29 dezembro 2007

Lula é o preferido dos últimos 20 anos e faz balanço da gestão*


O Instituto Brasmarket divulgou na última semana pesquisa que mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é considerado o melhor presidente do Brasil dos últimos 20 anos, desde a redemocratização. O levantamento, feito na capital paulista, revela que o presidente petista tem o apoio da população mesmo em temas espinhosos, como a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a transposição do Rio São Francisco.

Lula apareceu com 51,5% da preferência, superando com folga a soma de seus quatro últimos antecessores - que foi de 31,5%. O tucano Fernando Henrique Cardoso registrou 17,6%, o agora senador José Sarney (PMDB-AP) foi lembrado por 5,7%, seguido do também senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), com 4,1%, mesmo percentual do vice que assumiu após o impeachment do alagoano, Itamar Franco. O percentual dos pesquisados que se negaram a apontar um preferido foi de 17%.

O instituto perguntou aos entrevistados qual a real motivação que levou o Congresso a extinguir a CPMF. A maioria respondeu que o fim do "imposto do cheque" se deveu ao interesse da oposição em prejudicar o presidente Lula (30,8%) e em benefício de ricos e empresários (23,4%). Para 17,9% dos entrevistados o interesse no fim do tributo foi do povo em geral e para 11% o benefício é dos mais pobres. Outros 17% não quiseram opinar.

São Francisco - O Brasmarket quis saber dos paulistanos qual a opinião sobre o polêmico projeto de integração de bacias do Rio São Francisco. Questionados sobre quem tinha razão no imbróglio, mais uma vez Lula se saiu bem. Para 49,6% dos entrevistados o presidente está correto, enquanto que 19,5% preferem o posicionamento bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, que chegou a fazer greve de fome para impedir, sem sucesso, o início das obras. Outros 13,6% acham que nenhum tem razão, enquanto 3,3% dividem os méritos. Não quiseram responder ao questionamento 13,9% dos entrevistados.

A preferência por Lula, na avaliação do professor de Ciências Políticas do Centro Universitário do Distrito Federal (Unidf), Leonardo Barreto, é devido ao seu estilo carismático de liderar. "Ele é tão forte que é difícil ver um sucessor. Conseguimos enxergar candidatos a presidente, mas ninguém com a dimensão dele", afirma. Barreto adianta que o mito Lula vai criar grandes dificuldades para quem tiver a missão de substituí-lo a partir de 2011.

Com relação a discussão da CPMF, o professor acredita que o resultado se deve também ao fato de a maior parte da população não pagar o tributo de maneira direta, somado à constatação de que foram os próprios PSDB e DEM que criaram a CPMF. "A população não enxergou sinceridade no discurso da oposição. Eles não pareciam ser realmente contra, até porque o PSDB negociou até a última hora e foi o partido, junto com o DEM, que criou a CPMF".

Para o professor, o levantamento mostra que a tentativa da oposição de levantar a bandeira em favor de menos impostos foi fracassada. Barreto observa também que a impressão da população é que a disputa foi apenas partidária. "A pesquisa mostra que tudo foi visto como uma simples briga partidária e o discurso do governo de que o dinheiro era para a saúde e para os programas sociais ecoou na sociedade".


Presidente lamenta perda da CPMF, mas respeita decisão do Congresso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na última semana, em pronunciamento à nação, que lamenta a rejeição, pelo Senado, da emenda que prorrogava até 2011 a CPMF, mas que respeita a decisão do Congresso Nacional. "Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF, responsável em boa medida pelos investimentos na saúde. Como democrata, respeito a decisão tomada pelo Congresso. E estou convencido de que o governo, o Congresso e a sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema", afirmou.

O processo ao qual o presidente se refere inclui as ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) previstas para a área de saúde, mais conhecido como PAC da Saúde. O programa prevê, entre outras ações, o oferecimento de consultas médicas, inclusive com oftalmologistas, e dentárias a todas as crianças matriculadas em escolas da rede pública de ensino.

"Na saúde, no começo de dezembro, lançamos o PAC, que destinaria, até 2010, mais R$ 24 bilhões para o setor. Entre outras coisas, todas as crianças das escolas públicas passariam a ter consultas médicas regulares, inclusive com dentistas e oculistas", explicou.

Na área de educação, Lula destacou a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). De acordo com o presidente, até 2010, serão aplicados R$ 12 bilhões a mais nos ensinos médio e fundamental, reforçando os salários dos professores e equipando as escolas.

Energia - Durante o pronunciamento, o presidente destacou ainda que serão abertas mais dez universidades no interior do país, além de mais 48 extensões universitárias e 214 escolas técnicas. Lula também anunciou que, no próximo ano, o óleo diesel usado como combustível terá acréscimo de 2% de biodiesel. "A partir do dia 1º de janeiro, daremos um novo passo, adicionando 2% de biodiesel a todo o óleo diesel consumido no País. Nossa matriz energética é, e continuará sendo, uma das mais limpas do mundo", disse ele.

Ainda sobre o PAC, Lula destacou que o investimento previsto para os próximos anos é de R$ 504 bilhões em rodovias, ferrovias, hidrovias, energia, portos e aeroportos, habitação, água potável e saneamento básico. Lula voltou a falar sobre a ascensão de cerca de 20 milhões de brasileiros das classes D e E para a classe C nos últimos cinco anos e disse que isso é uma grande notícia para o país.

No final do pronunciamento, Lula afirmou que se sente o mais satisfeito e, ao mesmo tempo, o mais insatisfeito dos brasileiros, porque, apesar de o governo já ter feito muito, "ainda é pouco diante da nossa dívida social". O presidente desejou ainda um feliz 2008 para todos os brasileiros.


Brasil fecha 2007 com menor endividamento em 9 anos
A economia feita pelo setor público brasileiro para o pagamento de juros em novembro ficou abaixo do estimado por analistas, mas o resultado acumulado no ano é recorde e já supera a meta do governo para o ano em mais de R$ 17 bilhões, informou o Banco Central na última sexta-feira (28).

O superávit primário elevado, aliado ao crescimento da economia e à inflação, contribuiu para reduzir o endividamento do país a 42,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado, menor patamar desde dezembro de 1998, quando a relação dívida/PIB estava em 38,9%.

A expectativa do BC é que, em dezembro, o endividamento fique em, no mínimo, 43,5% do PIB, também menor valor anual desde 1998.O superávit primário foi de R$ 6,817 bilhões em novembro, ante superávit de R$ 5,605 bilhões em igual mês do ano passado.

Analistas consultados pela Reuters esperavam um superávit de R$ 8,2 bilhões, de acordo com as projeções de dez economistas.Segundo o chefe de Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o que surpreendeu foi o resultado das estatais, que registraram no mês um superávit de apenas R$ 26 milhões.

O governo central, em compensação, fez um superávit fiscal de R$ 4,784 bilhões, o maior para novembro da série do BC, iniciada em 1991. Estados e municípios registraram um superávit de R$ 2 bilhões.No acumulado do ano, o resultado primário soma R$ 113,387 bilhões, frente a uma meta de R$ 95,9 bilhões.

Em outubro, o endividamento havia fechado em 43,2% do PIB. Lopes afirmou que, em novembro, contribuiu para a redução da dívida a depreciação cambial de 2,28%, uma vez que o país é ativo em câmbio.

Nos últimos meses, a queda do endividamento tem sido reflexo do resultado primário e do crescimento do PIB. A inflação relativamente elevada medida pelo IGP-DI também tem contribuído para reduzir a relação. É que o indicador é usado para trazer os valores do PIB a preços correntes para efeitos de cálculo da relação dívida/PIB.

"A tendência de queda mostra a sustentabilidade da dívida. Isso reduz o risco e a percepção dos investidores e isso pode se refletir em um custo mais baixo da dívida", afirmou Lopes a jornalistas. Em 12 meses encerrados em novembro, o superávit primário ficou em patamar equivalente a 4,22% do Produto Interno Bruto (PIB).
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* Publicado por Informes PT, ded 28.12.2007

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