28 dezembro 2006

MENTIRAÇO DE YEDA 1

Por Chico Vicente*



É o primeiro MENTYEDA de um governo que, mesmo antes de assumir, demonstra que não tem caráter e desrespeita o povo gaúcho.

A sociedade gaúcha está estarrecida. Pelo menos a parcela ética, digna, que acredita na palavra dada, na palavra de fio de bigode. Yeda Crusius mentiu descaradamente. Mentiu e debochou do povo gaúcho ao enviar para a Assembléia Legislativa, um pacote que contém a manutenção do tarifaço de Rigotto, a elevação da carga tributária, o desestímulo à economia gaúcha e o congelamento de salários. Quando fazíamos o balanço eleitoral e dizíamos que havíamos alcançado uma vitória política, apesar da derrota eleitoral, afirmavámos que Yeda havia se elegido escondendo seu programa e que seu dilema, durante o governo, seria manter a mentira ou mentir de outro jeito, retomando seu programa neoliberal original. De qualquer modo sofreria desgaste e trairia - ou seus princípios ou sua palavra.

Não deu outra. Antes mesmo da posse, a verdade veio à tona com o I MENTYEDA. Triste é ver os neoliberais de araque, que bradavam na campanha eleitoral contra os aumentos dos impostos, agora, alinhados, quais cordeirinhos amansados, prontos para votar no primeiro MENTYEDA deste governo que não merece o respeito do povo. Causa asco ver Rogério Mendelski apoiar esta ignomínia e Diego Casagrande se calar, de forma covarde, perante este ataque ao bolso do povo gaúcho. Quem se cala nesta hora é cúmplice e faz política de rapina qual Yeda. Na verdade, vários "locutores" e "aparelhos" da grande mídia fazem parte de um sistema de patrulhamento ideológico da direita. O negócio deles é criticar, caluniar, difamar, injuriar e mentir contra a esquerda, mesmo nos seus acertos. Quando se trata de enfrentar suas parceirias da direita, bem isto é outro assunto. Aí eles arrumam desculpas e apóiam ou se calam, mesmo quando a direita mente, rouba ou aumenta impostos.

O MENTIRAÇO da Yeda tem sérios problemas de método e de conteúdo. Significa um retrocesso à política praticada aqui nos pagos. Ele reintroduz velhos mecanismos da política, muito utilizado em outros estados da federação, especialmente em São Paulo. Por exemplo, em relação ao método, Yeda construiu um pacote, ao estilo do que faziam os governos militares, negando sua feitura. O pacote foi costurado por alguns burocratas. Nem mesmo o vice-governador eleito, Paulo Feijó, neoliberal convicto, sabia do pacote e tem se comportado como um verdadeiro líder da oposição, dizendo que "o pacote é um desastre para a economia gaúcha" e que muitas empresas irão embora do Rio Grande por causa dele. Segundo problema de método, ou melhor, de caráter, Yeda prometeu não aumentar impostose criticou o tarifaço de Rigotto. Está mantendo o tarifaço e aumentando impostos. Mentiu em dose dupla.

Em relação ao conteúdo, o desastre é pior porque o pacote, além de manter o tarifaço de Rigotto e aumentar impostos, reduz recursos dos setores produtivos e congela os salários por dois anos. A economia gaúcha apresenta resultados negativos há dezenove meses. Estas medidas equivocadas irão aprofundar ainda mais a crise financeira do Estado e a crise da economia gaúcha porque redirecionará investimentos e retirará capacidade de investimentos do setor produtivo. O PT convoca toda sua militância para derrotar o I MENTYEDA e denunciar ao povo gaúcho e brasileiro o caráter traiçoeiro e estelionatário deste governo neoliberal que, fiquem atentos, também prometeu não privatizar as estatais que Britto** não conseguiu vender.
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* Presidente do PT de Porto Alegre
** Antônio Britto, ex-repórter da TV Globo, urubu porta voz da morte de Tancredo Neves, ex-ministro da Previdência, envolvido em escândalos de desvio de recursos públicos que deram em pizza, ex-governador do Rio Grande do Sul, que privatizou as companhias públicas de telefones e energia eletrética e fechou a Caixa Econômica Estadual, hoje presidente do conselho da exportadora de calçados Azaléa, que levou fábricas para o Ceará, atrás de mão-de-obra barata e desempregou milhares de operários em São Sebastião do Caí, no RS.

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