30 setembro 2006

A essência da Democracia

Qual é a essência da democracia? Esta é a questão central, é a essência que move tudo, não o supérfluo ou o secundário. Resta saber qual é a essência, Tenho opinião sobre isso e jamais me furtaria de expressa-la.
O TSE, Tribunal Supremo Eleitoral é responsável pelas propagandas que estimulam os eleitores a votarem conscientes. Até aí, louvável atitude. Mas apareceu uma propaganda hoje que coloca um eleitor na frente de um computador e o texto desta propaganda é para ele não deixar que as mensagens do computador definam sua opinião sobre quem votar, dizendo, textualmente que é sua consciência que deve decidir.
Aparentemente tudo bem, a consciência de cada um é quem deve decidir sua ação. Mas a pergunta que não se cala é como chegamos à consciência? Ainda, em outras palavras, qual é a essência da democracia.
Há uma grande confusão sobre a essência da democracia. Quando falamos em democracia logo vem á mente o voto. Mas o voto é algo secundário na democracia, não fosse assim, estaríamos ainda em 1789, época da revolução francesa realizada pela burguesia da época que instituiu o voto como uma novidade fundamental. Não resta dúvida que foi. Mas não pode mais ser considerada a essência, pois, o que se colocou na ocasião é como chegamos à decisão de votar neste ou naquele. Esta é a questão essencial, não o voto. O voto é apenas um instrumento necessário e importante quando não encontramos o consenso.
Como chegamos ao Consenso? Não é magia, não é por acaso. A consciência é fruto da reflexão do indivíduo sobre sua prática, sobre as suas experiências, sobre sua vida. É a expressão do que ele viveu em seu mundo, a seu tempo. Logo, é a reflexão que ele faz sobre sua existência prática e sobre tudo que ele acumulou ao longo de sua existência. Isto inclui toda a influência que o meio proporcionou o que ele leu o que ele viveu, o que ele discutiu sobre qualquer assunto, incluindo aí a política.
Não é fora do mundo que um cidadão escolhe seu candidato, não fora do mundo e de seu tempo que ele decide votar neste ou naquele. Em outras palavras, é sob influência de opinião de milhares e milhões que ele decide isso ou aquilo.
Discutir sobre isso ou aquilo, ler a opinião de alguém que por sua vez é contra a opinião de outrem é que possibilita a reflexão sobre a sua prática, mediada pela reflexão, formar opinião sobre isso e aquilo e daí o voto.
Confuso? Até pode ser. Mas quero apenas dizer que o TSE não deve nunca acreditar que buscar influenciar alguém é algo contrário à Democracia, não fosse isso, como teríamos derrotado a ditadura militar, como teria havido o pluripartidarismo, como teria havido as diretas já? Por isto estou, no mínimo, ofendido em meus princípios com esta propaganda de última hora do TSE.
Quero poder influência o universo com minhas idéias e poder convencer as pessoas com as minhas posições ou ser convencido por elas. Meu direito é de relacionar-me com todos, por e-mail, no debate, na discussão, por escrito, enfim... Quando o consenso for impossível então que se utilize o instrumento secundário chamado voto.
A essência da democracia é o debate, a capacidade de convencer e ser convencido, o voto é um simples instrumento para obtenção de um resultado quando o consenso é impossível.
Erro crasso do TSE ou por falta de sabedoria e capacidade de elaboração!

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