05 novembro 2011

Não custa lembrar, mesmo a Lula, que a luta de classes é permanente

Guia de boas maneiras na política. E no jornalismo

Maria Inês Nassif  

A obsessão da elite brasileira em tentar desqualificar Lula é quase patológica. E a compulsão por tentar aproveitar todos os momentos, inclusive dos mais dramáticos do ponto de vista pessoal, para fragilizá-lo, constrange quem tem um mínimo de bom senso.
A cultura de tentar ganhar no grito tem prevalecido sobre a boa educação e o senso de humanidade na política brasileira. E o alvo preferencial do “vale-tudo” é, em disparada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por algo mais do que uma mera coincidência, nunca antes na história desse país um senador havia ameaçado bater no presidente da República, na tribuna do Legislativo. Nunca se tratou tão desrespeitosamente um chefe de governo. Nunca questionou-se tanto o merecimento de um presidente – e Lula, além de eleito duas vezes pelo voto direto e secreto, foi o único a terminar o mandato com popularidade maior do que quando o iniciou.

A obsessão da elite brasileira em tentar desqualificar Lula é quase patológica. E a compulsão por tentar aproveitar todos os momentos, inclusive dos mais dramáticos do ponto de vista pessoal, para fragilizá-lo, constrange quem tem um mínimo de bom senso. A campanha que se espalhou nas redes sociais pelos adversários políticos de Lula, para que ele se trate no Sistema Único de Saúde (SUS), é de um mau gosto atroz. A jornalista que o culpou, no ar, pelo câncer que o vitimou, atribuindo a doença a uma “vida desregrada”, perdeu uma grande chance de ficar calada.

Até na política as regras de boas maneiras devem prevalecer. Numa democracia, o opositor é chamado de adversário, não de inimigo (para quem não tem idade para se lembrar, na nossa ditadura militar os opositores eram “inimigos da pátria”). Essa forma de qualificar quem não pensa como você traz, implicitamente, a ideia de que a divergência e o embate político devem se limitar ao campo das ideias. Esta é a regra número um de etiqueta na política.

A segunda regra é o respeito. Uma autoridade, principalmente se se tornou autoridade pelo voto, não é simplesmente uma pessoa física. Ela é representante da maioria dos eleitores de um país, e se deve respeito à maioria. Simples assim. Lula, mesmo sem mandato, também o merece. Desrespeitar um líder tão popular é zombar do discernimento dos cidadãos que o apoiam e o seguem. Discordar pode, sempre.

A terceira regra de boas maneiras é tratar um homem público como homem público. Ele não é seu amigo nem o cara com quem se bate boca na mesa de um bar. Essa regra vale em dobro para os jornalistas: as fontes não são amigas, nem inimigas. São pessoas que estão cumprindo a sua parte num processo histórico e devem ser julgadas como tal. Não se pode fazer a cobertura política, ou uma análise política, como se fosse por uma questão pessoal. Jornalismo não deve ser uma questão pessoal. Jornalistas têm inclusive o compromisso com o relato da história para as gerações futuras. Quando se faz jornalismo com o fígado, o relato da história fica prejudicado.

A quarta regra é a civilidade. As pessoas educadas não costumam atacar sequer um inimigo numa situação tão delicada de saúde. Isso depõe contra quem ataca. E é uma péssima lição para a sociedade. Sentimentos de humanidade e solidariedade devem ser a argamassa da construção de uma sólida democracia. Os formadores de opinião tem a obrigação de disseminar esses valores.

A quinta regra é não se deixar contaminar por sentimentos menores que estão entranhados na sociedade, como o preconceito. O julgamento sobre Lula, tanto de seus opositores políticos como da imprensa tradicional, sempre foi eivado de preconceito. É inconcebível para esses setores que um operário, sem curso universitário e criado na miséria, tenha ascendido a uma posição até então apenas ocupada pelas elites. A reação de alguns jornalistas brasileiros que cobriram, no dia 27 de setembro, a solenidade em que Lula recebeu o título “honoris causa” pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, é uma prova tão evidente disso que se torna desnecessário outro exemplo.

No caso do jornalismo, existe uma sexta regra, que é a elegância. Faltou elegância para alguns dos meus colegas.

68, A Geração que queria mudar o mundo

"A primeira tiragem de 3000 exemplares do livro 68 a geração que queria mudar o mundo esgotou-se em menos de três meses. Sucesso total! Estamos aguardando a segunda tiragem que deverá ficar pronta em dezembro, segundo os melhores prognósticos.


As pessoas físicas ou jurídicas que desejam fazer reserva do livrão, escrevam para mim. Estou criando uma fila. Envie nome completo, endereço completo com CEP e telefone."

Eliete Ferrer - Coordenadora Editorial: eliete@centroin.com.br

15 maio 2011

Ana de Hollanda e a banda de sopros de Mairinque

por Oswaldo Mendes *

Havia prometido ficar longe das tertúlias culturais em torno do poder. Porém, o anúncio de uma homenagem a dois amigos que ajudaram a alicerçar o moderno teatro brasileiro – a atriz Lélia Abramo e o diretor e ator José Renato Pécora – me convenceu a ir ao encontro com a ministra Ana de Hollanda, terça-feira, 10 de maio, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Sem pressa, cheguei atrasado sabendo que estaria adiantado, pois esses eventos nunca começam na hora. Nunca. Na sala identifiquei poucos amigos do teatro, alguns da música popular, dois ou três da dança e do cinema e muitos outros talentos, jovens e nem tanto, aos quais a minha ignorância ainda não reconhece. Preciso sair mais de casa, conclui sem muita convicção.

Ouvi de alguém que a ministra estava atendendo à imprensa e se atrasaria um pouco. O que me levou a ir fumar na rua, pois na Assembleia não se fuma nem nas vastas áreas abertas. Belo exemplo dos nossos legisladores, que poderia ser aplicado a outros cuidados com a saúde e o bem-estar dos contribuintes e não só aos males do tabaco. Na área externa da sala do evento, os jovens músicos da banda municipal de Mairinque estavam a postos. Sem impaciência, como nós fumantes. Foi o tempo de dois cigarros para a banda começar a sua apresentação, mesmo sem a presença da ministra. Com alguns outros gatos pingados me postei à frente do conjunto de sopros, meninos e meninas na maioria, quase crianças. Talentos anônimos e em formação sempre me emocionam. De repente, fui deslocado do meu lugar privilegiado na pequena plateia por um batalhão de fotógrafos, cinegrafistas, jornalistas, políticos e gente que suponho muito importante e que se acomodou diante da banda, agora cercada de ilustres ouvidos. Suponho ilustres, pois também para identificar celebridades a minha ignorância continua infinita. Flores do pequeno clarinetista para a ministra, aplausos e fotos, muitas fotos. E mais algumas músicas, de hits de Michael Jackson a Adoniran Barbosa. No balanço final, confesso que a banda de Mairinque foi o item que mais me comoveu.

A tarde, entretanto, estava apenas começando. Antes dos finalmentes, fomos submetidos ao enfadonho protocolo, com o locutor oficial desfilando nomes e mais nomes de excelências presentes. Nunca vi tantas excelências em um evento da Cultura (maiúscula ou minúscula?). Raramente, ou nunca, vi uma delas no teatro. Enfim, deram a palavra à ministra. Como prometido, Ana de Hollanda fez rápida menção ao centenário de nascimento da atriz Lélia Abramo e à morte recente de José Renato, criador do Teatro de Arena de São Paulo, espaço sob os cuidados da Funarte e que há tempos não recebe uma temporada regular de teatro – recentemente serviu até para depósito de catálogos da Bienal. Reduziu-se a isso a homenagem a Lélia e Zé Renato que me fez sair de casa. Percebi logo que ninguém, a não ser eu e alguns desavisados, estava interessado em homenagear quem quer que fosse. Farinha pouca, meu pirão primeiro. Essa era a frase que parecia estampada em muitos rostos. Não é de hoje que as questões da cultura (minúscula, de propósito) se reduziram a esse “cadê o meu?” e a uma disputa política, não importa o partido, por um poder que não sei bem qual é.

Espera, acho que sei sim que poder é esse. Ao ouvir tantos discursos, de apoio e de crítica à ministra, alguns até ponderados e razoáveis, fiquei pensando nas razões que colocaram Ana de Hollanda na berlinda tão depressa. Eu a conheço de raros e cordiais encontros no passado. Se a gente se encontrar na rua, certamente ela não me reconhecerá. Portanto, o meu carinho e o meu respeito por ela são gratuitos, muito longe da política e do partido no poder. Desconfio que existe um não declarado pacto entre grandes interesses negociais e pequenas disputas partidárias. As questões da Cultura não têm mais nada a ver com artistas e produtores culturais. O buraco é muito mais embaixo. O tema da discórdia – direitos autorais – não tem a ver com os autores, mas com os que usam a sua obra. Bom não esquecer que a imprensa, aquela que influi e forma a opinião pública, em boa parte pertence ou está associada a empresas de comunicação de grande porte, muito sensíveis à questão dos direitos autorais. Logo, é possível questionar, sim, a sua isenção. Basta ler o noticiário do dia seguinte ao evento na Assembleia em São Paulo.

Não li uma linha sobre a banda de Mairinque, a pífia homenagem a Lélia e ao José Renato ou os discursos ouvidos e respondidos pela ministra – fatos que, como cidadão e ex-jornalista, testemunhei. Li apenas, e isso não testemunhei nem a maioria dos presentes, que Ana saiu escoltada do recinto. Com direito a uma foto em que ela parece esconder o rosto. Ora, esconder o rosto pra quê e de quem? Isso a legenda não explica. Mas uma foto vale mais que mil palavras – não é o que ainda se ensina nas escolas de jornalismo e nas redações? Está na hora de a imprensa – e os seus profissionais – despir-se de seu manto de vestal. Sempre desconfiei dos que usavam, e usam, a defesa da liberdade de imprensa para encobrir os interesses da empresa jornalística. A liberdade de imprensa só se sustenta se amparada no direito à informação, que diz respeito a toda sociedade e a cada cidadão. Não faltam exemplos do exercício da censura pela imprensa (ou, se quiserem, das empresas jornalísticas) a informações de interesse público. Mas essa é outra história e, antes que se insinue o contrário, sou contra qualquer controle e restrição à liberdade de quem quer que seja, incluída a imprensa, além dos limites fixados em lei – como a restrição à minha liberdade de fumar em recintos ou áreas públicas, restrição que lamento mas acato sem espernear.

Resumo da ópera: é preciso ler o que está no avesso desse noticiário sobre a corda bamba em que vive Ana de Hollanda. Por que, de repente, o Ministério da Cultura recebe tanta atenção, até de articulistas sem nenhum histórico de preocupação com os temas relevantes da área? Política? Não. Como diria Bill Clinton (foi ele mesmo quem disse?): é a economia, seu idiota! É a economia! Isso vale tanto para os que correm o pires, catando as migalhas do orçamento do Ministério, como para os que têm grandes negócios e interesses em vista. E no meio do fogo cruzado, Ana ainda leva cotoveladas partidárias dos companheiros que se sentem ameaçados.


_________
* Oswaldo Mendes é ator, diretor e autor de teatro, atualmente em cartaz no elenco de “12 homens e uma sentença”, no Teatro Imprensa, em São Paulo.







Aproveitamos também para repassar o convite da Cecilia para assistir a estréia de seu filho Flavio Guarnieri em ELES NÃO USAM BLACK-TIE


11 maio 2011

Privilégios do império




Estudo de capa para O Império Bandido. de Adroaldo Bauer Spíndola Corrêa
   por Juremir Machado da Silva


O Império pode tudo.

Ainda mais quando a causa é "boa".

Pode obter informações sob tortura.

Pode manter prisioneiros sem julgamento.

Pode invadir um país soberano.

Pode executar seu inimigo desarmado em vez de prendê-lo.

Pode desaparecer com o corpo e não apresentar provas do seu ato.

Pode selecionar ditaduras a serem combatidas.

Pode aliar-se com ditaduras "razoáveis".

O Império está acima do bem e do mal.

Acima dos acordos internacionais.

Acima da norma.

Para alcançar seus fins, pode cometer infrações graves ao direito internacional.

O Império não tem limites.

Para o Império não existe soberania nacional inviolável.

O Império é o Bem.

O Bem do Império.

O resto é figurante.

05 maio 2011

Histórias da Carochinha, Chapéuzinho Vermelho e Alice no País das Maravilhas

A barbárie e a estupidez jornalística no caso da morte de Bin Laden


4/5/2011 10:06,
Por Elaine Tavares

Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece que aconteceria? O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenando o ataque.

Haveria especialistas em direito internacional alegando que um país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre, que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra. Possivelmente Cuba seria retaliada e, com certeza, invadida por tropas estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.

Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.

Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito, eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.

E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo? Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.

O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada. Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do jornalismo mundial.

Olha, eu sei lá, mas o que vi na televisão chegou às raias do absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império.

Darth Vader é fichinha!

16 abril 2011

Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, avalia historiador Eric Hobsbawm


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas", opinou o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos. Ícone da historiografia marxista, ele se reuniu nesta quarta-feira (13) com Lula na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula.
Autor do clássico "Era dos Extremos", Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.
"Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul." Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, "claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente".
"Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente", disse.
Sobre o encontro, disse que foi uma "experiência maravilhosa", especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. "Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."

A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.
"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher.  Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais", falou.

Viagem de Lula

Lula chegou na Inglaterra na noite de terça-feira (12). Além de Hobsbawm, ele teve nesta quarta um encontro com a presidente da ONG inglesa Oxfam, Barbara Stocking, que se dedica à busca de soluções para a pobreza no mundo. O tema da conversa foi sobre projetos na África.
Nesta quinta-feira (14), Lula dará uma palestra a empresários em um seminário promovido pela Telefonica em Londres. Ele pretende falar sobre as perspectivas de investimento no Brasil e sobre o fortalecimento da democracia na América do Sul, sem focar em um país específico. A assessoria de Lula não divulga o valor cobrado pelo ex-presidente, mas especulações na imprensa apontam que gira em torno de R$ 200 mil. Será a terceira palestra desde que deixou o governo.
Em seguida, ele embarca para Madri, onde fica até sábado (16), quando volta ao Brasil. Na Espanha, ele vai receber um prêmio da Prefeitura de Cádiz na sexta e, no sábado, se reúne com o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero. À tarde, assistirá ao jogo de futebol entre Barcelona e Real Madrid.

08 março 2011

Tarso Genro: A democracia e a demonização da política


Novos sujeitos políticos estão surgindo no interior de um processo de desconstituição da política, que ocorre em escala mundial, após o fracasso das receitas neoliberais para a reforma do Estado.


Por Tarso Genro*, no "Tendências e Debates" da Folha de S.Paulo

Esses novos sujeitos florescem fora dos partidos, tanto nos regimes democráticos como nos países autoritários. Quem substitui os partidos, hoje, são as redes sociais, as organizações de defesa do direito das mulheres contra Berlusconi na Itália, os movimentos populares de jovens no Egito, os "banlieues" nas periferias de Paris.

Todos movimentos em rede, que não pedem licença aos partidos ou aos sindicatos. São designados pela mídia, equivocadamente, como "revoluções", mas sem ideologia unitária. O que pedem são reformas, reconhecimento, oportunidades de trabalho, democracia e participação. São movimentos relativamente espontâneos, não contra a política, mas por outra política. Todo o espontaneísmo é sadio quando se desdobra, em algum momento, em organização consciente.

Torna-se perigoso e contraproducente, em termos democráticos, quando permanece só fluindo, sem substituir o "velho" por nova ordem: a desesperança, nesse caso, pode redundar em salvacionismo ditatorial reciclado, gerando situação inclusive pior que a anterior.

É visível que existe, em grande parte da mídia, também uma campanha contra a política e os políticos, o que, no fundo, é, independentemente do objetivo de alguns jornalistas, também uma campanha contra a democracia.

Ela generaliza o desprezo aos políticos e ao Estado, principalmente àqueles que ainda preservam traços de defesa do antigo Estado de bem-estar. São sempre os partidos políticos, porém, os legatários que reorganizam a sociedade, seja para mais coesão e mais igualdade, seja para mais hierarquia, diferenças sociais e autoritarismo.

É verdade que poucos partidos têm compreendido a profundidade desses movimentos, permanecendo incapazes de apresentar alternativas novas. A maioria, na defesa de seus programas de governo, cinge-se a doses maiores ou menores de "liberalismo" ou "keynesianismo".

Estão desatentos ao fato de que as relações culturais, científicas e econômicas globais mudaram tudo. E que hoje é preciso propor novas formas de organização do Estado, novos tipos de políticas públicas e também organizar um novo sistema de defesa da moral pública.

Mas "representação" e eleições, mal ou bem, sempre constituíram formas de resistência contra o domínio, sem limites, dos manipuladores do capital financeiro especulativo que controlam a vida pública das nações. Eleições e representação constituíram, sempre, "problemas" para os mentores das reformas neoliberais, que agora são os herdeiros políticos do seu fracasso.

O domínio da ideologia neoliberal, além de ter conseguido sua hegemonia a partir da ideia do "caminho único", agora requer conclusões únicas sobre os efeitos da crise, para diluir as responsabilidades de quem a gerou. Desmoralizar a política, partidos e políticos ajuda a
desmoralizar as críticas ao fracasso do seu modelo de sociedade.

Por isso, as frequentes campanhas genéricas contra o Estado e contra os políticos em geral têm sido duras. São campanhas não contra o Estado ausente, que dispensa políticas sociais. Nem contra os políticos corruptos, em especial. Mas uma campanha abrangente contra o Estado e contra a política.

As lições do Oriente e também da Europa servem para todos nós que, imbuídos do "desenvolvimentismo econômico e social", defendemos que o Estado deve ser forte por ser transparente e acessível à participação popular. Jamais deve ser "fraco", para ser obrigado a aplicar as receitas da redução impiedosa dos gastos sociais. E, depois, eleger a caridade privada como meio de compensar desigualdades brutais que o neoliberalismo nos legou.

*Tarso Genro é governador do Rio Grande do Sul pelo PT. Foi ministro da Justiça (2007-2010), ministro da Educação (2004-2005) e prefeito de Porto Alegre pelo PT (1993-1996 e 2001-2002).

07 março 2011

POLÍTICOS IMPORTADOS

Lembro disso, 2004!importando politicos
Nas eleições presidenciais nos Estados Unidos o ator-políticoArnold Schwarzenegger (foto à direita) é considerado um trunfo para a campanha de Bush. O ex-Mister Universo musculoso é austríaco e atual governador da Califórnia. Na época de sua eleição, li alguns textos criticando o fato de um não americano governar um dos estados mais importantes dos EUA.

Em Maringá, também há no poder público um “político importado”. José Zaniratti(foto à esquerda) já foi criticado por opositores do Partido dos Trabalhadores por não ser de Maringá e ocupar um cargo importante na prefeitura. O PT tem essa característica de fazer rodízios de peças importantes. E isso até beneficiou Maringá diretamente porque o Marino Gonçalves (ex-secretário municipal de Meio Ambiente) está no Ibama, Gilberto Pucca (ex-Vigilância Sanitária) está no Ministério da Saúde e Ênio Verri (ex-Secretaria da Fazenda) também está no governo federal em Brasília.
A campanha eleitoral em Maringá entra nesse caso com as críticas feita nos bastidores por Sílvio Barros (PP) ter morado muito tempo fora de Maringá e agora ser um dos candidatos a prefeitura da cidade.

Factorama pergunta: atrapalha em alguma coisa o fato de ter pessoas de outras cidades, estados ou país na administração de uma cidade ou estado? 




Fonte: http://factoramamga.blogspot.com/2004_10_01_archive.html

21 fevereiro 2011

Pelé calado é um Poeta!


O tipo de sociedade da Rede Globo é composto de Celebridades como modelos globais, como o centro de formação de opinião, do senso comum. Volta e meia ataca com personagens do tipo Pelé, conhecido internacionalmente e, portanto, será engolido pela massa com um confiável.
Mas a história dele? O que ele sabe? O que ele fez além de mais de 1000 gols? Que compromissos políticos possui? A quem serviu no passado distante ou próximo?

Nada importa, ele é o Pelé, aí divulgar o que um cara destes afirma é Verdade Absoluta, inquestionável.
Recentemente a mídia divulgou afirmação dele sobre a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil: “... o Brasil corre um grande risco de passar vergonha por conta das obras atrasadas para a Copa do Mundo de 2014...”. Fonte!

Eu mesmo havia esquecido de alguns fatos que o meu camarada Professor Omar Martins logo me relembrou:

Romário (ex-jogador de futebol, agora Deputado) estava certo: "Pelé calado é um poeta!"
O que esperar de uma pessoa que apoiou a Ditadura Militar e durante a luta pela Diretas já! deu declaração dizendo que "o povo brasileiro não sabe votar". Ministro do mais-sem-vergonha governo ...da história do Brasil (FHC) criou a "Lei Pelé" que criou as distorções do futebol brasileiro, facilitado a saída dos jogadores de seus clubes-formadores, favorecendo as transferências para o exterior enriquecendo a agiotagem.” Por Omar Martins

Então, espero que o Pelé continue um grande Poeta!

13 fevereiro 2011

Nelson Pacheco Sirotsky invesigado por lavagem de dinheiro

O empresário gaúcho presidente do Grupo RBS, conglomerado  que opera 20 emissoras de televisão (afiliadas à Rede Globo), 21 emissoras de rádio e oito jornais diários em dois estados brasileiros (RS e SC), foi denunciado, em Ação Penal movida pelo Ministério Público Federal, como incurso no artigo 21, § único, da Lei 7492/86.
Trata-se da Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Seu sócio no império, Carlos Eduardo Schneider Melzer, também é réu no mesmo processo.

Nelson Sirotsky preside a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão).

O caso está na Justiça Federal da 4ª Região, 1ª Vara Criminal de Porto Alegre, e pode ser acompanhado no respectivo portal, conforme segue em anexo.



CONCILIAR

Consulta Processual Unificada - Resultado da Pesquisa

CARTA PRECATÓRIA Nº 5027955-60.2010.404.7100 (Processo Eletrônico - RS)


Originário: 2009.72.00.007958-8 ()


Data de autuação: 12/11/2010 15:29:33

Tutela: Não Requerida

Juiz: DANIEL MARCHIONATTI BARBOSA

Órgão Julgador: JUÍZO FED.01A VF CRIMINAL SFN DE PORTO ALEGRE

Localizador: DEGRAVA

Situação: MOVIMENTO

Justiça gratuita: Não Requerida

Valor da causa: 0.00

Intervenção MP: Não

Maior de 60 anos: Não

Assuntos:

1. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86)


AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL



RÉU: NELSON PACHECO SIROTSKY



RÉU: CARLOS EDUARDO SCHNEIDER MELZER





Nome: PATRICIA MARIA NUNEZ WEBER (AUTOR)

Nome: JOSE OSMAR PUMES (AUTOR)

Nome: SÉRGIO LUÍS WETZEL DE MATTOS (RÉU)

Nome: Leonardo Vesoloski (RÉU)

Nome: DANILO KNIJNIK (RÉU)

Nome: DANILO KNIJNIK (RÉU)

Nome: Leonardo Vesoloski (RÉU)

Nome: SÉRGIO LUÍS WETZEL DE MATTOS (RÉU)





2009.72.00.007958-8 ()

Clique aqui para ver os processos relacionados no TRF4







10/02/2011 15:23 Audiência Realizada Local 1ª Vara Criminal Porto Alegre - 10/02/2011 14:00. Refer. Evento 28

10/02/2011 13:53 Despacho/Decisão - de Expediente - Abrir documento

09/02/2011 19:22 PETIÇÃO PROTOCOLADA JUNTADA - PETIÇÃO

15/01/2011 00:01 Decurso de Prazo Refer. ao Evento: 57

15/01/2011 00:01 Decurso de Prazo Refer. ao Evento: 56

24/12/2010 23:59 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 57

24/12/2010 23:59 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 56

18/12/2010 00:01 Decurso de Prazo Refer. ao Evento: 31

18/12/2010 00:01 Decurso de Prazo Refer. ao Evento: 30

16/12/2010 14:37 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/194000

16/12/2010 14:35 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193995

15/12/2010 20:41 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193124

15/12/2010 13:48 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193969

14/12/2010 16:54 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193979

14/12/2010 13:54 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (RÉU - NELSON PACHECO SIROTSKY) Prazo: 5 dias Data final: 14/01/2011 23:59:59

14/12/2010 13:54 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (RÉU - CARLOS EDUARDO SCHNEIDER MELZER) Prazo: 5 dias Data final: 14/01/2011 23:59:59

13/12/2010 16:24 Juntado - Mandado Não Cumprido RSPOACR01-2010/193104 OBS: alteraçãoda data da audiência

10/12/2010 08:26 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193164

09/12/2010 23:59 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 31

09/12/2010 23:59 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 30

09/12/2010 18:15 Juntado - Mandado Não Cumprido RSPOACR01-2010/193152 OBS: Negativa de Endereço (residindo no exterior - Austrália)

09/12/2010 18:14 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193146

09/12/2010 18:13 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193156

09/12/2010 18:12 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193161

09/12/2010 01:35 Juntado - Mandado Parcialmente Cumprido RSPOACR01-2010/193988 OBS: Negativa de Endereço e uma das testemunhas

07/12/2010 16:05 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193996

07/12/2010 14:28 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193166

07/12/2010 00:01 Decurso de Prazo Refer. ao Evento: 14

07/12/2010 00:01 Decurso de Prazo Refer. ao Evento: 13

01/12/2010 11:44 Juntado - Mandado Cumprido RSPOACR01-2010/193149

30/11/2010 16:44 PETIÇÃO PROTOCOLADA JUNTADA Refer. ao Evento: 29 - RENÚNCIA AO PRAZO

30/11/2010 16:13 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 29

29/11/2010 23:59 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 14

29/11/2010 23:59 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 13

29/11/2010 18:38 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193969

29/11/2010 18:38 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193979

29/11/2010 18:38 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193988

29/11/2010 18:38 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193995

29/11/2010 18:38 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193996

29/11/2010 18:38 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/194000

29/11/2010 17:16 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (RÉU - NELSON PACHECO SIROTSKY) Prazo: 5 dias Data final: 17/12/2010 23:59:59

29/11/2010 17:16 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (RÉU - CARLOS EDUARDO SCHNEIDER MELZER) Prazo: 5 dias Data final: 17/12/2010 23:59:59

29/11/2010 17:16 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (AUTOR - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL) Prazo: 5 dias Data final: 06/12/2010 23:59:59

29/11/2010 17:16 Audiência Adiada Local 1ª Vara Criminal Porto Alegre - 10/02/2011 14:00. Refer. Evento 9

29/11/2010 17:14 Despacho/Decisão - de Expediente - Abrir documento

29/11/2010 14:19 Autos com Juiz para Despacho/Decisão

27/11/2010 17:33 PETIÇÃO PROTOCOLADA JUNTADA - PETIÇÃO

19/11/2010 15:36 Juntado(a)

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193164

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193161

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193156

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193104

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193146

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193124

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193152

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193166

19/11/2010 15:27 Mandado/Ofício Remetido para Central de Mandados RSPOACR01-2010/193149

19/11/2010 12:51 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (RÉU - NELSON PACHECO SIROTSKY) Prazo: 5 dias Data final: 06/12/2010 23:59:59

19/11/2010 12:51 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (RÉU - CARLOS EDUARDO SCHNEIDER MELZER) Prazo: 5 dias Data final: 06/12/2010 23:59:59

18/11/2010 17:36 PETIÇÃO PROTOCOLADA JUNTADA Refer. ao Evento: 10 - RENÚNCIA AO PRAZO

18/11/2010 17:09 Intimação Eletrônica - Confirmada Refer. ao Evento: 10

17/11/2010 18:21 Intimação Eletrônica - Expedida/Certificada (AUTOR - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL) Prazo: 5 dias Data final: 23/11/2010 23:59:59

17/11/2010 18:19 Audiência Designada - Testemunhas da Defesa Local 1ª Vara Criminal Porto Alegre - 12/01/2011 15:00

17/11/2010 18:18 Despacho/Decisão - de Expediente - Abrir documento

16/11/2010 15:33 Autos com Juiz para Despacho/Decisão

16/11/2010 15:27 Redistribuição Ordinária por sorteio eletrônico (RSPOACR02F para RSPOACR01F)

16/11/2010 15:27 Registro - Retificada a Autuação de Assunto

16/11/2010 15:21 Despacho/Decisão - Declinada a Competência - Abrir documento

16/11/2010 14:20 Autos com Juiz para Despacho/Decisão

12/11/2010 16:31 Recebimento

12/11/2010 15:29 Distribuição/Atribuição Ordinária por sorteio eletrônico

04 fevereiro 2011

Terceiro Tempo: Banrisul apoiará 45 clubes de futebol do Campeonato Gaúcho

Felipe Vieira - News Letter


O Banrisul e a Federação Gaúcha de Futebol assinaram, (ontem, 3.2), em Porto Alegre, contrato de patrocínio com os clubes participantes do Campeonato Gaúcho de Futebol 2011. No total, o Banco contemplará 45 times da 1ª e 2ª divisão, incluindo as duplas Gre-Nal, Ca-Ju e Bra-Pel, que já contam com a parceria. O ato de assinatura contou com a presença da diretoria (do Governo Yeda*)do Banrisul e Federação Gaúcha de Futebol, além de presidentes e dirigentes dos clubes.

Na oportunidade, o presidente do Banco, Rubens Bordini, saudou os participantes do encontro, destacando a coragem de cada um na missão de fazer o futebol gaúcho mais competitivo, além de formar atletas e promover o desenvolvimento econômico das comunidades. Para o vice-presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsman, o apoio do Banco é de vital importância, o que possibilita que o futebol seja fortalecido e cada vez mais conhecido no cenário nacional. “Principalmente para os times da série B que passam dificuldades durante o ano, os recursos contribuem para manter os departamentos de futebol em atividade.”

Segundo a diretora Comercial do Banrisul, Marinês Bilhar, a parceria foi construída para valorizar a cada um dos clubes que participam do Campeonato Gaúcho. “Dessa forma, a instituição movimentará a economia de 31 municípios do Estado, com a marca do Banco estampada nas camisetas.” Além disso, Marinês salienta que o Banrisul estará mais próximo das comunidades, movimentando a cadeia produtiva na realização de novos negócios.

Ao final do encontro, o presidente do Veranópolis, Gilberto Generosi, manifestou o seu profundo agradecimento ao Banrisul e entregou ao presidente Bordini uma camiseta do time já com a logomarca da instituição.

__________
* Grifo meu.
Cabe salientar que atual diretoria pe ainda remanescente do Governo yeda (a que não é encontrada pra assinar documentos que implicam na possibilidade de perda de recursos federais no valor de R$ 50 milhões relacionados à construção de presídios no estado).
Continuo pensando que o contrato esse de patrocínio, como outras bombas de retardo armadas pela equipe da honrada governadora, são mais que canto do cisne. O  jogo já foi jogado e continuam em desespero de causa chutando a gol já sem redes, juiz, gandulas, sequer torcida. com certeza publicarão para os seus um resultado outro do desempenho da equipe derrotada. (Adroaldo Bauer Corrêa)

03 fevereiro 2011

Marketing do Banrisul no Campeonato Gaúcho: ação combinada ou bomba de retardo.

O Banrisul assina, nesta quinta-feira (03), às 16h, na sede do Banco (Rua Caldas Júnior, 108), em Porto Alegre, contrato de patrocínio com os clubes participantes do Campeonato Gaúcho de Futebol 2011, firmado com a Federação Gaúcha de Futebol. Ao todo, o Banco irá contemplar 45 clubes da 1º e 2º divisão, incluindo as duplas Gre-Nal, Ca-ju e Bra-Pel, que já contam com a parceria.



Diz o ainda presidente do Banrisul, Rubens Bordini: ao patrocinar o esporte, a instituição além de fortalecer a sua marca promove o desenvolvimento social das comunidades.

02 fevereiro 2011

BIG BROTHER BRASIL


  • Testo atribuído à  Luiz Fernando Veríssimo, mas não importa se é ou não, de qualquer forma afirma o que muitos pensam e gostariam de escrever.


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A  décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós.. , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

23 janeiro 2011

Repatriado?


Dia 19 de Janeiro de 2003 eu cheguei de mala e cuia em Maringá, Paraná. Saí do Rio Grande do Sul no dia 18 e passei parte do dia e toda a noite viajando para assumir tarefa no Governo do querido Prefeito Zé Cláudio Pereira Neto.

Quando cheguei não sabia quanto tempo ficaria naquelas terras. Passaram 8 anos. Andei por Cruzeiro do Oeste, Guaíra e por fim, em Curitiba.
Foi, sem dúvida, uma escola fantástica, descobri muito, inclusive que sou Riograndense, coisa que em 42 anos de vida não tinha percebido tão nitidamente.
Fiz bons amigos, tive – e tenho - companheiros e companheiras de trabalho valorosos! Tanto estes como os amigos e amigas estão comigo todos os dias porque não sou mais o mesmo que lá chegou em 2003, graças a contribuição de cada um.
Dedico aos verdadeiros amigos
"Que bobagem falar que é nas grandes ocasiões que se conhece os amigos! Nas grandes ocasiões é que não faltam amigos. Principalmente neste Brasil de coração mole e escorrendo. E a compaixão, a piedade, a pena se confundem com amizade. Por isso tenho horror das grandes ocasiões. Prefiro as quartas-feiras." Mário de Andrade
Não falarei de A ou de B, quero apenas que meu alfabeto querido saiba que aqui ou ali sempre estarei pronto para retribuir o que sou e o que posso e até o que não posso.
Tem coisas que palavras não dizem,
somente o olhar expressa,
e o carinho confirma. Mário Pires
Tem aqueles ou aquelas que acreditam que minha contribuição foi nula ou imperceptível. Para esses afirmo que faço autocrítica severa, e concluí que foi um grande prazer não agradar, sinal que sou diferente.
E toda minha emoção é magistralmente expressa por Mário Quintana:
"Todos estes que estão aí
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho...."
Agora deixo o Diretório Estadual e a Executiva do PT do Paraná para assumir nova tarefa, desta vez no Rio Grande do Sul onde já estou.
É hora de voltar! Alguns me perguntam ou afirmam que acreditavam que ficaria em Curitiba. A história recente apontou, com fatos, atos e omissões que o caminho para o Sul era uma necessidade, uma imposição. Contrariar a história tem sempre um custo enorme, então... 
O gaúcho José Augusto Zaniratti, que atuou como secretário adjunto do Planejamento do Paraná, estado no qual morou por oito anos, será repatriado pelo prefeito de Canoas, Jairo Jorge. Ele assumirá cargo na gestão do município”. Fonte: http://ow.ly/3Ivy9
Assim dizem. Se de fato estiver sendo REPATRIADO confesso que tenho dupla nacionalidade. 
Agora estou de volta para o futuro, estou em Canoas de corpo e alma, de mala e cuia!

11 janeiro 2011

O LEGADO DO CARA

Raul Longo



Desde Spartacus (109 – 71 a.C.) muitas lideranças populares fizeram por merecer honras, comendas e elogios. Homens e mulheres. Mas poucos, talvez nenhum, foram tão distinguidos quanto o torneiro mecânico Lula da Silva.

Realidade bastante difícil de ser assimilada pelos 4% da população que se mantêm insatisfeita. Insatisfeita mais com a pessoa do que com o desempenho de Lula na Presidência. Desse desempenho pouco ou nada sabem, mas, impossibilitados de superar preconceitos e condicionamentos, jamais haverão de considerar dados e fatos que consagram Lula perante o mundo.

Por mais que a situação individual de cada um desses acompanhe a melhoria de condições de vida de todos os brasileiros, em meio a uma crise financeira mundial, continuarão se sentindo fracassados por serem salvos por alguém de uma classe ou cultura que prejulgam inferior.

Incapazes de avaliar as razões que geraram a violência social que indistintamente vitima a todos os brasileiros, mesmo os que não tenham sofrido algum atentado, mas ainda assim tomados de temor cotidiano por um sequestro, assalto, bala perdida, estupro ou coisa pior infligida a si ou a um amigo e familiar; não dimensionam quão incontroláveis seriam esses comportamentos sem os programas sociais, a melhoria salarial ou o crescimento de ofertas de emprego, consequências do desempenho do governo Lula.

Mas a insignificância proporcional dessa parcela da população serve apenas para destacar o resultado inédito na política mundial, em avaliação aferida ao final de um segundo mandato de governo. Desempenho inferior após uma reeleição é sempre esperado, mas no Brasil se inverteu essa tradicional relação e Lula termina seu governo inutilizando um coeso esforço de todos os organismos de mídia de seu país que, desde quando liderou reivindicações de reposições salariais em 1977, fomentou o medo e utilizou de preconceitos para desacreditar sua personalidade e caráter.

Evidente que depois de 3 décadas destratando e tentando imputar a Lula pechas de ignorante, incapaz, néscio, despreparado, estúpido, corrupto, ladrão, demagogo, aliado de tiranos, chefe de celerados e até estuprador; os profissionais de mídia do Brasil: colunistas, apresentadores de programas de TV e emissoras de rádio, cômicos, articulistas, cronistas, comentaristas, analistas econômicos e políticos dos principais veículos de comunicação, não podem fazer eco aos seus colegas dos Estados Unidos e Europa, ainda que neles tenham se pautado por toda a carreira. Filhos da imprensa estrangeira, agora se vêem vexados a esconder as informações de seus mentores.

Tem sido uma árdua tarefa o tentar esconder a repercussão internacional do desempenho de Lula, até porque nenhum brasileiro jamais foi tão exaltado pela comunidade das nações e, sem dúvida, muito constrangedor reconhecer que o homem que com tantas certezas profetizaram como o maior desastre político do país, tenha se tornado uma das personalidades mundiais de maior destaque nos tradicionais veículos de comunicação do planeta.

Claro que se tenta omitir, mas brasileiros e estrangeiros que muito viajam a negócios ou mesmo a passeio, constantemente relatam sobre a estampa de Lula nas livrarias, bancas de jornal e revistarias dos aeroportos ou ruas de Paris, Nova Iorque, Istambul, Buenos Aires, Tóquio, Cairo, Sidney, Toronto, Johanesburgo, Berlim ou qualquer cidade do mundo. Alguns chegam a mencionar que os closes de Lula se sucedem entre fotos impressas e imagens de telenoticiários, muitas vezes com mais insistência do que a da Rainha da Inglaterra ou do Presidente dos Estados Unidos.

Enquanto isso os editores dos principais veículos de comunicação do Brasil, buscando justificar o que antes afirmavam, pescam uma denúncia aqui outra ali entre informações disponibilizadas pela própria transparência do governo que atropela especulações garantindo acesso e conhecimento de seus atos e gastos pelos monitores de computadores domésticos.

Dessa forma o melancólico resultado obtido pelos detratores do governo Lula se reduz ao que há muito se evidencia pela queda de índices de audiência e circulação, apesar de outrora terem produzido um dos maiores fenômenos de marketing político da história da democracia: o mito Collor de Melo.

Também responsáveis pela manutenção por duas décadas do mais impopular dos regimes que se impôs ao país: o da ditadura milicanalha, ajudaram a eleger todos seus incompetentes sucessores, mas há 3 eleições se vêem sucessivamente derrotados por um operário que além de nordestino e emigrante, ainda elegeu para sua sucessão uma mulher. A primeira mulher a presidir o país de uma sociedade secularmente formada no racismo, elitismo e machismo!

Será esse o grande legado dos 8 anos de governo Lula aos brasileiros? Liberar o povo do condicionamento, da inconsciência política, dos preconceitos induzidos por suas elites?

Promover a ascensão de uma mulher à presidência? Desmentir e ridicularizar os engodos da mídia?

Talvez haja quem entenda assim, mas perceptivelmente Lula é mais reconhecido por ter iniciado o processo de distribuição de renda e desconcentração de riquezas, reduzindo pela metade a miserabilidade que destacava o Brasil como uma das nações mais injustas da Terra.

Outros exaltam o efetivo combate à corrupção incrustada na cultura política e no trato com o patrimônio público e que, ao longo do mesmo período do antecessor, se marcou pela inércia de menos de 30 operações da Polícia Federal além da impunidade pelo arquivamento de 6 centenas de processos contra àquele governo.

Sob a presidência de Lula se levou a efeito mais de duas mil operações policiais federais e foram penalizadas autoridades antes consideradas incólumes e blindadas por seus próprios cargos e relações. Mais de 15 mil presos entre juízes, policiais e políticos, inclusive alguns do próprio partido do Presidente e agentes da própria Polícia Federal.

Há também os que consideram que apesar de tanto por ainda fazer, a grande herança deixada por Lula é o início dos grandes investimentos na infraestrutura abandonada há muitas décadas. Ou no planejamento do país para um desenvolvimento sustentável e racionalmente distribuído a todos os setores sociais e regiões geográficas.

A maioria reconhece em Lula um grande Presidente por ter resgatado o Brasil da pior e mais vergonhosa situação econômica já ocupada em sua história, elevando o país à situação de exemplo de superação da crise financeira internacional.

Realmente é algo que impressiona quando lembrado que no governo anterior o país se manteve estagnado e de progressivo apenas o desemprego e o empobrecimento da maioria dos brasileiros, além da deterioração de seus potenciais entregues aos interesses de especuladores nacionais e estrangeiros.

Mas há os que vêem na inclusão social o principal legado destes últimos anos ao futuro da nação que já começa a ser notada em publicações científicas internacionais. No acréscimo ao ensino universitário de jovens que antes não teriam perspectivas de futuro algum, se preconiza uma nova participação do Brasil em setores nunca abordados pelo país e se têm no investimento em educação o grande legado do operário semianalfabeto.

São mesmo vertiginosos os números registrados em todos os itens do setor.

Alimentação escolar, por exemplo: enquanto em 2009 o governo Lula já investira 1 bilhão de reais, nos 8 anos do anterior não se investiu muito mais da metade disso. Afora as 14 universidades construídas, como nunca no mesmo espaço de tempo, e sequer uma única universidade pública na década anterior.

E, assim por diante, em cada um dos 77% de ótimo ou bom e 18% de regular, se encontrará justificações diversas para a opinião pública: seja pela sensível redução dos impactos ambientais, seja pelo igualmente expressivo aumento da produção industrial ou de poder de consumo entre todas as classes. Pelo permanente avanço empregatício em níveis recordes a cada mês, pela superação da crise financeira mundial, os bilhões de dólares em superávit contra o déficit do governo anterior, entre muitos outros legados apontados como principal herança do governo Lula.

Mesmo em setores e pontos ainda críticos se apontam inquestionáveis avanços, como no aumento de investimento em saúde pública de 155 milhões para 1,5 bilhões, ou na queda dos juros reais de 25% para 16%, se encontra motivos de confiança no Brasil que Dilma Rousseff herdou de Lula da Silva, conferindo à Presidente eleita, ainda antes do início de seu mandato, uma aprovação que a indicaria como vitoriosa já no primeiro turno se a eleição fosse hoje.

Se assim é no Brasil, nos demais países do mundo os 4% que aqui consideram o governo Lula ruim ou péssimo são ainda mais insignificantes. Tanto entre nações e grupos de orientação socialista quanto entre os principais representantes do capitalismo, como ocorreu com o Conselho de Davos que depositou em Lula suas esperanças para o conturbado cenário econômico, reconhecendo-o como Estadista Global.

Será este, então, o grande legado do nordestino emigrante, operário e semianalfabeto?

Apesar de tão achincalhado, ofendido, destratado, caluniado e aviltado pela imprensa de seu próprio país, os mais tradicionais e destacados veículos de imprensa dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França, da Espanha, da Itália, da Alemanha e de diversos outros países dos demais continentes, creditam à Lula expectativas sem precedentes.

De Winston Churchil e Roosevelt se esperou a derrota bélica do nazi-fascismo. De Mahatma Gandhi a resistência e libertação do povo da Índia ao jugo do Império Britânico. De John Kennedy a contenção do belicismo estadunidense. De Gorbachev o fim do totalitarismo soviético. De Nelson Mandela a erradicação do apartheid sul-africano. Mas o que o mundo espera do torneiro mecânico Luís Ignácio Lula da Silva?

Sem dúvida os editores do El País, Le Monde ou Times; o Presidente da ONU ou do Fórum Econômico Mundial; os reitores e diretores das instituições acadêmicas e fundações voltadas à promoção do desenvolvimento da civilização, terão muito mais consciência do que esperam de Lula, do que têm os 4% de brasileiros pelos motivos que os exasperam em Lula. Mas os especialistas internacionais realmente distinguem o que terá elevado um migrante do nordeste de um país marcado por tão profundos preconceitos sócio/raciais, à inconteste liderança mundial?

Não se trata apenas do tão decantado carisma a que muitos atribuem todo o sucesso de Lula, às vezes até para justificá-lo apesar de nordestino, emigrante, operário, etc. e tal. Para superar tão sistemática e intensa mobilização diária de páginas e minutos dos mais poderosos meios de condicionamento de massas e pressões da elite econômica, por mais de 3 décadas, é preciso muito mais do que carisma. Muito mais do que apenas ser competente no exercício do cargo, muito mais do que somente promover justiça social e dirimir desigualdades.

Será que o mundo tem real noção do que tornou Luís Ignácio da Silva a personalidade mundial mais surpreendente e admirável desta primeira década do século XXI? Do por que um operário semianalfabeto e de ideais socialistas entrou para história como o primeiro Estadista Global por reconhecimento da mais representativa instituição do capitalismo?

Talvez a maior pista sobre o real motivo de tantos elogios publicados e proferidos por entidades e organismos internacionais, tantas comendas e honrarias jamais antes concedidas a brasileiro algum, esteja no mais prosaico comentário já proferido sobre Lula, quando Barack Obama usou a linguagem das ruas, do cidadão comum, para indicar ao seu colega australiano o significado do Presidente brasileiro para o mundo.

Sem disfarçar uma ponta de inveja, o da Oceania se referiu ao que aqui se afirma como inéditos índices de popularidade ao final de um segundo mandato, mas ainda que confirme Lula como O Cara em seu próprio país, essa popularidade justificará o reconhecimento do chefe de uma nação onde seus governantes sempre primaram pela ostentação de poder e supremacia sobre o hemisfério sul?

O que faz de Lula O Cara de Obama e das ruas da Alemanha, da Argentina, Inglaterra ou de países do Oriente e da África onde a população o saúda como a um astro do cinema ou do rock, conforme as matérias que reportam essas visitas na imprensa exterior ao Brasil.

Na evolução democrática qualquer cara pode se tornar presidente de algum lugar. Até um negro pôde se tornar o Presidente de um dos países mais racistas do mundo! Até uma mulher pôde se tornar a Presidente eleita em uma sociedade patriarcal e machista como a brasileira! Mas um presidente ser entendido e assumido como O Cara por seu povo, pela humanidade e até pelos dirigentes de nações às quais seus antecessores sempre foram servis e subservientes, é algo bem mais raro!

Lula não é O Cara porque Obama disse que é O Cara. Não é O Cara porque pagou a dívida externa e mantêm superávit historicamente recorde depois de receber um déficit igualmente recordista. Não é O Cara porque conquistou respeito para um dos países mais desmoralizado do mundo. Ou porque expandiu fornecimento de luz e energia aos sertanejos nem por ter obtido ao Brasil a confiabilidade da FIFA ou do Comitê Olímpico internacional.

Com tudo isso, futuramente Lula seria lembrado como um bom presidente e, sem qualquer exagero, como o melhor presidente da história da república brasileira. Mas, se mesmo sem o perceber Obama foi extremamente exato no elogio, a principal razão de Lula ser O Cara provavelmente somente será totalmente compreendido ao longo do tempo. Nem tanto tempo, pois a necessidade de se repensar as estruturas de Poder já é uma realidade muito presente nas mais diversas nações de um mundo em busca de novos caminhos que resolvam o impasse criado por ineficientes sistemas de dominação e exploração econômica que acabaram se comprovando inviabilizadores da progressão e manutenção da civilização humana.

Pouco provável que o próprio Obama tenha noção do que tenha justificado seu elogio. Apesar de primeiro negro a dirigir os Estado Unidos, também foi criado numa das mais verticais sociedades do mundo ocidental e ainda levará algum tempo para que possa localizar o real motivo de sua admiração a um ex-líder sindical.

Fosse bobo ou ingênuo Obama não teria vencido sequer a renhida disputa pela indicação de seu partido, com ninguém menos do que a esposa de um dos mais populares ex-presidentes norte-americanos. Portanto, ainda que sem ideia das razões que motivaram seu elogio, teve perfeita consciência da repercussão mundial de sua declaração no momento de aparente descontração e de como beneficiaria a si e ao país com tal declaração.

Mas o dia em que Obama, Angela Merkel, Luís Zapatero, Sarkozy ou qualquer outro político do mundo prestar mais atenção nos atos e nas declarações de Luís Ignácio Lula da Silva como Presidente do Brasil, também poderá se tornar O Cara em seu país, mesmo em final de segundo mandato de governo.

Arrisco a oferecer uma dica, pedindo para que se atente a uma das tantas frases ironizadas pelos tão “inteligentes” e “argutos” críticos brasileiros às atitudes e falas do Presidente, pois encontrarão o verdadeiro grande legado de Lula na afirmação: “Não faço o que faço porque quero. Faço o que a sociedade me diz que tem de ser feito”.

Com esta frase o nordestino e operário emigrante, semianalfabeto, mostrou que a estrutura e a cultura do Poder estão mudando no Brasil, para que o país alcance uma situação inimaginável ainda ao final do século XX.

Desde antes, por Machiavel, o Poder já era entendido como algo que só se mantêm através de uma estrutura vertical. A democracia, tal qual se a conhece no mundo, é estabelecida através de uma estrutura vertical gerida por classes dominantes. O comunismo tal qual se o experimentou, foi estabelecido através de uma verticalidade estatal.

Lula não inventou o Poder horizontal. Através de planejamento e modelo, algumas nações, notadamente no norte da Europa, vêm obtendo notáveis evoluções em seus índices humanos, o que sem dúvida vem influindo na conduta de muitos dirigentes da União Europeia. O que se destaca na experiência brasileira são a perspicácia e o engenho do governo Lula em implantar tal mudança entre uma elite tão avessa a qualquer evolução e tão retrógrada em sua compreensão social, aliada a exorbitantes poderes obtidos por uma legislação falha, através de concessões corruptas e acobertada pela leniência de um suspeito e elitista sistema judiciário.

O paulatino desmonte dessa estrutura arcaica vem se iniciando pela queda de seu principal sustentáculo. Ao desmascarar a mídia como real veículo de desconstrução do senso democrático e da liberdade individual e coletiva dos cidadãos, o governo Lula possibilita um início, ainda bastante tímido, de uma formação de opiniões realmente livres de condicionamentos a interesses alheios aos dos consumidores de informações. Mas é, sobretudo na insustentabilidade de argumentos que justifiquem o autoritarismo de estruturas verticais que se comprovaram exemplarmente ineficazes, que a sociedade brasileira vem se descobrindo melhor saber o que tem de ser feito, do que aqueles que a govern aram pela imposição das armas ou pela prepotência de pretensos conhecimentos que só levaram o país à dependência externa, à falência da civilidade e a redução das condições humanas.

Sem nenhum saudosismo a grande maioria da sociedade brasileira reafirmou em Dilma Rousseff sua confiança e reconhecimento na mudança do autoritarismo vertical para a proposição do modelo horizontal de Poder. No entanto, mesmo entre os partidários do governo Lula há os que ainda não se aperceberam de que mais proveitoso moldar do que tentar quebrar 500 anos de tão rígida estrutura. E que se o governo se propõe a dispor de alguns cargos para inevitáveis e necessárias negociações políticas, é porque agentes governamentais cada vez mais se limitam ao papel de gestores dos anseios sociais, e não de dirigentes como aos que a sociedade brasileira foi submetida por toda sua história.


Evidente que os políticos de oposição estão ainda mais confusos e constantemente seus discursos caem no vazio do ridículo ou do extemporâneo. Mas com 4% do eleitorado não garantirão nenhuma sobrevivência política. Ou se apressam a reavaliar propostas e posturas ou, por própria estultícia, desaparecerão do cenário como ocorrerá no Congresso de 2011.

Já os senhores do mundo, os dirigentes das grandes nações, os detentores dos grandes capitais, os responsáveis pela estabilidade e manutenção das centenárias e milenares sociedades de Grécia e Espanha, Irlanda e China, Japão e Inglaterra, Portugal, Estados Unidos ou qual país seja, que aproveitem o aprendizado transmitido por Dona Lindu no esforço de manter a família unida a despeito de todas as adversidades. Aprendam com Dona Lindu ou não haverá civilização que sobreviva ao que vem por aí em aquecimento climático, explosão demográfica, cataclismos, surtos epidêmicos, terrorismo, hordas urbanas, contaminações em massa, etc.

É aí que o legado do O Cara poderá evitar desastres como os que se abatiam sobre o Brasil até o início desta década. Mas para compreender em profundidade esse legado de Dona Lindu, será mesmo preciso mais algum tempo. Afinal, as coisas muito simples por vezes são as mais complexas para quem foi educado no tempo em que se complicava tudo para justificar a verticalidade autoritária do Poder.



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21 de dezembro de 2010

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06 janeiro 2011

Nada Mais, Companheira!

Nada mais peculiar do que teu jeito de chegar pela manhã para trabalhar;
Nada mais firme do que teu jeito de intervir na reunião;
Nada mais pedagógico do que teu jeito de argumentar;
Nada mais duro que tua crítica;
Nada mais sincero do que teu pedido de desculpas quando incisiva;
Nada mais fácil do que teu sorriso;
Nada mais profundo do que nossas conversas de bar;
Nada mais puro que teus sentimentos pela humanidade;
Nada mais seguro do que tua lealdade;
Nada mais repugnante do que nossos inimigos de trincheira que acreditam terem vencido;
Nada mais certo de que tua força agora se multiplica contra os eles;
Nada mais verdadeiro de que estaremos juntos em qualquer lugar pelos nossos sonhos, nossa amiga e Companheira Rose Zanardo!

Em memória, 06/01/2011
Por: José Augusto Zaniratti