17 abril 2009

assim é se lhe parece


Podemos concluir várias coisas de um procedimento, suas razões, seus objetivos. Qualquer unha de pé de galinha tem dado boa canja nos tempos atuais.
Suponha-se que um senador relatou favoravelmente todos os processos de privatização de empresas públicas por oito anos.
Suponha que ele tinha como única atividade fazer essa boa redação, que sabia escrever bem em português, sua habilidade também na fala.
Suponha que as empresas vendidas deixaram os passivos trabalhistas com a União e foram a leilão as partes lucrativas, rentáveis, limpas de ônus passados, mesmo de impostos devidos... Só o filé.
E que o banco social do determinado país que detinha a propriedade pública das empresas ainda financiou os compradores com juros ajutórios, tipo esmolas que dão a pobres, mas como era para dar a ricos, era tão grande a esmola que até santo desconfiaria.
Ninguém achou nada de ilegal nos contratos de entrega do patrimônio público ao interesse privado, em telefonia, energia elétrica, transporte ferroviário, operação de terminais portuários, siderurgia... outras áreas de controle estatal exclusivas que se foram bandeadas para a iniciativa privada.
Agora, recentemente, muitas ou quase todas elas estão a pedir uns trocados a mais para os governos aqui e nos seus países de origem, porque um panaca estourou a tal de bolha neoliberal... Abriu a lata de sardinhas 30 anos depois... O negócio fedeu, digamos assim.
Esse senador se elege prefeito e, medida cautelar, instala roletas de vigia de controle de acesso ao prédio em que trabalham servidores públicos novos e antigos, alguns há mais de 30 anos.
Então, uma estagiária porque é necessário oferecer estágios para a formação profissional da juventude estudante, está a cumprir operosa uma regra baixada na administração renovada do então senador.
- Bolsa grande tem que notificar a entrada
- Sou funcionário daqui há 20 anos.
- É ordem
- Tem que notificar a entrada
Abro o fecho peço que reviste então.
- É só para notificar a entrada para poder sair depois.
- O que eu tenho agora aqui dentro não importa?
- É só para notificar entrada para permitir a saída

Curioso é que o bilhete que me foi entregue assinado por um primeiro nome que até meu filho de 12 anos imita, diz expressamente, no espaço assinado: vistoriado por.
Percebe-se, então, que o prefeito, no seu intento de julgar os demais por si, não consegue governar a porta da casa, porque está dito ali o que não foi feito.
- Não é vistoria, insistiu a estagiária, por óbvio a quem não pode ser atribuída incompetência da gestão, nem truculência do gestor.
Se não é revista ou é medida inócua, atrabiliária, desrespeitosa e desnecessária ou procedimento padrão de intimidação.
Em tempo: o sindicato dos servidores municipais se encontra em campanha salarial para reposição de perdas históricas nos vencimentos.
Podemos concluir várias coisas de um procedimento, suas razões, seus objetivos... qualquer coisa pode ser concluída por quem quer que seja, basta entender o que lhe parece e assim será, mesmo que não o seja.

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