Debate rebaixado

O lanche da tarde foi tenso. Ao entrar em uma lanchonete, em Maringaês – em Gauchês chama-se lancheria – um casal que conversava com o proprietário, ao ver minha estrela no peito, passaram a criticar e ofender LULA e o PT como se não houvesse ninguém no local. O tema era que mais uma vez o Presidente não sabia de nada no caso do Dossiê.
Pedi minha coca e tomei calmamente. Ambos estavam felizes por criticarem sem argumentos e por falarem sem nenhum compromisso com a verdade. Essa alegria não se interrompe. Ao contrário, fiquei feliz por proporcionar tanta alegria.
Aguardei ambos saírem e me dirigi ao proprietário para pagar a conta e passei a fazer perguntas, aparentemente, descabidas, ao proprietário.
- O Senhor fica o dia todo aqui?
- Sim, Senhor. Fico aqui todo o dia.
- A que distância o Senhor está das mesas de sua lanchonete?
- Daqui até ali, são menos de dois metros.
- O Senhor escuta o que as pessoas dizem ali?
- Não Senhor, não escuto.
- O Senhor sabe o que suas filhas fizeram hoje na escola?
- Não Senhor, não sei não.
- Mas como, o Senhor é o proprietário desta lanchonete e desconhece o que seus clientes dizem a menos de dois metros de distância? Pior, é pai de duas filhas e não sabe o que elas fizeram hoje na escola?
- Imagine o Presidente da República, será que ele consegue saber tudo o que acontece?
O proprietário parou, pensou e disse:
- O Senhor sabe que não havia pensado nisso. De fato, deve ser muito difícil saber o que se passa com seus assessores no país.
Vitória minha, o proprietário atinge muito mais pessoas do que dois analfabetos políticos que esbravejam sem argumentos nos bares da vida.
Assim são aqueles que se acham paladinos da justiça e não sabem o que acontece com seus filhos. Lamentável o nível da política do cidadania, pelo menos aqui em Maringá.