23 outubro 2007

Notícia do dia. Requentada como o diabo que a cria

Consumir-se em consumado fato
Entregar-se ao malfadado no ato
Deixar-se perder por aflição
Faria o que de si não fosse a provisória ilusão?

Vertendo um sangue de outra classe na veia
Fina enfastiada deixo-a inda mais paupérrima
Famigerada e açulada sanha subindo
Ruelas trocadas por elevadores e sacadas

Dão cobertura às coberturas
Aos flats engordurados de pó
Empoeirados de fumaça
Enfumaçados de brilho

Em brilhantes bizarrices desatinadas chafurdam
Ao vulgo as pechas da violência emprestam
Não julgo que se pejem, que nada prestam...
Nem justiça alguma os julga – que ainda a comandam

São quem fazem a cegueira dela
E não se ferem com a própria espada
Balança aferindo e conferindo fardos
Esparramados em pó por becos e ruelas

As burras tantas cheias e fartas
A falta do que ter revolta e assalta
A fome besta não matará
Que tem a canga por sobre a cabeça

Outros cantos de outubro ainda virão


Adroaldo Bauer


----
Terra – 23.10.2007
Uma pesquisa divulgada na tarde desta terça-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que 62% dos consumidores declarados de drogas no País pertencem à classe A.
Este segmento representa apenas 5,8% da população brasileira.
O estudo mostra ainda que 85% dos usuários são brancos, grupo que compõe 53% da população total no Brasil. Os dados levantados indicam que 86% dos consumidores declarados de drogas têm entre 10 anos e 29 anos. Entre os pesquisados que se declararam usuários de drogas, 99% pertencem ao sexo masculino. O estudo mostra ainda que 30% dos usuários freqüentam a universidade, contra apenas 4% da população brasileira. A maioria dos usuários declarados de drogas, no entanto, freqüentam o Ensino Médio (54%). A pesquisa "O Estado da Juventude: drogas, prisões e acidentes", utilizou como instrumento a pesquisa mais atualizada de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o dado de quem se declara consumidor declarado de drogas deve ser interpretado como resultado da interação entre as despesas com drogas e a propensão a declará-la. O estudo da Fundação Getulio Vargas levou em conta quatro tipos de droga: maconha, cigarros de maconha, lança-perfume e cocaína.

2 comentários:

Adroaldo Bauer disse...

Wilson, teu caso comigo está mais para paixão enlouquecida de gente que saiu do armário ontem que para ódio verdadeiro. Eu te acho um ser humano ainda com possibilidades de recuperaçõa. Se te aliares a meus inimigos, entretanto, nos enfrentaremos na oportunidade exata. Aguarde, não tenha pressa.
Faz tranqüilo a tua carreira a cada dia.

Adroaldo Bauer disse...

Anonimato é figura triste.
De público e assinando, posso apenas repetir que me sustento desde os 14 anos.
Ainda não encontrei bota alguma digna de lamber, embora muitas já estiveram por longos anos sobre meu pescoço.
Varridos os torturadores para o lixo da história, retornam seus simpatizantes no anonimato fazendo, lacaios como sempre, a parte suja da história de nosso país.
(Ainda nosso, embora tenham vendido grande parte da água, da terra, do subsolo, do ar aos gringos de quem lambem, isso sim, as botas em modo de capachos que sempre foram...
Muito antes do poeta registrar, já sabíamos, os trabalhadores, que a burguesia fede)