Moraes, motorista do caminhão Mercedes Benz, placas BXG 1734 RC/SP, carregado com aproximadamente 10.000 kg de condimentos, pertencente à empresa Di Carne Indústria S/A, teve o seu caminhão (e a carga) roubados por indivíduos não identificados.

Entre os dias 7 de maio de 2003 e 21 de maio de 2003, o senhor Rubnei Quícoli, que hoje estampa as páginas da Folha de S. Paulo com graves denúncias contra a honra de várias pessoas, recebeu em um barracão localizado na rua Eugênio Valério, n. 39, Vila Bourbon, Souzas, interior de São Paulo, o caminhão com a carga e, sabendo se tratar produto de roubo, a única fonte da Folha de S. Paulo para graves denúncias contra a honra da ex-ministra Erenice Guerra e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho e seus familiares, passou a ocultar o caminhão e a carga roubada no barracão. O caminhão receptado pelo senhor Rubnei Quícoli, a fonte da Folha, continha aproximadamente 10 toneladas de condimentos e conservantes de carne, pertencente à empresa Di Carne Indústria S/A.

Depois de esconder o caminhão roubado e sua carga no barracão, o senhor Rubnei Quícoli, a fonte da Folha de S. Paulo, identificando-se como “José”, entrou em contato com o dono da carga e do caminhão roubado, Oswaldo Panaro Tesch, a quem passou a oferecer a carga roubada pelo valor de R$ 10.000,00, cerca de um terço de seu valor real (31.600,00). O senhor Osvaldo, a vítima do roubo, narrou o fato a polícia e, por ela orientado, acordou com o senhor Rubnei Quícoli a entrega da carga em um outro barracão, na cidade de Rio Claro, ficando acertado que o senhor Rubnei – fonte de graves denúncias contra a honra de muitas pessoas, ontem publicadas pela Folha de S. Paulo - contrataria um motorista para levar a carga roubada até aquela cidade.

No dia 21 de maio de 2003, Rubnei contratou o motorista Ronaldo para levar a carga roubada até a cidade de Rio Claro. Os policiais daquela cidade já estavam avisados da chegada da carga e prenderam Ronaldo em poder da carga roubada. Ronaldo foi então levado até a Delegacia de Polícia, onde esclareceu os fatos aos policiais, informando que havia recebido um telefonema do senhor Rubnei Quícoli, que o contratou para entregar a carga roubada em um barracão na Avenida 15, n. 1552, em Rio Claro. Rubnei pagou a Ronaldo a quantia de R$ 500,00 pelo frete, que lhe disse que não tinha nota da carga. Ronaldo ainda indicou aos policiais o barracão onde os produtos estavam guardados e foram carregados no caminhão.

No dia 27 de maio de 2003, no período da manhã, na rua Nicola Fassina, n. 329, Colinas do Ermitage, na cidade de Campinas, o senhor Rubnei Quícoli, única fonte de denúncias publicadas ontem pela Folha de S. Paulo, segundo os autos de sua condenação na justiça, “usou de grave ameaça de morte contra o motorista Ronaldo, em virtude dele ter colaborado com os policiais”. Rubnei Quícoli, o informante da Folha, dirigiu-se até o condomínio em que Ronaldo residia, em veículo BMW, armado e em companhia de outras pessoas, ameaçando de morte Ronaldo e seus familiares, deixando um recado com os porteiros de nome Fernando e Ednilson, dizendo-lhes que “Ronaldo já era” e que o mesmo “Vai morrer”. Em virtude de tais ameaças, Ronaldo teve de mudar de residência.

Por receptação e venda de roubo, intimidação de testemunha e ameaça de morte, o senhor Rubnei Quícoli, a única fonte de graves denúncias publicadas pela Folha de S. Paulo a respeito da honra da ex-ministra Erenice Guerra, do presidente do BNDES, Luciano Coutinho e de seus filhos, foi julgado e condenado em 2007 a dois anos de reclusão, tendo cumprido 10 meses em regime fechado. Foi solto em 2008.

Em setembro de 2010 o senhor Rubnei Quícoli procurou o jornal Folha de S. Paulo, que o entrevistou e estampou suas graves denúncias na capa do jornal, com a seguinte manchete:

Filho de Erenice pediu 5% por crédito no BNDES, diz empresa.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cp16092010.htm

A empresa, no caso, é o senhor Rubnei Quícoli, o mesmo que na manhã do dia 27 de maio de 2003, armado, ameaçou de morte o motorista Ronaldo, contratado por ele para fazer a entrega, mediante o pagamento de um terço de seu valor, ao proprietário da carga roubada, um caminhão carregado com 10 toneladas de conservante de presunto. Rubnei Quícoli, segundo a Folha, “confirma que um lobby opera dentro da Casa Civil da Presidência da República e acusa filho da ministra Erenice Guerra de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no BNDES”.

Rubnei se apresentou à Folha como “consultor” da EDRB do Brasil Ltda, uma empresa interessada em instalar uma central de energia solar no Nordeste. A empresa nega ter conhecimento que Rubnei atuava como seu consultor.

Rubnei disse – e a Folha publicou, creditando a informação à empresa “EDRB do Brasil Ltda” – “que o projeto estava parado desde 2002 na burocracia federal até que, no ano passado, seus donos foram orientados por um servidor da Casa Civil a procurar a Capital Consultoria. Trata-se da firma aberta em nome de um dos filhos de Erenice, Saulo”. Sempre acreditando na palavra de Rubnei, a Folha informa que “representantes da EDRB disseram ter sido recebidos em audiência oficial por Erenice na Casa Civil, em novembro, quando ela exercia o cargo de secretária-executiva e a titular do ministério era a hoje candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT).”

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1609201008.htm

Segundo o próprio Rubnei declarou a imprensa, o pedido de financiamento foi negado. Ele teria então passado a pressionar Vinícius de Oliveira Castro, então assessor de Erenice Guerra, através de e-mails e telefonema, tentando viabilizar o empréstimo no BNDES. Ele mesmo entregou ao jornal O Globo cópias dos e-mails que alega ter enviado.

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/09/16/empresario-rubnei-quicoli-ameacou-assessor-de-erenice-guerra-917654100.asp

Em O Globo de hoje, Rubnei narra suas desventuras:

Em 2 de janeiro, dois meses após ser recebido na Casa Civil, sem uma resposta positiva, Quícoli avisa [segundo ele alega] a Vinícius e aos donos da empresa que tinha encontro marcado com jornalistas e "Serra" (ele não deixa claro se está se referindo ao tucano José Serra). Informa que adiou a reunião "para ver a postura que a Casa Civil irá tomar".

É o começo da intensa pressão exercida por e-mail. Além de Vinícius, ele se comunica com Luiz Carlos Ourofino, que também [segundo Rubnei alega] participaria das negociações. Em várias mensagens [que ele alega ter enviado], o empresário explica que discorda da comissão de R$ 240 mil, supostamente exigida pela Capital para azeitar o financiamento. E fixa o dia 2 de fevereiro para que Vinícius e seus companheiros obtenham sucesso junto ao BNDES. Em alguns e-mails, o empresário cita até familiares do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na trama supostamente montada com integrantes da Casa Civil para garantir que a EDRB fosse contemplada com empréstimo de R$ 9 bilhões para criar uma central de energia solar no Nordeste.

Numa das mensagens para Ourofino [que Rubnei alega ter enviado], em 28 de janeiro, ele afirma: "Derrubo o Coutinho e muita gente ao redor dessa Casa Civil e BNDES". E completa: "Cabeças irão rolar... isso eu GARANTIUUUU (sic)." A ameaça seria concretizada [segundo Rubnei alega] caso Vinícius e M.A. (iniciais de Marco Antonio, então diretor dos Correios) não dessem demonstrações claras de seu engajamento no projeto de energia. No mesmo texto, ele adverte: "Não tenho nada a perder... boca para falar, eu tenho, e muito (sic) saliva".

Nos e-mails [que ele alega ter enviado], Quícoli se refere a Vinícius como "advogado da Dilma" e se diz vítima de 171 (estelionato). Promete que, em caso de recuo nas pretensões de construir a central elétrica, faria estardalhaço nos jornais.

A quatro dias de seu prazo fatal, Quícoli [segundo alega] informa a Vinícius que não pode "ficar dando explicações e fazendo reuniões com os oportunistas de plantão, querendo saber de quanto e como irão levar se houver o aporte beneficiado pela empresa".

Os dias se passam, e os lobistas com acesso à Casa Civil, segundo o relato de Quícoli, não cooperam. Em 1º de fevereiro, às 7h08m, ele marca a hora em e-mail a Vinícius: "Mantenho minha palavra até as 18h de hoje, amanhã é outro dia". No mesmo dia, à noite, volta a pressionar, de forma ainda mais incisiva. "A partir de amanhã, não me falem mais sobre BNDES, usina solar e tão pouco (sic) o PT e o que nele contém". Chama os integrantes do grupo de "bandidos" e cita um dos filhos de Coutinho, sem mencionar o nome:

"Não permito que um MOLEQUE me ofende (sic) por ser filho do presidente do BNDES. Deveria tomar cuidado na maneira de proceder".

Coutinho disse nesta quinta-feira que as denúncias são "graves e mentirosas". Sustentou que as acusações "não têm pé nem cabeça" e informou que entrará com processo e pedido de indenização contra Quícoli. O presidente do BNDES tem dois filhos: um é professor da USP, e o outro, publicitário. Segundo o BNDES, nenhum trabalha com consultoria ou tem relação com o banco.

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A condenação por receptação, intimidação de testemunha e ameaça de morte não foi a primeira de Rubnei Quícoli. Em 2000, o avalista de graves denúncias da Folha foi julgado e condenado a quatro anos de prisão por posse de carro roubado e de dinheiro falso. A sentença informa que o réu apresenta “diversos apontamentos em sua folha de antecedentes”.

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Com tal ficha corrida, Rubnei pleiteava, segundo declarou à Folha e ao Globo (e eles acreditaram e publicaram), um financiamento de 9 bilhões (é bilhões mesmo, com b) no BNDES. (Só para lembrar aos repórteres que o entrevistaram o que significa o valor do financiamento supostamente pleiteado pelo senhor Rubnei Quícoli, a empresa Vale do Rio Doce foi vendida por 3,3 bilhões de reais. O senhor Rubnei estaria, com este currículo, pleiteando o financiamento de 3 Vales). Segundo Rubnei, o financiamento não saiu porque ele se recusou a pagar propinas.

Rubnei declarou a Folha, que publicou a declaração: "Não tenho conversa com bandido".

A Folha deveria, quem sabe, seguir o conselho de sua fonte, este exemplo de honradez.

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Atualização em 18 de setembro:

A cara de pau da imprensa serrista não tem limite. Primeiro, entregam suas capas e suas manchetes a um meliante de extensa folha policial para que ele ataque o governo Lula, afirmando, sem qualquer comprovação, que alguém do governo teria pedido 5 milhões para a campanha de Dilma. No dia seguinte, quando todo o país já conhece detalhes das condenações do tal sujeito (receptação de carga roubada, intimidação de testemunha com ameaça de morte, posse de dinheiro falsificado e carro roubado, etc, etc), a imprensa serrista vem com essa: “Como é que um sujeito com esta ficha corrida é recebido para uma reunião com a secretária executiva do ministério?”

O repórter Tonico Ferreira informou (no Jornal das Dez, da Globonews, ontem, 17/09/10) que Rubnei Quícoli “é conhecido da justiça, foi levado sete vezes para delegacias. A primeira passagem, em 87, foi por receptação de produtos roubados. Em outra foi pego com dinheiro falso. A última detenção foi em 2005, por desobediência a ordem judicial. Condenado pela justiça, ficou 10 meses preso em dois presídios. Mesmo assim, foi recebido pela Casa Civil”.

Rubnei Quícoli, ouvido pela Globonews, ataca a própria reputação:

Rubnei: “A Casa Civil, sabendo que estava tratando comigo, direto, porque ela não checou a minha vida, antes de chegar num resultado desses? Por que eu chequei a vida de todo mundo lá."

http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1619482-17665-313,00.html

Fica combinado o seguinte: qualquer funcionário público, antes de fazer qualquer reunião de 15 minutos com qualquer pessoa, mesmo uma reunião que não dê em absolutamente nada (nenhum financiamento foi concedido aos picaretas), deve pedir a ficha policial e o atestado de bons antecedentes de todos os participantes da reunião.

Já a imprensa pode entregar suas manchetes de capa a qualquer marginal que tenha algo a dizer contra o governo Lula.

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Não tenho nenhuma simpatia por José Dirceu, acho que sua saída do governo fez muito bem ao país e espero que ele não volte para lá, mas não acreditei na informação amplamente divulgada de que ele teria dito que há “excesso de liberdade de imprensa no Brasil”.

Manchete do Estadão:

Para Dirceu, imprensa tem 'excesso de liberdade'

15 de setembro de 2010

Primeiro parágrafo da matéria:

Em palestra para sindicalistas do setor petroleiro da Bahia, na noite de anteontem, em Salvador, o ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado pelo PT José Dirceu criticou o que chamou de "excesso de liberdade" da imprensa. "O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,para-dirceu-imprensa-tem-excesso-de-liberdade,610220,0.htm

Manchete do blog do Josias, na Folha:

Dirceu: Brasil tem ‘excesso de liberdade’ de imprensa

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Eu tinha razão, mais uma vez, em não acreditar na antiga imprensa, ele não disse isso, era mais uma mentira. Na verdade, disse exatamente o oposto disso.

Em seu discurso José Dirceu diz explicitamente que “não existe excesso de liberdade. Para quem viveu na ditadura, não existe excesso de liberdade. Na verdade há um abuso do poder de informar, o monopólio, e a negação do direito de resposta”.

A manipulação, por parte da antiga imprensa, desta declaração de José Dirceu é uma prova cristalina de que ele está certo ao apontar o abuso.

Ouça o áudio da fala de José Dirceu, publicado em “O Globo”:

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/audio/2010/19825/default.asp

Leia a transcrição da fala de José Dirceu, feita pelo próprio jornal O Globo:

“Nós somos um partido e uma candidatura que coloca em risco o que, o que eles estão batendo, todos articulistas da Globo escrevem e falam na TV, todos os analistas deles, todos os acadêmicos deles estão batendo o que: violação das garantias individuais e da constituição, que nós queremos censurar a imprensa, que o problema no Brasil é a liberdade de imprensa. Gente do céu. Bom, o problema do Brasil é excesso. É que não existe excesso de liberdade, pra quem já viveu em ditadura. (aplausos) O problema é o abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem. Que está na Constituição igualzinho a liberdade, a Constituição não colocou o direito de resposta e de imagem, a honra, abaixo ou acima da proibição da censura e da censura prévia, corretamente, ou do direito de informação e da liberdade de imprensa, de expressão. São todas cláusulas pétreas. “

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Mais informações sobre o padrão jornalístico da Folha de S. Paulo no “caso Rubnei Quícoli”:

Site do Luis Nassif:

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/folha-a-mentira-na-primeira-pagina

Site do Azenha:

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/folha-escancarou-ficha-falsa-de-dilma-mas-escondeu-a-do-consultor.html

Site Tijolaço (do Dep. Brizola Neto):

http://www.tijolaco.com/26528

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Os processos que condenaram Rubnei Quícoli, autor das denúncias que viraram manchete de capa da Folha de S. Paulo, são públicos e podem ser consultados.

Por receptação, intimidação de testemunha e ameaça de morte:

No site do TJ-SP, bastando informar a comarca (Campinas) e o nome do réu, aqui:

http://www.tj.sp.gov.br/PortalTJ/Paginas/Pesquisas/Primeira_Instancia/In...

Réu: Rubnei Quícoli
Comarca: Campinas
Nº do Processo: 114.01.2004.068543-3
Tribunal de Justiça de São Paulo
Fórum de Campinas
3ª. Vara Criminal
Sentença Condenatória em 27/07/2007

Por posse de carro roubado e dinheiro falso:

No Diário do Tribunal Regional Federal, aqui:

http://diario.trf3.jus.br/visualiza_acordaoDE.php?codigo_documento=520720

20 setembro 2010

O fim dum ciclo em que a velha mídia foi soberana

 por Luis Nassif, 18/09/2010

Dia após dia, episódio após episódio, vem se confirmando o cenário que traçamos aqui desde meados do ano passado: o suicídio do PSDB apostando as fichas em José Serra; a reestruturação partidária pós-eleições; o novo papel de Aécio Neves no cenário político; o pacto espúrio de Serra com a velha mídia, destruindo a oposição e a reputação dos jornais; os riscos para a liberdade de opinião, caso ele fosse eleito; a perda gradativa de influência da velha mídia.

O provável anúncio da saída de Aécio Neves marca oficialmente o fim do PSDB e da aliança com a velha mídia carioca-paulista que lhe forneceu a hegemonia política de 1994 a 2002 e a hegemonia sobre a oposição no período posterior.

Daqui para frente, o outrora glorioso PSDB, que em outros tempos encarnou a esperança de racionalidade administrativa, de não-sectarismo, será reduzido a uma reedição do velho PRP (Partido Republicano Paulista), encastelado em São Paulo e comandado por um político – Geraldo Alckmin – sem expressão nacional.

Fim de um período odioso

Restarão os ecos da mais odiosa campanha política da moderna história brasileira – um processo que se iniciou cinco anos atrás, com o uso intensivo da injúria, o exercício recorrente do assassinato de reputações, conseguindo suplantar em baixaria e falta de escrúpulos até a campanha de Fernando Collor em 1989.

As quarenta capas de Veja – culminando com a que aparece chutando o presidente – entrarão para a história do anti-jornalismo nacional. Os ataques de para jornalistas a jornalistas, patrocinados por Serra e admitidos por Roberto Civita, marcarão a categoria por décadas, como símbolo do período mais abjeto de uma história que começa gloriosa, com a campanha das diretas, e se encerra melancólica, exibindo um esgoto a céu aberto.

Levará anos para que o rancor seja extirpado da comunidade dos jornalistas, diluindo o envenenamento geral que tomou conta da classe.

A verdadeira história desse desastre ainda levará algum tempo para ser contada, o pacto com diretores da velha mídia, a noite de São Bartolomeu, para afastar os dissidentes, os assassinatos de reputação de jornalistas e políticos, adversários e até aliados, bancados diretamente por Serra, a tentativa de criar dossiês contra Aécio, da mesma maneira que utilizou contra Roseana, Tasso e Paulo Renato.

O general que traiu seu exército

Do cenário político desaparecerá também o DEM, com seus militantes distribuindo-se pelo PMDB e pelo PV.

Encerra-se a carreira de Freire, Jungman, Itagiba, Guerra, Álvaro Dias, Virgilio, Heráclito, Bornhausen, do meu amigo Vellozo Lucas, de Márcio Fortes e tantos outros que apostaram suas fichas em uma liderança destrambelhada e egocêntrica, atuando à sombra das conspirações subterrâneas.

Em todo esse período, Serra pensou apenas nele. Sua campanha foi montada para blindá-lo e à família das informações que virão à tona com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr e da exposição de suas ligações com Daniel Dantas.

Todos os dias, obsessivamente, preocupou-se em vitimizar a filha e a ele, para que qualquer investigação futura sobre seus negócios possa ser rebatida com o argumento de perseguição política.

A interrupção da entrevista à CNT expôs de maneira didática essa estratégia que vinha sendo cantada há tempos aqui, para explicar uma campanha eleitoral sem pé nem cabeça. Seu argumento para Márcia Peltier foi: ocorreu um desrespeito aos direitos individuais da minha filha; o resto é desculpa para esconder o crime principal.

Para salvar a pele, não vacilou em destruir a oposição, em tentar destruir a estabilidade política, em liquidar com a carreira de seus seguidores mais fiéis.

Mesmo depois que todas as pesquisas qualitativas falavam na perda de votos com o denuncismo exacerbado, mesmo com o clima político tornando-se irrespirável, prosseguiu nessa aventura insana, afundando os aliados a cada nova pesquisa e a cada nova denúncia.

Com isso, expôs de tal maneira a filha, que não será mais possível varrer suas estripulias para debaixo do tapete.

A marcha da história

Os episódios dos últimos dias me lembram a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim. Dejetos, lixo, figuras soturnas, almas penadas, todos sendo varridos pela água abundante e revitalizadora da marcha da história.

Dia após dia, mês após mês, quem tem sensibilidade analítica percebia movimentos tectônicos irresistíveis da história.

Primeiro, o desabrochar de uma nova sociedade de consumo de massas, a ascensão dos novos brasileiros ao mercado de consumo e ao mercado político, o Bolsa Família com seu cartão eletrônico, libertando os eleitores dos currais controlados por coronéis regionais.

Depois, a construção gradativa de uma nova sociedade civil, organizando-se em torno de conselhos municipais, estaduais, ONGs, pontos de cultura, associações, sindicatos, conselhos de secretários, pela periferia e pela Internet, sepultando o velho modelo autárquico de governar sem conversar.

Mesmo debaixo do tiroteio cerrado, a nova opinião pública florescia através da blogosfera.

Foi de extremo simbolismo o episódio com o deputado do interior do Rio Grande do Sul, integrante do baixo clero, que resolveu enfrentar a poderosa Rede Globo.

Durante dias, jornalistas vociferantes investiram contra UM deputado inexpressivo, para puni-lo pelo atrevimento de enfrentar os deuses do Olimpo. Matérias no Jornal Nacional, reportagens em O Globo, ataques pela CBN, parecia o exército dos Estados Unidos se valendo das mais poderosas armas de destruição contra um pequeno povoado perdido.

E o gauchão, dando de ombros: meus eleitores não ligam para essa imprensa. Nem me lembro do seu nome. Mas seu desprezo pela força da velha mídia, sem nenhuma presunção de heroísmo, de fazer história, ainda será reconhecido como o momento mais simbólico dessa nova era.

Os novos tempos

A Rede Record ganhou musculatura, a Bandeirantes nunca teve alinhamento automático com a Globo, a ex-Manchete parece querer erguer-se da irrelevância.

De jornal nacional, com tiragem e influência distribuídas por todos os estados, a Folha foi se tornando mais e mais um jornal paulista, assim como o Estadão. A influência da velha mídia se viu reduzida à rede Globo e à CBN. A Abril se debate, faz das tripas coração para esconder a queda de tiragem da Veja.

A blogosfera foi se organizando de maneira espontânea, para enfrentar a barreira de desinformação, fazendo o contraponto à velha mídia não apenas entre leitores bem informados como também junto à imprensa fora do eixo Rio-São Paulo. O fim do controle das verbas publicitárias pela grande mídia, gradativamente passou a revitalizar a mídia do interior. Em temas nacionais, deixou de existir seu alinhamento automático com a velha mídia.

Em breve, mudanças na Lei Geral das Comunicações abrirão espaço para novos grupos entrarem, impondo finalmente a modernização e o arejamento ao derradeiro setor anacrônico de um país que clama pela modernização.

As ameaças à liberdade de opinião

Dia desses, me perguntaram no Twitter qual a probabilidade da imprensa ser calada pelo próximo governo. Disse que era de 25% - o percentual de votos de Serra. Espero, agora, que caia abaixo dos 20% e que seja ultrapassado pela umidade relativa do ar, para que um vento refrescante e revitalizador venham aliviar a política brasileira e o clima de São Paulo.

17 setembro 2010

Eis algumas razões pelas quais eu voto em Dilma Rousseff:

Por Edson Marques
Dilma cuidava das finanças e da logística de alguns grupos que lutaram bravamente contra a ditadura militar.
Tem origem na classe média mineira, filha de pai empreendedor.
Estudou em boas escolas: seu currículo escolar é muito mais interessante que a sua ficha no DOPS.
Abandonou tudo para lutar pela democracia!
Foi torturada por 28 dias — e jamais delatou os amigos.
Ficou casada cerca de 28 anos com o marido de então: isso mostra estabilidade, algo valorizado do ponto de vista da maioria da nossa sociedade conservadora.
Um dos braços intelectuais do Brizola, e muito elogiada por ele (menos no episódio de filiação ao PT)
Foi aluna de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas pela Unicamp.
Secretária de Finanças da Prefeitura de Porto Alegre.
Secretária Estadual de Minas e Energia do Rio Grande do Sul.
Nunca se candidatou a nada para participar das candidaturas do próprio marido.
Foi Ministra das Minas e Energia.
Gerente do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento
Foi Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, sendo responsável pelo lançamento de ações da empresa em Nova York ano passado (onde não ficou presa... rs!)
Ministra-chefe da Casa Civil: "Governou" o Brasil, principalmente nas viagens do Lula.
Em toda sua vida pública, desde os tempos em que era guerrilheira, nenhuma suspeita de corrupção.
É mulher.
Inteligente.
Adora mitologia grega.
Tem poder de comando.
Sabe fazer alianças políticas.
Tem o apoio irrestrito do Lula, o melhor presidente que já tivemos depois de JK.

Por tudo isso, o povo a escolheu: vai ganhar já no primeiro turno.

Viva a democracia!



www.EdsonMarques.com
.

13 setembro 2010

Criado Comitê de Resistência JÁ, de solidariedade a jornal gaúcho.

Ação judicial da família Rigotto contra o Jornal JÁ e o jornalista Elmar Bones, iniciada pela mãe do então governador gaúcho há 10 anos, sufoca a empresa e o proprietário e pode falir o jornal.

Sábado 11 de setembro, constituiu-se na sede da Assocaição Rio-grandense de Imprensa (ARI) Comitê de Solidariedade e Resistência pelo direito á informação e sobrevivência com dignidade do Jornal JÁ.
As razões de adesão são todas as da garantia do direito de opinião e informação da sociedade com liberdade de imprensa.




















Leia mais a respeito na reportagem de Luís Cláudio Cunha.




O Comitê Resistência JÁ foi fruto do encontro solidário de estudantes e profissionais de várias gerações do jornalismo gaúcho.


"Todos com a clareza de que é necessário lutar pela sobrevivência do jornalismo independente, de bairro, comunitário..." conforme assinalou Ana Barros Pinto, colega que integra a coordenação das atividades propostas.


Entre elas a ampla divulgação da lenta e severa asfixia imposta ao JÁ.

12 setembro 2010

POIS É

O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo
ressentimentos
passivos. Olham o escândalo na televisão e exclamam 'que horror'.
Sabem do roubo do político e falam'que vergonha'.
Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam 'que absurdo'.
Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem 'que baixaria'.
Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram 'que medo'. E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição 'neste país'.
Do ressentimento passivo à participação ativa'.
Pois recentemente estive em Porto Alegre, Caxias do Sul, Florianópolis, Joinville, Foz do Iguaçu e Curitiba, onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, ainda mais um paulista/paulistano que sou.
Um regionalismo que simplesmente não existe na São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém. No Paraná, palestrando num evento da FAE, uma surpresa.

Abriram com o Hino Nacional.
Todos em pé, cantando.
Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Paraná.

Fiquei curioso. Como seria o hino?
Comentei com um senhor ao meu lado, e ele disse que em todas as partidas de futebol no estado, o hino estadual também é executado.
Começa a tocar e, para minha surpresa,
quase todos cantam a letra:

""Entre os astros do Cruzeiro!
És o mais belo a fulgir,
Paraná serás luzeiro, Avante para o porvir!
A glória, Santuário..
Que o povo aspire e que idolatre-a...
E brilharás com brilho vário,
Estrela rútila da Pátria,
Pela vitória do mais forte,
Lutar, lutar, chegada é a hora!"""

Na semana seguinte, em um belo evento que palestrei na Sindirádio em Porto Alegre, pós Hino Nacional Brasileiro, toca-se o Hino do Estado do Rio Grande do Sul:

Como a aurora precursora /
do farol da divindade, /
foi o vinte de setembro /
o precursor da liberdade.

Em seguida um casal, sentado do meu lado,
prepara um chimarrão.
Com garrafa de água quente e tudo.
E oferece aos que estão em volta.
Durante o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem.
E eu fico pasmo. Todos colocando a boca
na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado.
Desde que saí de Bauru,
nos anos setenta, não sei mais o que é 'comunidade'.
Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo.
Aliás, você sabia que
São Paulo tem hino? Que o Rio de Janeiro tem hino? Pois é...
Foi então que me deu um estalo.
Sabe como é que os 'ressentimentos passivos'
se transformarão em participação ativa?
De onde virá o grito de 'basta' contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil?
De São Paulo é que não será.
Esse grito exige consciência coletiva,
algo que há muito não existe em São Paulo e Rio de Janeiro.
Os paulistas e cariocas perderam a capacidade
de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção.
São Paulo é um grande campo de refugiados,
sem personalidade, sem cultura própria, sem 'liga'.
Cada um por si e o todo que se dane.
E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.
Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa
'liga'. A mesma que eu vi em Curitiba e Porto Alegre.
Algo me diz que mais uma vez os brasileiros apaixonados do sul
é que levantarão a bandeira. Que buscarão
em suas raízes a indignação que não se
encontra mais em São Paulo, Rio, etc.
Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.
De minha parte, eu
acrescentaria, ainda:
'...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra...'
Por: Arnaldo Jabor

Obs: As vezes ele escreve algo que preste!

Pela enésima vez VEJA ERROU!

A ministra Erenice Guerra reagiu com a nota pública a seguir transcrita.


“Sobre a matéria caluniosa da revista VEJA, buscando atingir-me em minha honra, bem como envolver familiares meus, cumpre-me informar:



1) Procurados pelo repórter autor das aleivosias, fornecemos –tanto eu quanto os meus familiares– as respostas cabíveis a cada uma de suas interrogações. De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos;



2) Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista VEJA, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por DANOS MORAIS quanto para que me garanta o DIREITO DE RESPOSTA;



3) Como servidora pública sinto-me na obrigação, desde já, de colocar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico, bem como o de TODOS os integrantes de minha família, à disposição das autoridades competentes para eventuais apurações que julgarem necessárias para o esclarecimento dos fatos;



4) Lamento, por fim, que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos.



Brasília, 11 de setembro de 2010.



Erenice Guerra



Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República.”

10 setembro 2010

Agora já penso em vencer com 80%, no primeiro turno.

A revista Carta Capital, na edição que chegou às bancas hoje, em irrespondível matéria do jornalista Leandro Fortes, demonstra que a Decidir.com – empresa de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à presidência da República – após conseguir de forma irregular junto ao Banco do Brasil (por lobby do papai), o poderoso e vasto banco de dados de mais de 60 milhões de cidadãos brasileiros através de acordo operacional com aquela instituição oficial, durante o governo de FHC, disponibilizou-os em seu site.

Informações de cadastro do Banco Central do Brasil, também estavam para a filha de Serra e sua empresa venderem a seus eventuais clientes.

O presidente do BC à época era o tucano Armínio Fraga.

O jornal Folha de São Paulo (quem diria!), em inícios de 2001, denunciou o fato, sem citar o nome da proprietária da empresa e, ainda hoje, quando a filha de Serra é transformada em “vítima” continua omitindo o fato do banco de dados na internet, agora escondido.

A matéria de capa da Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/, ainda não disponibilizada totalmente em seu site, é arrasadora.

Mostra a falsidade, o farisaísmo e a hipocrisia de José Serra e do seu partido, bem como levanta a ponta dos misteriosos negócios de Verônica Serra, cujo sigilo fiscal embora tenha sido “quebrado”, estranhamente não foi divulgado, ao contrário de 60 milhões de brasileiros, entre eles 18 deputados federais, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, o compositor Chico Buarque de Hollanda, que tiveram seus sigilos acessados e suas vidas fiscais devassadas graças à empresa que Verônica mantinha registrada em um paraíso fiscal do Caribe.

Processo foi aberto e engavetado no Ministério da Justiça e na Polícia Federal.

O ministro da justiça era José Gregóri. Hoje ele é o tesoureiro da campanha de José Serra.

O diretor do DPF era o delegado Agílio Monteiro Filho, filiado ao PSDB… Não deu em absolutamente nada, sendo engavetado.


Saldo do escândalo onde Verônica Serra quebrou o sigilo de 60 milhões de brasileiros: NADA!

07 setembro 2010

QUEM DEFENDE A VIDA: A CNBB OU NÓS?

Circula pela internet uma mensagem, supostamente assinada por Dom Luiz Gonzaga Bergonzini recomendando aos “verdadeiros cristãos” a não votarem em Dilma, no PT e nenhum candidato que apoie as “Liberações” como o Aborto.

Quem é a Igreja Católica? A Igreja é produto de homens e mulheres carregados de suas ideologias e dominada pela única estrutura ditatorial que perdura desde a morte de Jesus Cristo. A única Ditadura que em nome de Deus escreveu uma história de pecados e pecadores. O autoritarismo na Igreja ainda é hoje sua marca principal. Onde está a participação das mulheres na Igreja Católica? Elas participam das decisões?

Vejamos:

Após Constantino (313 dC), a Igreja transformou no poder constituído e abandonou sua visão cristã, digo de Cristo, libertador dos oprimidos e lutador social pela liberdade dos pobres, escravizados pelo capital e ideologia dominante.

Quem foi a Igreja Católica na Antiguidade? A Igreja na antiguidade baseou-se no passado, restaurar o que já passou e não lutou pela prática política e social de Jesus Cristo. A Igreja usou a Bíblia para manter o padrão de dominação do Homem pelo Homem. São inúmeros exemplos históricos onde a Igreja Católica ficou do lado do Poder contra os trabalhadores.

Quem foi a Igreja Católica na Idade Média? Na Idade Média, a escrita estava restrita aos quadros do alto clero, nos conventos e o povo? O povo padecia sob o poder da Igreja Católica, excluídos e alienados. Ela exercia um poder expresso na Inquisição, queimava todos que eram diferentes, apenas diferentes e pior, queimavam pessoas inteligentes, afinal, os que foram para as fogueiras da Inquisição sabiam que era a Terra que circulava em torno do Sol. E a Igreja? Vivia no atraso, no passado, na escuridão, nas trevas. Tanto que setores internos da Igreja protestaram e acabaram excluídos dela, por representarem mudanças, ainda que moderadas, no jeito de ser igreja, como: a tradução da Missa, sempre celebrada em latin, para o idioma local, a aceitação da modernidade econômica para a industrialização.

Quem foi a Igreja Católica no fim da Idade Média? No fim da Idade Média, ela ficou novamente no atraso, condenava a usura e, ao mesmo tempo, praticava a usura, a dominação, a exclusão, colocou-se, mais uma vez, contra o avanço da humanidade.

Quem foi a Igreja Católica? Na Idade Moderna, em muitos locais, ela passou a deixar de ser o Estado Absoluto para ocupar uma função mais afastada do Estado, a dominação sobre as pessoas passou a ser religiosa, opondo-se sistematicamente ao que vinha do Estado. O estado agora era leigo, não mais religioso. Ao chegar na Idade Contemporânea já está reduzida em território, em sua força política e perde grande parte de sua influência religiosa e moral.

Quem foi a Igreja Católica na América Latina? Nada diferente do passado. O que muda no Século XX é que o povo cristão latino e o baixo clero percebem que a Igreja Católica deveria estar do lado dos Trabalhadores e não da elite. É quando surge movimentos na base da Igreja – e não na hierarquia – que buscam outra visão de religião católica e cristianismo social: são as comunidades eclesiais de base sob a orientação da Teologia da Libertação, onde a opção é pelos pobres e não pela elite.

Eram tempos de Ditadura dos Estados Latinos contra a massa de trabalhadores e a Igreja inicia um novo ciclo: A Igreja passa a ser o inverso da Sociedade política e civil, isto é, passa a se opor ao Regime de Ditaduras. No Brasil, por exemplo, a Igreja torna-se o maior Partido Político sem ser um Partido, porque ocupou, corretamente, o espaço de defesa dos interesses dos trabalhadores. No entanto, a medida que a sociedade abriu-se, tornou-se democrática e os militares deixaram os postos de comando do Estado, a Igreja voltou-se para o seu mundo alienado, sem envolvimento com o povo.

Quem é a Igreja Católica hoje no Brasil? Ela vive o inverso do avanço, da democracia, do crescimento social e econômico que vive o país. Coloca-se, então, contra o PT e o povo, isolando-se ainda mais, como é a síndrome que passou a viver desde o século XX: quanto mais avança a sociedade política e civil, mais atrasada a Igreja torna-se, a despeito do avanço de seu povo cristão e do baixo clero, que unidos organicamente ao povo, percebem as mudanças da vida, e vida em abundancia como Jesus Cristo desejava.

Ou alguém acha que não foi o Governo do PT, do Lula que tirou 31 milhões de Brasileiros da condenação à Morte pela fome? Por acaso não foi o PT e seus aliados que aumentou o Salário Mínimo, ou que distribuiu renda, ou que garantiu ingresso de milhares de pobres à Universidade?

Para um cristão, ser contra a Dilma, contra o PT e seus aliados é SER CONTRA O POVO E A DEUS, É SER CONTRA JESUS CRISTO e a todos seus ensinamentos, é negar a vida, é negar Deus.

Mas não se preocupem, a Igreja Católica no Brasil está tão isolada e tão atrasada que não consegue nem convencer o seu clero.

Então, quem é a favor da VIDA?

A Igreja Católica que é contra o Aborto ou NÓS (Governo Lula/PT) que tiramos milhões de pessoas da condenação à morte por falta de comida, de educação, de saúde?

Ainda bem que ser Cristão é bem diferente do que ser Igreja!

Por José Augusto Zaniratti

06 setembro 2010

Segurança de Yeda, preso por extorsão, espionou senador, ministro e policiais

O sargento César Rodrigues de Carvalho, lotado na Casa Militar do governo gaúcho, foi preso nesta sexta-feira acusado de extorsão e cobrança de propina de contraventores do setor de caça-níqueis e bingos. Segundo Ministério Público, sargento era segurança da governadora Yeda Crusius e utilizou carros oficiais do governo para efetuar a cobrança de propinas. Além disso, ele teve acesso ao sistema integrado de consultas da Secretaria de Segurança e espionou a vida de um senador, um ministro, políticos e delegados de polícia. O Ministério Público mantém os nomes dos políticos espionados em sigilo.

Marco Aurélio Weissheimer


O sargento César Rodrigues de Carvalho, preso nesta sexta-feira, em Porto Alegre, acusado de extorsão a bingos e violação de dados sigilosos de políticos e autoridades, utilizou diversas vezes carros do governo estadual para cobrar propinas de ao menos um proprietário de máquinas caça-níqueis em Canoas. A revelação foi feita hoje à tarde pelo promotor de Justiça Amílcar Macedo, durante entrevista coletiva em Canoas. O sargento estava lotado na Casa Militar do Palácio Piratini e foi preso pela manhã por corrupção e extorsão a contraventor de máquinas de caça-níqueis. Segundo o promotor, o sargento estava tentando obstruir a investigação sobre ele acessando dados sigilosos dos investigadores e outras autoridades.



A investigação iniciou há cerca de três meses quando a promotoria de Canoas recebeu a informação de que um contraventor de máquinas de caça-níqueis estaria sendo extorquido por um brigadiano lotado na Casa Militar do Palácio Piratini. Segundo a promotoria apurou, o recolhimento de propinas ocorria sempre após às 22 horas e vinha ocorrendo há cerca de dois anos. O sargento, disse o promotor, utilizava veículos oficiais da Casa Militar do governo do Estado destinados a fazer a segurança da governadora Yeda Crusius. Ainda segundo Amílcar Macedo, o sargento era um agente de inteligência que foi selecionado por critérios obscuros para trabalhar no Palácio. Presente à coletiva, o ex-ouvidor da Segurança Pública do Estado, Adão Paiani, disse que a governadora e outras autoridades do governo estadual foram advertidas em 2008 a não admitir o sargento no Palácio.



Na conversa com os jornalistas, o promotor Amílcar Macedo disse que ainda não sabe bem a mando de quem o sargento agia, mas não acredita que fosse uma atitude individual isolada. Macedo manifestou surpresa com a decisão do governo estadual de exonerar o sargento da Casa Militar e transferi-lo para a Secretaria da Segurança Pública. O Diário Oficial da última terça-feira (31) publica a exoneração da Casa Militar e, ao mesmo tempo, a concessão de uma FG 10, uma alta função gratificada, que pertencia a um coronel, transferido da Secretaria da Segurança para a Assembléia. Indagado sobre o que ele fazia na Casa Militar, o promotor respondeu: “Num primeiro momento nos informaram que ele era um agente de inteligência. Pelo que descobrimos ao longo da investigação, ele estava trabalhando, de fato, na segurança da governadora e tinha carros da Casa Militar à sua disposição”.



Espionou senador, ministro e delegado de polícia



César Rodrigues de Carvalho utilizou-se de senhas do sistema de Segurança do Estado para espionar a vida de políticos, delegados de polícia e outras autoridades gaúchas. O promotor Amílcar Macedo que revelou que, em apenas um intervalo de uma semana, o brigadiano fez mais de 1.200 “pesquisas” em todos os horários imagináveis. Para isso, se utilizava de computadores dentro do Palácio Piratini e também em sua residência. Entre outros, ele espionou a vida de um senador da República, de um ex-ministro de Estado (que não são do mesmo partido, assegurou o promotor), do chefe de inteligência do V Comando Aéreo de Canoas, de delegados de polícia e, mais recentemente, dos investigadores que estavam investigando-no. Ele também realizou pesquisas sobre endereços e veículos de diretórios municipais de um partido político do Estado. Amílcar Macedo prefere não revelar nomes por enquanto.



No terreno da cobrança de propinas do setor de bingos e caça-níqueis, a promotoria tem informações de que há outros empresários do ramo que também estavam sendo extorquidos. As “pesquisas” que o sargento realizava no sistema integrado de consultas da Secretaria de Segurança eram utilizadas também, segundo a promotoria, para avisar pessoas sobre operações da Brigada Militar, sobre mandados de prisão que seriam executados. “Ele tinha acesso inclusive a processos judiciais e a investigações em curso no Ministério Público. Além disso estava acessando dados sobre diretórios de um partido político e seus veículos. Não consigo entender que tipo de perigo ou ameaça à governadora poderia justificar o acesso a esses dados”, observou Macedo.



O promotor não quis adiantar conclusões quanto à destinação do dinheiro arrecadado na cobrança de propina (somente de um contraventor foram de 5 a 6 mil mensais durante um período de aproximadamente dois anos). Segundo o testemunho desse contraventor, o sargento dizia que o dinheiro era “para ele e para seus chefes”. “Não tenho elementos de convicção para falar sobre o destino do dinheiro. O que posso dizer é que há outras pessoas vinculadas a campanhas políticas de alguns candidatos que têm relações com esse sargento”, afirmou. Além disso, acrescentou, outras pessoas também estariam cobrando propinas no setor de caça-níqueis em um esquema similar ao operado pelo sargento. O Ministério Público tem vídeos da cobrança destas propinas. As imagens estão sendo periciadas e serão divulgadas após a perícia, garantiu o promotor.