20 novembro 2006

A Entrevista da Prenda Paulista

O Rio Grande resolveu
Mudar a história nativista
Por uma atitude ousada,
Moderna e não bairrista
O gaúcho do nosso Estado
Será agora governado
Por uma prenda paulista.

Senhora de muitas letras
Nas academias de além-mares
Dizendo encarnar o “novo”
Modernos projetos e olhares
Foi demonstrar sua competência
Sobre as coisas da Querência
No programa do Jô Soares.

Com estardalhaço e expectativa
Anunciou-se a apresentação
Pessoas e até divindades
Tomaram-se de empolgação
Até São Pedro nesse dia
Ao lado do Teixeirinha
Assistiu televisão.

Jô Soares muito esperto
Foi se fazendo de bacana
E na conversa foi levando
A professora tucana
Sobre os usos da querência
Foi testando a sapiência
Da estudada paulistana.

E a paisana foi se soltando
Com grande desenvoltura
Com ares de sabe-tudo
Da nossa história e cultura
Até São Pedro padroeiro
E Teixeirinha seu parceiro
Sorriam lá das alturas.

Logo à primeira pergunta
A mestra se atrapalha
Comprometendo o seu saber
Qual fogo em paiol de palha
Como bugalho e pimenta
Confundiu abajur e vestimenta
Ao definir a pantalha.

A sábia prenda paulistana
Sobre o Teixeirinha esclarecia
A homenageá-lo em Passo Fundo
Muitas estátuas havia
Pra quem conhece a cidade
Sabe que não é verdade:
Só há uma e não deu cria.

Veio a gafe mais cruel
Da sábia prenda “atucanada”
Chamou “churrasco de mãe”
Sua música mais consagrada
- Um deboche paulistano
Sem graça e sem tutano
Pra gozar com a gauchada.

Teixeirinha lá no céu
Decerto que não gostou
Quando a viu cantarolar
Palavras que não criou
Mas neste pago adorado
Seu filho por ser educado
A paulistana perdoou.

A prenda paulista ensinava
Com grande convicção
Caprichando nos detalhes
Pra mostrar erudição
Que aqui, no Sul, é o pãozinho
Conhecido por cacetinho
Por cacete e cacetão.

Tudo depende do gosto
E da precisão do vivente
Detalhava a prenda paulista
À vontade e eloqüente
E São Pedro, que é recatado,
Constrangido e contrariado,
De vergonha se fez silente.

Jô Soares insaciável
Ainda não estava contente
Indagou da prenda paulista
Seus planos daqui pra frente
Ela revelou confiante
Que sua meta mais distante
É se tornar presidente.

São Pedro chamou o Brizola
- Gaúcho viajado e probo
Que foi opinando firme:
“Ninguém me tira pra bobo”...
Apontou pro Roberto Marinho
Tem cascavel nesse ninho
É coisa da Rede Globo!”.

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ZV – 10/11/06
(O fato: entrevista da Governadora eleita, Yeda Crusius. ao programa do Jô Soares, dia 7/11/06, ver reportagem ZH-8/11/06, pág. 5)

(*) Zé Valdir é professor, militante social, acadêmico de direito e poeta popular, em Porto Alegre.


Minhas sinceras homenagens aos tetra campeões do futebol brasileiro, atuais campeões mundiais, o Tricolor do Morumbi

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