04 maio 2010

Rede Globo: CAPITAL, IDEOLOGIA E FUTEBOL

São seis horas da manhã, acordei pensando na sutil relação do CAPITAL, IDEOLOGIA E FUTEBOL que a excrescência da televisão Globo sustenta no país desde 1964. Resolvi escrever.

Escrevo porque é insuportável ver e ouvir a Globo reproduzir a ideologia dominante de forma absurda a partir do capital, é lógico, envolvendo o futebol e discriminando de forma mais absoluta.

O chamado Bom dia Brasil de ontem, 3/05/2010, é prova cabal que não é a notícia que vale, é o capital, é São Paulo, como se apenas lá fosse Brasil. Mostrou longamente a partida do Santos contra Santo André como se o Santos, que perdeu a partida, teve 3 jogadores expulsos de campo fosse o campeão dos campeões. Ora, o campeonato brasileiro não iniciou, logo são jogos no Brasil de cunho regional, apenas.

Não acredito que ter 3 expulsos de campo seja bom exemplo. Não creio que perder uma partida seja fantástico, mas enfim, é São Paulo, é onde o capital do país se concentra, para Globo – que só faz novela no eixo Rio-São Paulo – é o Brasil, o resto é figuração, mau exemplo, de segunda categoria.

Depois mostra outros dois jogos, bem no fim do programa, para não dizerem que não mostrou: Grêmio e Internacional, Bahia e Vitória. Mostra num tom de crítica aos dois times que perderam e mesmo assim venceram os campeonatos regionais. Tanto o Grêmio como o Vitória perderam assim como o Santos, mas a enfase da notícia foi completamente diferente. Foi “alfinetando”, como disse a apresentadora, ambos, Grêmio e Vitória, perderam porque é feio perder na final e comemorar o título.

É revoltante, o Santos pode perder e é herói e brilhante, os demais não...

Não sou fanático, coisa que aprendi com meu pai. Adequado é estar envolvido sem perder a razão, ter consciência, ser crítico, inclusive com sua própria paixão, sua coloração futebolística ou partidária. Considero-me desportista, não um torcedor desvairado.

Olha, sou um cidadão que passou a gostar de futebol e escolheu o Grêmio de Porto Alegre para torcer sem nenhuma influência. Meu pai era do São José de Porto Alegre, os demais de minha família nem torciam para time nenhum na época.

Eu tinha 7 anos, 1966. Era um domingo e eu jogava BOTÃO, lembram disto? A bolinha era um botão de camisa, o goleiro uma caixa de fósforo. Lembro que alguém fazia quase que a unica coisa possível de diversão na época: ouvia o jogo pelo rádio. A TV ainda não fazia transmissões ao vivo, afinal a TV tinha sido inaugurada em Porto Alegre apenas em 1959. Eu, ouvindo o GRENAL imitava as jogadas que o radialista, de forma empolgada, narrava, as vezes gritando, tamanho o entusiasmo.

O Internacional venceu o jogo por 1 a zero, lembro bem que eu a partir daquele dia, sei lá porque, passei a torcer pelo Grêmio. Poderia ser ao contrário.

Poderia ser ao contrário, no GRENAL de domingo passado a situação poderia ser inversa, o Internacional poderia ter perdido e ser campeão e a atitude da Globo seria a mesma, criticar o Inter porque não deveria ter perdido a final.

O problema é que o Grêmio é do Rio Grande do Sul e o Vitória é da Bahia, Estados onde não está o capital, são dois estados FORA DO BRASIL DA GLOBO. Com esse jeito imperialista de ser da Globo, as notícias são veiculadas para deformar opinião, reforçar um modelo de país centrado na cultura dos grandes centros urbanos, embora sem cultura regional, ou alguém acha que a Bahia e o Rio Grande do Sul não possuem uma cultura regional bem mais delineada que São Paulo? O que é ser Paulista? É ser um pouco cada parte do país e nada ao mesmo tempo.

Assim é a Globo, veicula notícias que são forma de reproduzir a ideologia dominante e expressa no futebol, até no futebol, seu jeito de produzir capital a partir da discriminação de tudo aquilo que está fora do mercado central.

Se a Globo faz isso com um simples domingo de final de 7 campeonatos de futebol, imagine o que ela faz com a Política no Cotidiano?

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