22 julho 2007

Eu sempre escutei minha Mãe.

Minha rotina mudou. Levanto cedo e saio pela rua olhando para os lados, fico atento para tudo que está ocorrendo em todas as direções. Será que há alguém me seguindo?

Ao telefone, sou monossilábico, frases simples, sem gírias, expressões precisas. Se falar algo que dê duplo sentido me preocupo. Será que meu telefone está sendo gravado?

Quando chego em casa, entro cuidadosamente, procuro por câmaras, olho em baixo da cama, entro no banheiro, cozinha, sempre atento. Fecho a cortina quando estou em casa, não ando sem roupa em casa, não pelo meu corpo feio, mas porque qualquer imagem poderá – e será – usada contra mim. Dentro de casa minha liberdade é igual como se estivesse na rua. Será que estou sendo filmado?

No sentimento é semelhante ao tempo da ditadura militar do Século XX. Nos cuidados agora são maiores porque a tecnologia avançou e o Estado não é mais fonte de espionagem.

Agora é a imprensa que vigia, grava, filma, divulga, julga e condena qualquer um que possa ser fonte de audiência e então, fonte de mais dinheiro. Vender é a ordem, qualquer que seja o custo, importa a manchete e não o conteúdo ou dignidade. Tudo é secundário, compromisso com a verdade e a possibilidade de múltiplas versões são detalhes que ficaram perdidos no século passado.

Imagino uma das frases de uma Mãe tão dedicada:

- “Meu filho, mentir é feio, prejudica as pessoas. Não quero que você minta, nunca mais”.

Frase cotidiana da Mãe de Roberto Marinho... Ele não escutou, imagino.

Eu sempre escutei minha Mãe.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Zaniratti... muito bons os seus comentários... de fato tb cresci com esse ensinamento de minha mãe...
Agora, diga aí... que papelão tá fazendo a dep. Luciana Genro, hein? Só pensa em alfinetar o nosso governo... tá chato demais ouvi-la...
Abs.
Marino