06 novembro 2007

Quando as alianças explodem, até novidades acontecem e chegam ao querido público leitor

Terça, 6 de novembro

Um escândalo inimaginável. Pelo menos para mim.

José Luiz Prévidi

Algo como levar uma porrada na cara logo no início da manhã.
Há mais de 20 anos conheço Carlos Ubiratan dos Santos, o Bira, que durante o Governo Rigotto foi presidente do Detran-RS. Ocupou o cargo porque, além de competente, é “unha e carne” de José Otávio Germano, então secretário da Segurança, que controlava o órgão. Hoje, estava na direção administrativa do Trensurb, indicado pelo PP do Germano.
E a notícia que o Bira estava em cana, na Polícia Federal.
Com ele, o atual presidente do Detran, o procurador do Estado Flávio Vaz Netto, também amigo do Zé Otávio. Fraude em licitações, sacanagem das grossas. Prejuízo ao RS de cerca de 40 milhões de reais.
Também está em cana o ex-diretor-geral da Assembléia gaúcha, Antônio Maciel, envolvido na mutreta. Maciel foi dirigente do Legislativo durante anos, figura muito conceituada, indicado por presidentes de vários partidos. É dirigente estadual do PP.
Algumas correções.
As primeiras notícias davam conta de que o Detran contratava a Fatec – Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia – da Universidade Federal de Santa Maria sem licitação. É a responsável pela avaliação teórica e prática para habilitação de condutores de veículos e usava a estrutura física, além dos servidores da universidade.
Em parte informação correta, mas não tem nada a ver oficialmente com a UFSM. Apenas locava salas e contratava professores.
Consta que a Fundação faturava por mês algo em torno de dois milhões de reais. É comandada por Lair Ferst, figura histórica do atual PP (entrou para a política pelas mãos de José Deni Coutinho, presidente da Arena Jovem), que notabilizou-se por ser casado por Deise Nunes, a Miss Brasil. Ferst trabalhou com Nelson Marchezan, o pai, e foi coordenador da bancada do PSDB na Assembléia.
É bom lembrar que o deputado federal Enio Bacci, indicado pelo PDT para a Secretaria da Segurança no início do Governo de dona Yeda, chegou a esboçar denúncias de irregularidades no Detran. Foi contestado e inclusive o Detran foi tirado da estrutura da Segurança passando para a Secretaria da Fazenda.
Bacci não durou na Segurança. Tentou mexer no abelheiro e chegou a cancelar um contrato com uma empresa privada de segurança para “cuidar” do prédio da própria Secretaria de Segurança. Era um contrato milionário. Inclusive os guardas ganhavam muito mais do que um policial do RS.
Bacci não podia durar, mesmo.
Sei não, mas essa Operação Rodin da Polícia Federal vai dar muito pano pra manga. E se for séria, como espero que seja, muito peixe grande vai morrer pela boca. Se justifica o Rodin: a mutreta de Santa Maria tem o codinome de “Pensante”.
Escrevo antes que o superintendente da Polícia Federal se pronuncie sobre a Operação. Por isso, durante a manhã muita informação desencontrada. Por exemplo, a Fundação teria colaborado com uma campanha em 2006 com, pelo menos, 600 mil reais.
Espero que o deputado federal José Otávio Germano se manifeste sobre a prisão de seus fraternos e fiéis amigos.
Como dona Yeda demonstre mais uma vez a sua indignação.
A propósito: José Francisco Mallmann não sabia de nada?

Amanhã volto ao assunto.

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