Em meados da década de 70 do século XX, a esquerda brasileira renunciou a uma estratégia de luta armada depois de sofrermos uma derrota incontestável na região do Araguaia onde hoje é o Estado de Tocantins.
Mudei a pessoa do tempo verbal porque mesmo aos 15 anos me sentia já um herdeiro dos sonhos, dos erros e acertos daquilo que convencionamos chamar esquerda brasileira.
Na virada da década de 70 a estratégia estava centrada na luta popular, na capacidade que a população civil tinha de reivindicar seus direitos de forma aberta, não nas matas, mas armados da força coletiva, com instrumentos como a greve, movidas pela força das massas excluídas dos direitos, dos salários, dos empregos. Nas cidades que ruíam em favelas, abrigava-se a massa de não assalariados, o tal exército desarmado chamado de "INDUSTRIAL DE RESERVA" que pressionava os salários para baixo.
Saímos de uma visão de guerrilha – o foquismo – para uma visão de crescente disputa social e política, de enfrentamento aberto, mas sem armas. Uma nova visão embasava a esquerda: não há transformação sem um nível mais alto de consciência das massas. Essa consciência não chegaria pela forças das armas de valorosos 69 sonhadores e voluntariosos guerrilheiros. Ela só viria do interior de cada indivíduo em movimento de luta coorporativa ou não, desvelando os verdadeiros inimigos do povo – um grato aprendizado com Paulo Freire - e apoiados pelos seus intelectuais orgânicos. Nesse período não bastava fazer Greve ou ser parte das Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s), o desejo de ser governo para decidir e inverter prioridades tomava conta dos humildes operários.
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